Agências
internacionais, como a de assistência a crianças das Nações Unidas (Unicef),
alertaram para o facto de a situação no sul de Angola se estar a tornar
"extremamente preocupante" face à falta de comida na sequência da
severa seca.
O governo angolano
assegurou que o país não precisa de ajuda humanitária porque tem recursos
suficientes para lidar com o caso, uma asserção que está a ser questionada
pelas agências, como sublinha a SOS Children's Villages International, num
texto publicado sexta-feira no portal da organização.
A Unicef estima
que, por causa da prolongada seca no sul do país, que também afetou o norte da
Namíbia, cerca de três milhões de crianças, com menos de cinco anos, estejam em
risco de desnutrição em Angola.
Entre dezembro de
2012 e junho deste ano, cerca de 18 mil crianças malnutridas foram tratadas
através de programas comunitários de assistência, com mais de cinco mil severa
e agudamente malnutridas.
Em declarações ao
jornal Guardian, um porta-voz da Unicef explicou que a gravidade da crise se
deve ao facto de a recente seca ter sido seguida de anos de fraca precipitação,
algo que afetou drasticamente o abastecimento de água, com muitas fontes
naturais e regulares a secarem.
Relatos dão conta
de que crianças a partir dos nove anos, enviadas pelas suas famílias,
percorreram longas distâncias em busca de água, sendo que, em alguns locais, a
água que encontraram e levaram para casa não era limpa, refere a organização,
indicando que, segundo a Unicef, o uso de água contaminada conduziu a mais de
1.500 casos de cólera e a 62 mortes.
Em Cunene, a
província mais atingida, onde as comunidades pastorícias e seminómadas têm
lutado para manter o seu gado vivo, mais de metade da população terá sido
afetada, ou seja, meio milhão de pessoas.
No início deste
mês, em declarações à agência Lusa, o governador provincial, António Didalelwa,
descreveu a seca, que se regista há mais de um ano na região, como a pior dos
últimos 25 anos.
Segundo disse o
responsável, na mesma altura, a seca está a afetar cerca de dois milhões de cabeças
de gado, com uma média de 30 mortes por dia.
De acordo com a SOS
Children's Villages International, a taxa de má nutrição já atingiu os 24%, com
a aguda severa perto da fasquia dos 6%.
Apesar da economia
de Angola ter vindo a crescer, com um crescimento do Produto Interno Bruto
estimado em 8% em 2012, o país continua a sofrer com uma pobreza generalizada e
desigualdades.
Alguns analistas
criticaram o governo angolano por não estar disposto a reconhecer a gravidade
do problema da severa seca para não manchar a imagem do país como um dos casos
de sucesso de África.
Lusa – Notícias ao
Minuto
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