domingo, 4 de junho de 2023

O CRESCENTE CUSTO DA GUERRA SOBRE OS NOSSOS OMBROS

Manlio Dinucci*

Por enquanto, a guerra ucraniana ainda não se transformou em Terceira Guerra Mundial. Os Ocidentais limitam-se a pagar o conflito sem o sofrer em suas próprias casas. No entanto o custo desta guerra não cessa de aumentar.

O giro europeu à Itália, Alemanha, França e Grã-Bretanha, Zelensky recolheu outros milhares de milhão (bilhões-br) de euros e libras em ajuda militar. Mas isso não é suficiente. Agora ele anuncia que em breve uma coligação (coalizão-br) de países europeus fornecerá a Kiev caças-bombardeiros para uso contra a Rússia. Entre eles, poderiam estar os Tornados italianos com capacidade de ataque, mesmo nuclear, voando a baixíssimas altitudes para escapar aos radares inimigos. A Itália é agora um país beligerante: um grande exercício de «reação rápida» da OTAN acaba de acontecer na Sardenha com a participação de mais de 2.000 soldados da Alemanha, Bélgica, Holanda, Noruega e Letónia. Como país anfitrião, a Itália, forneceu também apoio logístico. Este exercício de guerra, no entanto, não ocorreu sob o comando italiano, mas sob o comando norte-americano.

Tudo isso leva a uma crescente despesa militar. A da Europa cresceu em 2022 13% em relação ao ano anterior, registando o maior aumento em 30 anos a esta parte. A despesa militar anual da Itália subiu, em 2022, a mais de € 30 mil milhões de euros, ou seja, uma média de mais de € 80 milhões de euros por dia. Segundo o compromisso com a OTAN, a Itália deve levar a sua despesa militar a uma média de mais de 100 milhões de euros por dia. Esta crescente sangria de dinheiro público para financiar a guerra agrava a situação da grande maioria da população. O custo de vida cresceu mais de 8% num ano, sobretudo devido ao aumento dos preços energéticos provocado pela estratégia OTAN-UE de bloquear o fornecimento de energia russa aos países da União Europeia.

Turquia | A VITÓRIA DE ERDOGAN E SEUS IMPACTOS

Reeleito com apoio da ultradireita, o presidente turco enfrentará mais pressão do Ocidente. Crítico da Otan, ele tenta equilibrar apoio a Moscou sem fechar portas à Europa. Diante da guerra sem fim, será ainda mais estratégico na política euroasiática

Bruno Beaklini, no Sul21 | em Outras Palavras | # Publicado em português do Brasil

No pleito finalizado domingo, 28 de maio de 2023, o presidente e ex-premiê da Turquia Recep Tayyip Erdogan foi reeleito em um segundo turno muito apertado. O mais poderoso político turco após Kamal Ataturk (o herói de Galípolo e pai fundador do país), lidera o AKP (Partido da Justiça e do Desenvolvimento) se mantém em Ankara e não permite a retomada da coalizão liderada pelo kemalismo civil. O candidato derrotado, Kemal Kilicdaroglu, à frente do CHP (Partido Republicano do Povo, a legenda secular da elite de Istambul), comanda a Aliança Nacional, uma frente com outras seis legendas, incluindo um racha do AKP. 

O discurso do derrotado passava pelo elogio e defesa dos hábitos da cultura moderna turca, buscava os votos mais nacionalistas (incluindo os mais extremados), mas não alcança este objetivo. O terceiro colocado no primeiro turno, Sinan Ogan à frente da Aliança Ancestral (ATA), compunha – em primeiro turno – basicamente o mesmo espectro da direita coligada com Erdogan. A diferença seria sua propensão a recuperar o parlamentarismo. No segundo turno, Ogan e as lideranças políticas com ele alinhadas, fecharam apoio ao candidato da Aliança do Povo (Erdogan), garantindo assim uma folga maior tanto no segundo. Entre 14 de maio e 28 de maio, o atual presidente ampliou em 3 milhões de votos a diferença e das 600 vagas no parlamento, a coligação governista atingiu a 323 cadeiras, sem necessitar de outros apoios para governar com maioria.

Um 'caso de amor russo': por que a África do Sul permanece 'neutra' na guerra

A posição pública de neutralidade da África do Sul na guerra Rússia-Ucrânia tem estado em desacordo com sua relação de décadas com Moscou. Porquê?

