domingo, 18 de setembro de 2011

Alemanha: PARTIDO DE MERKEL ENFRENTA DERROTA NA ELEIÇÃO DE BERLIM




DEUTSCHE WELLE

Numa eleição que parece ser mais um golpe para a coalizão de governo de Angela Merkel, o prefeito social-democrata deverá ser reeleito, enquanto o Partido Pirata consegue pela primeira vez vaga em Parlamento estadual.

Os primeiros prognósticos das eleições estaduais de Berlim apontam para mais uma derrota da União Democrata Cristã (CDU), partido da premiê alemã, Angela Merkel, numa série de perdas de eleições regionais no país.

Segundo as projeções das emissoras públicas alemãs ARD e ZDF, divulgadas logo após o encerramento das urnas, neste domingo (18/09), o partido de Merkel ganharia somente de 23% a 23,5% dos votos – atrás dos rivais do Partido Social Democrata (SPD), de centro-esquerda, que conseguiram angariar de 28,5% a 29,5% da preferência dos eleitores, segundo os prognósticos.

Isso significa que a CDU de Merkel perdeu ou deixou de ganhar o poder em seis das sete eleições regionais realizadas neste ano.

Perda liberal

Merkel enfrenta ainda mais uma má notícia: segundo os prognósticos, seu parceiro na coalizão, o Partido Liberal, falhou em angariar os 5% dos votos necessários para garantir a representação no Parlamento estadual.

A popularidade do partido caiu de 7,6% dos votos, na eleição de 2006, para cerca de 2%, de acordo com os atuais prognósticos da eleição em Berlim. Os liberais, todavia, estavam esperando por uma recuperação eleitoral após o endurecimento de seus ataques aos planos de resgate europeu para a Grécia.

Esta deverá ser a quinta vez, neste ano, que os liberais não conseguem os votos necessários, em eleições regionais, para se manter representados em Parlamentos estaduais na Alemanha.

De olho na reeleição

Juntamente com o atual prefeito de Berlim, Klaus Wowereit, o SPD deverá manter-se à frente do governo da capital, que também é um dos 16 estados da Alemanha.

Já era esperado que Wowereit fosse eleito para um terceiro mandato, depois de ganhar vantagem sobre seus rivais mais próximos, os Verdes, numa cidade onde as inclinações políticas são amplamente à esquerda do resto da Alemanha.

Segundo as projeções, Wowereit, que se tornou o primeiro líder assumidamente gay de um Estado alemão, em 2001, deverá granjear cerca de 29% dos votos, bem abaixo da pontuação de 30,8% na última eleição, em 2006.

Piratas à vista

Os primeiros resultados apontam que outro partido de esquerda, o Partido Pirata, pode levar uma parte significativa dos votos e ganhar, pela primeira vez, um assento no Parlamento estadual.

O partido que começou na Suécia há cinco anos defende a reforma de direitos autorais, a internet sem fio gratuita e para todos e maior privacidade online. Segundo as primeiras projeções, o Partido Pirata conseguiu ganhar de 8,5% a 9% dos votos da capital alemã.

Os piratas têm ampliado a sua agenda para incluir questões como o estabelecimento de um salário-mínimo, a extinção do imposto eclesiástico e o acesso ilimitado aos transportes públicos financiados por impostos. O partido é tido como uma nova alternativa para a política tradicional, uma posição antes ocupada pelos Verdes, que agora são vistos como parte do establishment.

"Com sua campanha relaxada, os piratas estão em sintonia com o ritmo de Berlim", disse Holger Liljeberg, do instituto de opinião Info, à agência de notícias Reuters. "Eles têm seu foco no liberalismo amplo, liberdade e autodeterminação". "E você acha amigos da tecnologia com mais frequência nas grandes cidades do que no campo, e acima de tudo em Berlim", acresceu.

Os Verdes, cuja popularidade cresceu após o desastre nuclear de Fukushima no Japão no início deste ano, conseguiram, segundo as projeções, angariar de 18% a 18,5% dos votos da eleição em Berlim este ano. Há cinco anos, o partido obteve somente 13,1% dos votos da cidade-estado.

Aumento dos aluguéis e ataques incendiários

Na capital alemã, a campanha eleitoral foi dominada pelo aumento dos aluguéis, naquela que foi uma das capitais mais acessíveis da Europa, tornando-se um paraíso para os turistas e artistas jovens.

A cidade, que foi dividida por 28 anos pelo Muro, tornou-se um lugar de grandes contrastes. Enquanto o influxo de novos residentes abastados tem enfeitado alguns bairros, a taxa de desemprego da cidade permanece em 13% contra 7% da média do país.

A população da cidade também tem uma grande porcentagem de imigrantes – cerca de 13,5% – com diferentes graus de integração, incluindo a maior população turca fora da Turquia.

A onda de ataques noturnos aparentemente aleatórios, que provocaram o incêndio de carros em Berlim, também fornecera à CDU uma oportunidade de atacar os esforços de Wowereit para combater o crime. Na última eleição estadual de Berlim, em 2006, o partido de Merkel chegou a 21,3% dos votos, contra os cerca de 23% na eleição deste ano.

Vitória convincente

Conhecido por seu apelo popular e sotaque bastante berlinense, Wowereit governou em aliança com o partido A Esquerda durante dez anos, mas poderá agora procurar uma coligação com os Verdes ou até mesmo com a CDU. Segundo as projeções, A Esquerda obteve somente 11,5% dos votos, contra 13,4% na última eleição.

A vitória convincente poderá impulsionar as credenciais de Wowereit dentro do SPD e até mesmo torná-lo um concorrente para o candidato do SPD para o governo da Alemanha, em 2013. O ex-ministro das Finanças, Peer Steinbrück, é atualmente o candidato favorito.

A participação eleitoral (59%) nas atuais eleições estaduais em Berlim superou o pleito de 2006 (58%). No total, cerca de 2,47 milhões de berlinenses estiveram aptos a votar em 2011.

CA/dpa/afp/rtr

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