tag:blogger.com,1999:blog-5694952849861627601.post3781360052009552347..comments2024-02-24T08:43:10.890+00:00Comments on PÁGINA GLOBAL: Portugal | PASSADO COLONIAL: “NÃO SABEMOS O LADO VERDADEIRO DA NOSSA HISTÓRIA”Página Globalhttp://www.blogger.com/profile/04714474571529923280noreply@blogger.comBlogger1125tag:blogger.com,1999:blog-5694952849861627601.post-4278121260782589342017-05-30T18:56:29.690+01:002017-05-30T18:56:29.690+01:00COLONIALISMO PORTUGUÊS
ZWELA – O KIDI (falar verd...<br />COLONIALISMO PORTUGUÊS <br />ZWELA – O KIDI (falar verdade)<br />Tinha 36 anos em 25 de Abril de 1974 e vivia em Luanda desde 1960. Tive a felicidade de como desportista me ter ligado ao Clube Atlético de Luanda, colectividade muito marcada politicamente pelas autoridades coloniais, a quem a PIDE chamava de “Clube dos Terroristas”. Era um clube de caracteristicas eminentemente africanas onde o sentimento nacionalista era evidente; eu era de origem europeia e como tinha consciência desse particular, nunca tive a veleidade de "interferir" no pensamento generalizado dos meus camaradas da prática desportiva, porque sempre pensei que poderia ser mal interpretado, ou por outras palavras, ser posta em dúvida a minha presença no Clube, como possível "infiltrado" da polícia política. Somente depois de 1966, "adquiri" o estatuto de "igual" e passei a intervir politicamente. Mas eu não deixei de ser de pigmentação clara e isso trazia-me a animosidade da generalidade da comunidade europeia que não aceitava que um "branco" estivesse num Clube de "pretos", como eles chamavam ao Atlético. Vivi e trabalhei em paridade com a gente da terra, e desde a primeira hora compreendi asmanobras discriminatórias de que eram alvo os “Filhos da Terra”. <br /> Compreendo as dificuldades que ainda hoje, os jovens portugueses e naturais das ex-colónias, sentem em compreender o problema do racismo, que havia. Fui testemunha de como os "filhos da terra" eram explorados, e muitas vezes a crueldade no seu tratamento, nada tinha de humano. À pergunta se de facto havia racismo, não tenho dúvidas em responder de que havia.<br />I - a legislação dos ACTO COLONIAL e ESTATUTO DO INDÌGENA, não dava (bem pelo contrário limitava), aos indígenas o mesmo estatuto de que beneficiava qualquer europeu, mesmo que analfabeto.<br />II - Os "filhos da Terra" no campo profissional e social, eram descaradamente discriminados, quer em vencimento quer noutras condições. Os concursos públicos para vagas no “Estado” não passavam de uma farsa e só melhoraram depois de 1961.<br />III - A polícia política (PIDE), também a nível racial fazia a sua discriminação; veja-se por exemplo o célebre "Processo dos cinquenta", onde muitos foram para o Tarrafal e outros, porque eram europeus foram cumprir as penas a Portugal. <br />IV – As queixas policiais de um qualquer indivíduo, tenham encaminhamento diferenciado, de acordo com a cor da pele.<br />V - As condições de habitação da esmagadora maioria dos "Filhos da Terra", eram degradantes. Somente no que refere aos “Servidores” do Estado”, havia alguma paridade. <br />VI - No campo desportivo havia alguma "abertura", no entanto havia clubes em Angola onde a maioria dos atletas era de origem europeia, para além dos seus dirigentes serem quase sempre de origem europeia; o mesmo acontecia nos organismos dirigentes, no jornalismo, etc.<br />VII - Os serviços de Saúde e Educação, somente depois de 1961, receberam alguma "abertura", no entanto sempre sob o “estatuto” da discriminação.<br />VIII – Mesmo depois de 1961, o acesso a bolsas de estudo era de isenção duvidosa e os “Filhos da Terra” recorriam ao apoio das missões católicas e evangélicas (mais estas do que aquelas), para conseguirem tirar os seus cursos superiores no exterior.<br />IX – Nos transportes, salas de espectáculos, cafés, restaurantes etc., era visível a discriminação racial.<br />X – Houve europeus que sempre se revoltaram contra o racismo, mas infelizmente, não eram em número que permitisse as transformações necessárias. Felizmente tive o privilégio de ter convivido com muitos deles.<br /> Era esta a realidade social nas colónias portuguesas, embora ainda haja quem tente glorificar as “virtudes” do colonialismo português.<br /><br />Henrique Motahttps://www.blogger.com/profile/13095611441902229401noreply@blogger.com