Crystal Orderson | Al Jazeera | # Traduzido em português do Brasil

Cidade do Cabo, África do Sul – Em abril, uma delegação de altos funcionários do Congresso Nacional Africano (ANC), no poder na África do Sul, realizou o que o partido disse ser um convite de "um aliado de longa data", o partido no poder na Rússia. Ele viajou a Moscou para discutir o que o ANC disse ser a "recalibragem da ordem global". Entre a delegação estava o vice-ministro das Relações Exteriores, Alvin Botes.

Este mês, o chefe do exército, Lawrence Mbatha, também esteve em Moscou a convite de Oleg Salyukov, comandante-em-chefe das forças terrestres russas, que descreveu a visita como uma "visita de boa vontade". O ministro da Segurança do Estado, Khumbudzo Ntshavheni, também visitará a Rússia em alguns dias, antes do presidente Cyril Ramaphosa, como parte de uma missão de paz de líderes africanos à Rússia e à Ucrânia.

A enxurrada de visitas de alto nível ocorreu mesmo quando a África do Sul insiste publicamente que é neutra na guerra entre Rússia e Ucrânia, apesar dos laços de longa data com Moscou.

E agora, antes da cúpula dos Brics de Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, em agosto, a extensão dessa neutralidade será colocada à prova.

Em março, o Tribunal Penal Internacional (TPI) emitiu um mandado de prisão contra o presidente russo, Vladimir Putin, por deportações forçadas de crianças da Ucrânia para a Rússia.

A África do Sul, signatária do TPI, está mandatada para executar o mandado se Putin pisar no país. O líder russo indicou que realmente comparecerá, preparando o cenário para um dramático dilema diplomático.

De fato, Pretória disse que está avaliando suas opções legais, incluindo imunidade para funcionários visitantes.

"Vamos explorar várias opções em relação a como o Estatuto de Roma [tratado fundador do TPI] foi domesticado em nosso país, incluindo a opção de considerar a extensão da imunidade diplomática habitual aos chefes de Estado visitantes em nosso país", disse Lamola ao Parlamento em 2 de maio.

O ex-presidente sul-africano Thabo Mbeki já disse que é improvável que Putin seja preso, ecoando sentimentos dentro do partido no poder. Em abril, Ramaphosa disse que o país estava considerando se retirar do TPI; Horas depois, seu gabinete negou, dizendo que a postura surgiu de um erro de comunicação.

Em 2015, a África do Sul não conseguiu prender o então líder sudanês Omar al-Bashir, que também foi alvo de um mandado do TPI. Mas, desta vez, as coisas são ligeiramente diferentes por causa do que pode parecer ser uma relação inescrutável entre Pretória e Moscou.

Número de mortos aumenta à medida que os distúrbios aumentam no Senegal

Segundo as autoridades, o número de mortos em confrontos entre a polícia e apoiantes da oposição subiu para 15.

Al Jazeera | * Traduzido em português do Brasil

O número de mortos na violência no Senegal subiu para 15, enquanto apoiadores do líder opositor condenado Ousmane Sonko e a polícia continuavam a entrar em confronto, informou o governo neste sábado.

Embora o Dakar estivesse mais calmo no sábado, os confrontos continuaram durante a noite. Em bairros residenciais, manifestantes atiraram pedras contra a polícia, barricaram estradas e queimaram pneus. O Exército patrulhava as ruas enquanto a polícia disparava gás lacrimogêneo contra os manifestantes, inspecionando e detendo pessoas consideradas causadoras de problemas.

Os confrontos começaram na quinta-feira, depois que Sonko foi condenado por corromper jovens, mas absolvido das acusações de estuprar uma mulher que trabalhava em uma casa de massagem e fazer ameaças de morte contra ela. Sonko, que não compareceu ao julgamento em Dakar, foi condenado a dois anos de prisão. Seu advogado disse que um mandado de prisão ainda não foi expedido.

Sonko ficou em terceiro lugar nas eleições presidenciais de 2019 no Senegal e é popular entre os jovens do país. Seus apoiadores afirmam que seus problemas legais fazem parte de um esforço do governo para inviabilizar sua candidatura nas eleições presidenciais de 2024.

Sonko é considerado o principal concorrente do presidente Macky Sall e pediu a Sall que declarasse publicamente que não buscará um terceiro mandato.

A comunidade internacional pediu ao governo do Senegal que resolva as tensões.

Guiné-Bissau - eleições | Guineenses votam para a mudança nas sétimas legislativas

Os guineenses responderam hoje aos apelos ao voto e às primeiras horas da manhã já dezenas de cidadãos faziam filas para votar e escolher entre 20 partidos e duas coligações candidatos às legislativas da Guiné-Bissau.

