domingo, 26 de março de 2023

SETENTA E QUATRO inclui o gélido e criminoso Estado Novo do fascista Salazar, e mais

Olá,

A pobreza energética é um verdadeiro flagelo em Portugal. As casas climatizadas são uma grande minoria no país e poucas são as pessoas que não têm de usar casacos, gorros e mantas dentro de casa. No inverno, o frio é de gelar os ossos e, no verão, o calor tórrido torna-se sufocante. Calcula-se que haja entre 660 a 680 mil pessoas em situação de pobreza energética, mas o número pode ser bem maior: dois milhões.

“Se transformarmos os números em experiências vividas, a situação é bem mais dramática”, disse João Pedro Gouveia, investigador na Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa. “Há pessoas com problemas e dificuldades em gastar dinheiro para aquecer o quarto onde dormem os filhos pequenos”, denunciou o investigador em entrevista à Ana Patrícia Silva.

A cultura de desvalorização, a ineficácia das medidas governamentais e a débil comunicação sobre elas são os principais factores que contribuem para que esta situação continue de ano para ano. Os países do Sul da Europa, como Portugal, têm taxas de excesso de mortalidade no inverno consideravelmente superiores a países nórdicos como a Finlândia e a Suécia.

Salazar com pulhas cúmplices e a saudação nazi
Costuma fazer muito frio em Santa Comba Dão, mas não é por isso que falamos da cidade esta semana. A autarquia decidiu avançar com o Centro Interpretativo e Museu do Estado Novo, apesar da condenação da iniciativa pela Assembleia da República. Porquê um museu sobre o Estado Novo na terra onde Salazar nasceu? A Câmara diz que é para salientar “as virtudes da democracia”, mas Luís Monteiro discorda: é uma homenagem encapotada ao líder de uma ditadura fascista. “O país de Abril tem orgulho dos seus resistentes ao Fascismo”, e é a eles que deve prestar homenagem.

Uma das pessoas que se lembra bem dos tempos do “antigamente é que era bom”, como os defensores de Salazar gostam de dizer, é o historiador Rui Bebiano. Em 1973 protestou contra a guerra colonial, foi preso e interrogado pela PIDE/DGS e incorporado à força nas Forças Armadas. Desertou depois do 25 de Abril de 1974, mas regressou às fileiras para ir para Angola ver a descolonização acontecer em primeira mão. Viveu de perto o início da guerra civil angolana e neste ensaio conta a sua experiência com um olhar tanto de historiador como de testemunha.

Por fim, temos a crónica de Diogo Faro, na qual critica quem relativiza a violência policial contra jornalistas e manifestantes nas ruas de Paris, e a crónica de Vicente Ferreira pelos Ladrões de Bicicletas. O economista realça que o Banco Central Europeu e o Fundo Monetário Internacional concordam que a inflação não se deve aos aumentos salariais, mas às cada vez maiores margens de lucro das empresas. Como podem reagir os trabalhadores?

Boas leituras e bom fim de semana,

Ricardo -- Setenta e Quatro

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