Tiago Mota Saraiva – jornal i, opinião
Perante as
sucessivas derrapagens nas previsões económicas, muitos têm qualificado este
governo como incompetente. O défice fica sempre acima do previsto, o desemprego
acaba sempre por surpreender e as previsões para o PIB são sempre piores que as
projectadas. Aliás, é a própria Unidade Técnica de Apoio Orçamental que tem
vindo a denunciar publicamente a farsa de se votar um Orçamento com as
previsões à partida erradas. Por outro lado, a estratégia austeritária não se
interessa por diminuir a dívida, que no próximo ano se prevê aumente para
131,4% do PIB, mas por forçar o seu pagamento.
Enquanto Portugal
for um “protectorado”, como o vice-primeiro ministro gosta de se referir ao
país que governa, a dívida portuguesa é um excelente investimento para especuladores
agressivos. O país paga, endividando-se cada vez mais.
Mas estes erros
deliberados fazem parte destas políticas. A assunção do erro serve de argumento
para o reforço de medidas tendentes à destruição da escola pública, do sistema
nacional de saúde, dos direitos de trabalhadores e reformados e do que mais
houver por esventrar. Paga-se mais para ter menos.
Rapidamente
chegámos a um país em que o chefe do governo pode estar constantemente a
atropelar a Constituição da República que jurou cumprir ou o patrão de uma
grande empresa que salta de país em país para fugir ao fisco pode permitir-se
passar horas na televisão a tergiversar sobre a necessidade de os trabalhadores
deixarem de ter direito a dois dias de descanso semanais. E não parece que
queiram ficar por aqui.
De dia para dia
cresce o sentimento de que a solução não passará nem por estes governos nem por
estes patrões. A retórica de que não há alternativas não nos deve desviar de
tentar vencer a primeira batalha contra a troika, o derrube do seu governo.
A alternativa somos
nós, sempre que não nos deixamos ficar sentados no sofá da história.
Escreve ao sábado
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