sexta-feira, 19 de abril de 2013

Moçambique: Governo e Renamo retomam negociações para ultrapassar crise política




MMT – MLL - Lusa

Maputo, 19 Abr (Lusa) - O Governo moçambicano e a Resistência Nacional Moçambicana (Renamo), o maior partido da oposição, vão retomar negociações na próxima segunda-feira, para debater a crise político-militar no país, anunciou hoje o executivo de Maputo.

Um comunicado do Gabinete de Informação (GABINFO)indica que "o Governo constituiu uma delegação chefiada por José Pacheco, ministro da Agricultura, que no dia 22 de abril corrente, pelas 09:00, deverá receber a contraparte indicada pela Renamo", na capital moçambicana, Maputo.

Na nota lê-se que o encontro surge "na sequência de uma carta endereçada ao Presidente da República, Armando Guebuza, pelo líder da Renamo, Afonso Macacho Marceta Dhlakama, datada de 13 de abril de 2013, e intitulada 'Necessidade de negociação urgente entre o Governo de Moçambique e a Renamo'".

A delegação governamental, liderada por José Pacheco, integra os vice-ministros da Função Pública, Abdurremane Lino de Almeida, e o das Pescas, Gabriel Muthisse, e outros quadros do Governo, assinala o comunicado.

Na semana passada, a Renamo manteve encontros com os ministérios da Defesa e do Interior de Moçambique para discutir o conflito político-militar, um dia depois de se reunir com membros do corpo diplomático de países da União Europeia em Maputo, que consideraram o assunto "sério".

Na quinta-feira, a Renamo disse que as reuniões não produziram "resultados concretos" e que o executivo está a apostar numa opção que levará ao "suicídio militar".

O maior partido da oposição em Moçambique discorda de aspetos importantes da lei eleitoral já promulgada pelo Presidente moçambicano, defendendo uma presença maioritária dos partidos com representação parlamentar na Comissão Nacional de Eleições (CNE) e menor peso da sociedade civil, que acusam de ser favorável à Frelimo.

A formação política da oposição entregou um documento ao Ministério da Defesa de Moçambique, cujo conteúdo "tem a ver com a situação política do país, com o recuo do Governo nos compromissos de Roma (Acordo Geral de Paz, de 1992) e também com a legislação eleitoral", segundo referiu o presidente do conselho jurisdicional da Renamo, Saimon Macuana.

O partido da oposição e o executivo de Maputo também trataram "assuntos que têm a ver com a necessidade urgente de diálogo entre a Renamo e o Governo", bem como a pertinência de "haver uma mediação para criar condições favoráveis para que o país daqui em diante possa estar em estabilidade efetiva", acrescentou Saimon Macuana.

Na nota hoje divulgada pelo GABINFO, o Governo garante que sempre esteve aberto ao diálogo.

Em dezembro, as partes também não conseguiram alcançar um consenso em torno da legislação eleitoral aprovada no parlamento pela Frelimo, partido no poder, apoiada pelo Movimento Democrático de Moçambique (MDM), terceira bancada parlamentar, que tem oito deputados.

A lei prevê uma presença menor dos representantes dos partidos na CNE e maior representação da sociedade civil no órgão de gestão das eleições gerais (presidenciais e legislativas), previstas para 2014, e das autárquicas agendadas para 20 de novembro próximo.

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