Às 06:40 locais (07:40 em Lisboa), as principais mesas de voto do centro da cidade de Bissau, capital do país, ultimavam os preparativos, visionados pelos observadores eleitorais, e os guineenses faziam fila ou marcavam o seu lugar na fila com pedras para votar.

"Acho que é um ato que cada um de nós guineenses devemos praticar para ver se mudamos esta tempestade que até agora a Guiné-Bissau ainda não ultrapassou. Talvez desta vez cheguemos a um bom porto. É o meu desejo, porque a Guiné precisa", disse o cineasta guineense Flora Gomes, após ser um dos primeiros a exercer o seu direito de voto.

"Devemos votar, cada qual vota em quem se sentir representado. Acho que isso tem de ser mesmo assim, caso contrário não é democracia, e que se respeite o resultado do povo, isso é que é democracia", salientou Flora Gomes.

Já Hipólito Mendes, antigo presidente da Federação de Futebol da Guiné-Bissau, destacou a importância do voto, porque o "país não está bem".

"O país foi convocado para mais umas eleições e o país não está bem, não é segredo para ninguém, facto pelo qual todos os guineenses devem hoje exercer o direito de voto", afirmou Hipólito Mendes.

Para o antigo presidente da Federação de Futebol guineense, voto de hoje "é que vai fazer a justiça".

"Para tal eu convido todos os meus concidadãos a sair em massa para votarmos porque foram quatro anos de muita maldade, já chega", disse Hipólito Mendes.

Sãozinha Ié, que também exerceu o seu direito de voto muito cedo, pediu aos guineenses para votarem com responsabilidade "rumo ao desenvolvimento" da Guiné-Bissau.

Perto de 900 mil eleitores guineenses escolhem hoje os novos deputados e o partido que vai formar o Governo entre 20 partidos e duas coligações, nas sétimas legislativas desde a abertura ao multipartidarismo.

As urnas abriram às 07:00 locais (08:00 em Lisboa) e encerram às 17:00 (18:00 em Lisboa) e haverá 3.524 mesas de voto, no país e na diáspora.

As eleições estão a ser acompanhadas por cerca de 200 observadores internacionais, incluindo da Comunidade Económica de Estados da África Ocidental (CEDEAO), liderada pelo ex-presidente cabo-verdiano Jorge Carlos Fonseca, da União Africana, chefiado pelo ex-presidente moçambicano Joaquim Chissano, e da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), chefiada pelo ex-vice-ministro dos Negócios Estrangeiros timorense Alberto Carlos.

Sapo | Lusa

Angola | REFUGIADOS DOS EUA ESTÃO A CAMINHO – Artur Queiroz

Artur Queiroz*, Luanda

O Jornalismo Angolano obedece à Constituição da República, Lei de Imprensa e outra legislação específica do sector, como a Lei sobre a Actividade de Televisão, Lei sobre a Actividade de Radiodifusão ou a Lei sobre o Estatuto do Jornalista. Mas também pela auto regulação. 

Aos jornalistas é exigido que cumpram as leis e os códigos de conduta. Se não o fazem são penalizados pelas autoridades competentes mas também pelos patrões. Se as instituições da classe se demitem das suas responsabilidades é outra matéria que apenas diz respeito aos profissionais. Meter o exercício da actividade jornalística na caldeirada que a UNITA está a preparar sob a capa de “lei dos direitos da oposição” é delírio alcoólico ou efeitos de drogas ainda mais pesadas.  

Basta de aldrabices ou cândidos enganos de alma. Não distraiam os jornalistas dos problemas que efectivamente põem em causa a sua actividade quotidiana nas Redacções. O problema do Jornalismo Angolano não é a falta de leis. Não é a falta de auto regulação. Não é a existência de um sector empresarial do Estado. É a falta de condições para o exercício da profissão, com dignidade. 

O problema das e dos jornalistas angolanos está nos salários rastejantes. No baixo nível profissional que arrasta todos para uma vulnerabilidade gritante face às chefias e direcções. Na falta de formação permanente. Na ausência de escolas nas Redacções onde se pratica a formação em exercício, porque rareiam as e os jornalistas seniores com bases profissionais sólidas. Nos cursos superiores que só servem para sacar dinheiro aos alunos. 

A Rádio Nacional de Angola tinha um gabinete de formação permanente. Os profissionais tinham ao seu dispor um manual de radiojornalismo. Um livro de estilo. Tudo desapareceu na voragem dos anos. O manual e o livro de estilo estão a ser pasto do salalé. O gabinete de formação desapareceu quando desapareceu Agostinho Vieira Lopes. Esta é a crua realidade.

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