domingo, 10 de março de 2013

Angola: CONTRIBUIÇÃO DA MULHER




José Ribeiro – Jornal de Angola, opinião

Pátria e Liberdade são palavras femininas e no vocabulário da democracia angolana representam valores primordiais e inspiração das sucessivas gerações que ao longo dos séculos recusaram a submissão. A bem amada Mátria Angolana está projectada em todas as mulheres que sofreram, lutaram, venceram e inscreveram os seus nomes na eternidade. A Mulher Angolana é mais do que um exemplo de luta, sacrifícios até aos limites da força humana, fonte da vida e da esperança. As mulheres são acima de tudo bandeiras de paz e reconciliação.

As mulheres angolanas sabem donde lhes vem a força, a coragem e a dignidade. São elas que renovam as gerações, constroem futuros e dão expressão à liberdade. Para desempenhar responsavelmente o seu papel social e histórico, precisam de ser mais corajosas do que os outros actores sociais, mais fortes do que todos. E assim constroem a dignidade que as catapultou para a primeira linha do desenvolvimento sustentado que hoje construímos a pulso, na mesma medida em que no passado apoiaram estoicamente a luta pela Independência Nacional.

A Mulher Angolana soube sempre qual o seu papel na construção de uma pátria livre e democrática. Milhões de heroínas anónimas foram capazes de resistir à frustração, ao medo e ao desânimo, quando forças estrangeiras ditavam as leis e submetiam todo um povo. Em cada lar angolano, das cubatas mais humildes às casas dos subúrbios das grandes cidades, havia sempre a presença forte da mulher, ao mesmo tempo companheira, mãe, trabalhadora incansável para garantir o sustento dos filhos e em muitos casos, sobretudo depois de 1961, a sua educação básica, média e superior.

Mulheres que nunca foram à escola faziam das tripas coração para que os seus filhos fossem instruídos. Tinha eclodido a Luta Armada de Libertação Nacional e elas sabiam que o processo era imparável. No dia da liberdade, todos os filhos de Angola eram necessários para dirigir o país e para o fazerem com competência tinham que estudar.

Quando chegou a hora da Independência Nacional, Angola tinha poucas mulheres alfabetizadas. Mas todas as mães tinham em casa, com orgulho, os diplomas dos seus filhos, conseguido a ferros ao longo dos anos.

Este contributo da Mulher Angolana foi inestimável para a Angola que nasceu em 11 de Novembro de 1975. Mas além do seu papel social, muitas mulheres pegaram em armas para lutar pela liberdade e muitas deram as suas vidas pela causa da Independência.

Neste quadro, nunca foi necessário impor quotas para a promoção do género. Na direcção política e militar da luta de libertação sempre estiveram mulheres que se impuseram pelo seu mérito, coragem, responsabilidade e sabedoria. Na Angola independente sempre existiram mulheres nos mais altos cargos do aparelho de Estado. E à medida em que maior número de mulheres chegou às escolas e fez uma carreira académica, aumentou, de ano para ano, o número de deputadas, magistradas, ministras, governadoras, secretárias de Estado, embaixadoras, professoras, técnicas de saúde, militares, operárias especializadas.

Os angolanos têm orgulho na democracia que estão a construir e onde a Mulher tem um papel decisivo. Estamos na vanguarda dos países com mais mulheres em lugares de decisão no aparelho de Estado, mas também na gestão de empresas e no papel relevantíssimo de empresárias. Algumas mulheres angolanas, numa década, atingiram expressão mundial na economia e nos negócios.

Face a esta realidade foi sem surpresa que a Assembleia Nacional aprovou a Lei Contra a Violência Doméstica. Hoje temos um país inteiro empenhado na luta contra a violência no lar que atinge, sobretudo, crianças e mulheres. Há uma mobilização nacional e um movimento cada vez mais forte para que a Mulher Angolana que não foi à escola na altura própria aproveite as inúmeras ofertas de alfabetização, de Norte a Sul do país. As nossas escolas médias e superiores têm hoje mais alunas do que alunos. E o número de licenciados segue a mesma tendência. Há cada vez mais mulheres licenciadas no mercado de trabalho.

A aprovação da Lei Contra a Violência Doméstica tem um carácter preventivo. Em comparação com os países mais desenvolvidos do “primeiro mundo” Angola tem taxas baixíssimas de violência doméstica. E no contexto do continente africano estamos seguramente na vanguarda. Se fizermos uma análise cuidadosa verificamos que a violência no lar tem pouca expressão entre nós. E só foram tomadas medidas de fundo porque dado o papel da mulher na sociedade, a existência de um caso já é demasiado. Em Angola, Pátria e Liberdade são nomes de Mulher.

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