sábado, 26 de outubro de 2013

Portugal: ESTÁ TUDO A FUNCIONAR LINDAMENTE

 

Tiago Mota Saraiva – jornal i, opinião
 
Perante as sucessivas derrapagens nas previsões económicas, muitos têm qualificado este governo como incompetente. O défice fica sempre acima do previsto, o desemprego acaba sempre por surpreender e as previsões para o PIB são sempre piores que as projectadas. Aliás, é a própria Unidade Técnica de Apoio Orçamental que tem vindo a denunciar publicamente a farsa de se votar um Orçamento com as previsões à partida erradas. Por outro lado, a estratégia austeritária não se interessa por diminuir a dívida, que no próximo ano se prevê aumente para 131,4% do PIB, mas por forçar o seu pagamento.
 
Enquanto Portugal for um “protectorado”, como o vice-primeiro ministro gosta de se referir ao país que governa, a dívida portuguesa é um excelente investimento para especuladores agressivos. O país paga, endividando-se cada vez mais.
 
Mas estes erros deliberados fazem parte destas políticas. A assunção do erro serve de argumento para o reforço de medidas tendentes à destruição da escola pública, do sistema nacional de saúde, dos direitos de trabalhadores e reformados e do que mais houver por esventrar. Paga-se mais para ter menos.
 
Rapidamente chegámos a um país em que o chefe do governo pode estar constantemente a atropelar a Constituição da República que jurou cumprir ou o patrão de uma grande empresa que salta de país em país para fugir ao fisco pode permitir-se passar horas na televisão a tergiversar sobre a necessidade de os trabalhadores deixarem de ter direito a dois dias de descanso semanais. E não parece que queiram ficar por aqui.
 
De dia para dia cresce o sentimento de que a solução não passará nem por estes governos nem por estes patrões. A retórica de que não há alternativas não nos deve desviar de tentar vencer a primeira batalha contra a troika, o derrube do seu governo.
 
A alternativa somos nós, sempre que não nos deixamos ficar sentados no sofá da história.
 
Escreve ao sábado
 

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