sábado, 26 de outubro de 2013

CRIANÇAS EM RISCO NO SUL DE ANGOLA DEVIDO A SECA SEVERA

 


Agências internacionais, como a de assistência a crianças das Nações Unidas (Unicef), alertaram para o facto de a situação no sul de Angola se estar a tornar "extremamente preocupante" face à falta de comida na sequência da severa seca.
 
O governo angolano assegurou que o país não precisa de ajuda humanitária porque tem recursos suficientes para lidar com o caso, uma asserção que está a ser questionada pelas agências, como sublinha a SOS Children's Villages International, num texto publicado sexta-feira no portal da organização.
 
A Unicef estima que, por causa da prolongada seca no sul do país, que também afetou o norte da Namíbia, cerca de três milhões de crianças, com menos de cinco anos, estejam em risco de desnutrição em Angola.
 
Entre dezembro de 2012 e junho deste ano, cerca de 18 mil crianças malnutridas foram tratadas através de programas comunitários de assistência, com mais de cinco mil severa e agudamente malnutridas.
 
Em declarações ao jornal Guardian, um porta-voz da Unicef explicou que a gravidade da crise se deve ao facto de a recente seca ter sido seguida de anos de fraca precipitação, algo que afetou drasticamente o abastecimento de água, com muitas fontes naturais e regulares a secarem.
 
Relatos dão conta de que crianças a partir dos nove anos, enviadas pelas suas famílias, percorreram longas distâncias em busca de água, sendo que, em alguns locais, a água que encontraram e levaram para casa não era limpa, refere a organização, indicando que, segundo a Unicef, o uso de água contaminada conduziu a mais de 1.500 casos de cólera e a 62 mortes.
 
Em Cunene, a província mais atingida, onde as comunidades pastorícias e seminómadas têm lutado para manter o seu gado vivo, mais de metade da população terá sido afetada, ou seja, meio milhão de pessoas.
 
No início deste mês, em declarações à agência Lusa, o governador provincial, António Didalelwa, descreveu a seca, que se regista há mais de um ano na região, como a pior dos últimos 25 anos.
 
Segundo disse o responsável, na mesma altura, a seca está a afetar cerca de dois milhões de cabeças de gado, com uma média de 30 mortes por dia.
 
De acordo com a SOS Children's Villages International, a taxa de má nutrição já atingiu os 24%, com a aguda severa perto da fasquia dos 6%.
 
Apesar da economia de Angola ter vindo a crescer, com um crescimento do Produto Interno Bruto estimado em 8% em 2012, o país continua a sofrer com uma pobreza generalizada e desigualdades.
 
Alguns analistas criticaram o governo angolano por não estar disposto a reconhecer a gravidade do problema da severa seca para não manchar a imagem do país como um dos casos de sucesso de África.
 
Lusa – Notícias ao Minuto
 

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