EL – PJA - Lusa
Luanda, 27 mai
(Lusa) - Pelo menos oito pessoas foram hoje detidas pela polícia em Luanda na
sequência das cargas policiais contra os participantes numa vigília, convocada
para assinalar o primeiro aniversário do desaparecimento de dois ativistas,
disse à Lusa o advogado David Mendes.
O causídico,
presidente da Associação Mãos Livres, acrescentou que os oito detidos foram
distribuídos por diferentes esquadras da capital angolana.
"Temos várias
equipas de advogados a percorrer as várias esquadras para darmos proteção
jurídica", salientou.
A Lusa pediu à
polícia uma confirmação das detenções, mas a porta-voz do Comando Provincial de
Luanda, superintendente Engrácia Costa, disse que não tinham sido feitas
detenções.
A vigília foi
organizada por ativistas angolanos para assinalar o primeiro aniversário do
desaparecimento dos ativistas Isaías Cassule e Alves Kamolingue.
Os dois, ambos
ex-militares, desapareceram sem deixar rasto, nos passados dias 27 e 29 de maio
de 2012, respetivamente, quanto tentavam organizar uma manifestação de outros
antigos camaradas de armas, para exigir o pagamento de subsídios alegadamente
em atraso, nalguns casos há mais de 20 anos sem serem pagos.
A vigília começou
com poucos efetivos da polícia presentes no Largo da Independência, que
retiraram à força cerca de 20 elementos que, na base da estátua de Agostinho
Neto, primeiro Presidente de Angola, procuravam manter-se no local,
entrelaçando os braços.
Do lado de fora da
rotunda, muitas dezenas de populares observavam a iniciativa da polícia.
A partir do momento
que os cerca de 20 foram colocados na berma, junto à via rodoviária, os jovens,
então já em maior número, começaram a gritas palavras de ordem contra o regime:
"Abaixo a Ditadura" e "A polícia é do povo não é do MPLA partido
no poder)".
Cerca de 90 minutos
depois, com o corte do trânsito em parte da rotunda do Lardo da Independência,
a polícia foi amplamente reforçada, com unidades de Polícia Montada e brigadas
caninas e efetivos da Polícia de Intervenção Rápida, que com violência limparam
a zona.
Afastados os
populares e com o cair da noite em Luanda, o dispositivo policial mantêm-se
intacto, e muitos populares mantêm-se igualmente na expectativa, concentrados
nas ruas que desaguam no Largo da Independência.
De assinalar nesta
vigília que pela primeira vez a imprensa trabalhou sem qualquer tipo de constrangimento
por parte da polícia.
Assinale-se ainda
que esta foi a primeira iniciativa antigovernamental que se realizou em Luanda
a um dia de semana e não aos sábados, como sucedia.
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