O Presidente da
República, Aníbal Cavaco Silva, reiterou hoje que a única relação que teve com
o BPN ou as suas empresas foi enquanto depositante para aplicação de poupanças
quando era professor universitário.
Numa declaração
escrita do chefe de Estado enviada à Agência Lusa a propósito das afirmações
proferidas na quarta-feira por Mário Soares, o chefe de Estado sublinha que o
antigo Presidente da República devia saber que a sua relação com o BPN já foi
esclarecida "em devido tempo".
"Devia saber
que esclareci, em devido tempo, que nunca tive qualquer relação com o BPN ou
com as suas empresas, a não ser a de depositante para aplicação de poupanças,
quando era professor universitário. Esqueceu mesmo o esclarecimento que,
pessoalmente, lhe foi prestado", refere Cavaco Silva.
Na quarta-feira, o
antigo Presidente da República Mário Soares questionou a razão porque o atual
chefe de Estado não é julgado por causa do caso BPN, considerando que nenhum
responsável respondeu perante a justiça.
Na declaração
enviada à Lusa, Cavaco Silva sublinha que Mário Soares "é uma
personalidade a quem todos os portugueses devem estar reconhecidos pelo papel
que desempenhou na consolidação da nossa democracia e no processo que conduziu
à nossa adesão às Comunidades Europeias".
"Trata-se,
para além disso, de um antigo Presidente da República, que, apesar de ter
cessado funções há muitos anos, deve continuar a merecer o nosso
respeito", acrescenta o atual chefe de Estado.
Prometendo tudo
fazer para preservar a dignidade da instituição Presidência da República,
Cavaco Silva assegura ainda que nunca proferirá afirmações semelhantes às de
Mário Soares.
"Pela minha
parte, tudo farei para preservar a dignidade devida à instituição Presidência
da República. Por isso, de mim nunca ouvirão afirmações como as que foram
proferidas pelo Dr. Mário Soares", refere.
Na terça-feira,
falando a propósito das recentes declarações do presidente angolano acerca do
fim da parceria estratégica com Portugal e sobre a responsabilidade do ministro
dos Negócios Estrangeiros, Mário Soares recuperou o caso do BPN, questionando
as razões porque ninguém foi julgado.
"Nunca ninguém
julgou, todos roubaram, mas nunca julgou, como é sabido. Porque é o Presidente
da República não é julgado ?", questionou Mário Soares, que falava aos
jornalistas no final de um almoço na Associação 25 de Abril, numa iniciativa
promovida pelo blogue "ânimo",integrada nas comemorações do 40.º
aniversário da "Revolução dos Cravos"
Interrogado sobre
se entende que o atual chefe de Estado, Aníbal Cavaco Silva, deveria ser
julgado, Mário Soares respondeu apenas sobre a ausência de intervenção do
Presidente da República.
"O Presidente
da República deve intervir se quiser ser Presidente da República, agora se ele
quer chefe de um partido é outra coisa", disse, insistindo depois que
Cavaco Silva "é chefe de um partido".
VAM // PGF - Lusa
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