quarta-feira, 23 de outubro de 2013

GUERRA NÃO DECLARADA EM MOÇAMBIQUE, MAS É GUERRA E O POVO FOGE

 


Nas chamadas artes das políticas e aplicadas pelos políticos a guerra pode não ser apelidada de guerra mas então essa é a guerra não declarada, isso é o que está a acontecer em Moçambique neste exato momento. Com medo, as populações fogem, abandonam suas casas e refugiam-se no mato em busca de alguma segurança, preferindo os perigos do mato aos perigos da guerra.
 
A solução é o diálogo entre as partes litigiantes, neste caso o governo de Moçambique e o partido da oposição com um exército privado, a Renamo. O que se deseja é que iniciem o diálogo e terminem com a hecatombe que estão a desenvolver. É o governo que não cede nas conversações anteriores, é a Renamo que está a ser liderada por um amante da guerra e inimigo da democracia. É um partido instalado no governo (Frelimo) que está comprometido com a corrupção e ambição de poder perpétuo, é um partido da oposição (Renamo) que quer tomar o poder para aplicar a mesma fórmula que a Frelimo - talvez de modo mais descarado e incidente.
 
Em tudo isto quem está perdendo é o povo moçambicano, quem está sendo vítima da ambição desregulada e da má política e da má governação são os moçambicanos. Esperemos que tudo se resolva rapidamente sem fazerem muito mais vítimas entre aqueles que dominam ou querem dominar, que exploram ou que querem explorar. Enquanto durar este impasse e a guerra não declarada ou mesmo declarada, o povo tem medo, o povo foge. A prova está já aqui em baxo em excertos do jornal moçambicano O País. Este é o retrato infimo que capta a destruição do sonho dos moçambicanos: uma nação em paz, justa e desenvolvida.
 
Leandro Vasconcelos, Maputo
 
Escolas abandonadas
 
As escolas do distrito de Macossa, em Manica, estão sem alunos. Embora sem adiantar números exactos, o porta-voz da Direcção Provincial de Educação de Ma­nica, Cardoso Bacar, confirmou que as crianças estão a abandonar as escolas naquele distrito por receios duma iminente guerra civil.
 
Sendo um dos distritos da província de Manica que mais sofreram durante os 16 anos de guerra civil, cujos vestígios ainda são muito visíveis, Macossa vinha a conhecer, embora lentamente, um desenvolvimento que lhe permitiria ultrapassar a memória do confronto militar. Todavia, o medo voltou.
 
Cardoso Bacar lamenta que as memórias e os re­ceios se tenham reacendido a escassos dias dos exa­mes, temendo que muitos alunos percam o ano lec­tivo. Bacar referiu-se apenas ao sector da educação, mas sabe-se que a tensão está a afectar, também, a vida normal dos residentes, desde a sede distrital até aos postos administrativos.
 
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População foge em debandada escolas e hospitais encerrados
 
Na sequência dos tiros de armas ligeiras e pesadas registados durante o assalto à base da Renamo, os populares residentes na vizinhança iniciariam imediatamente uma fuga desesperada em busca de local seguro. Desde o dia 17, aliás, quando ocorreram os primeiros tiros na região de Mucosa, a cerca de 10 quilómetros de Satungira, parte considerável da população abandonou as residências e actividades comerciais e pernoitou nas matas.
 
Dada a aparente calmia, aos poucos começaram a regressar às residências e, por volta das 13 horas de ontem, foram surpreendidos com novos tiros. “Se é verdade que as FADM assaltaram e ocuparam a base de Satungira, isto deixa-nos aliviados, mas também preocupados, tendo em conta que ninguém da Renamo foi capturado e eles tem armas. Podem regressar a qualquer momento e piorar a situação. O chefe do posto já pediu para regressarmos a casa, mas temos medo por que não sabemos o que é que a Renamo pode estar a planear. Eles são capazes de tudo” disse Alfredo André, líder comunitário no posto administrativo de Vundúzi, local onde está localizado Santungira.
 
Forte aparato militar, composto pelas FADM e a FIR, garante, desde a tarde de ontem, a segurança na região. Dos cerca de 35 quilómetros que separam a vila sede do distrito de Gorongosa até à região de Satungira, havia forte presença de militares. Armados até aos “dentes”.
 
Neste troço, usualmente de grande tráfego, não havia ontem qualquer transeunte, excepto militares e elementos da FIR patrulhando as ruas.
 
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