sábado, 26 de outubro de 2013

Portugal: MILHARES DE PESSOAS MARCHARAM CONTRA A TROIKA

 


Manifestações em várias cidades do país
 
Teresa Camarão, Pedro Sales Dias e Sandra Rodrigues - Público
 
Milhares de pessoas arrancaram pouco depois das 15h em marchas contra a troika. Em Lisboa e no Porto os protestos reuniram milhares pessoas em cada uma das cidades.
 
Alguns deputados do PCP e do Bloco de Esquerda juntaram-se a cidadãos anónimos nos protestos. Já hoje a CGTP também aderiu à manifestação. O líder do movimento sindical, Arménio Carlos, desfilou com os manifestantes que caminharam entre o Rossio e a Assembleia da República, em Lisboa.
 
Na capital, a manifestação começou com algumas centenas de pessoas, mas o grupo foi crescento e quando, pelas 17h, chegou à praça fronteira à Assembleia da República eram já alguns milhares.
 
Dois mil no Porto

No Porto, cerca de “duas mil pessoas” marcharam este sábado numa acção de protesto organizada pelo Movimento Que Lixe a Troika.
 
“Certamente. Era com isso que contávamos com base no número de pessoas que disseram que viriam no Facebook”, disse João Vilela daquele movimento, apesar de nas ruas a mancha humana parecer mais tímida e a PSP ter contabilizado cerca de mil pessoas.
 
A marcha da manifestação saiu pelas 15h30 da Praça da Batalha a caminho da Avenida dos Aliados, onde um palanque improvisado, em frente à Câmara do Porto, esperava os manifestantes que se inscrevessem para discursar. Pelo meio, foram arremessados alguns petardos. Um deles rebentou ainda antes do início da marcha debaixo de um carro de exteriores da Antena 1. Apesar disso, não se verificaram incidentes, segundo elementos da PSP no local.
 
Os manifestantes foram-se juntando, a partir das 15h00, na Praça da Batalha junto ao emblemático Cinema Batalha. “O nosso objectivo é tentar fazer com que este Governo se demita. Só assim estará alcançada a nossa missão. Estas medidas não resultam. Esta divida não é nossa ”, disse Mar Velez, também da organização, quando ainda tinham comparecido à convocatória do protesto poucas dezenas de pessoas.
 
“Entre a Constituição e o memorando, escolhemos a Constituição”

“Compreendemos que muitas pessoas estão em estado de choque com estas medidas e nem sequer têm condições para vir aqui. Isto é um problema mundial. As pessoas já não acreditam na política”, assumiu Mar Velez. No manifesto, lido antes do início da marcha, o movimento sublinhou os seus principais objectivos. “Entre a Constituição da República e o memorando [da Troika], escolhemos a Constituição. Escolhemos resistir para existir.

Durante o desfile, de cerca de um quilómetro até à Avenida dos Aliados, sempre pautado pela exigência de “demissão” do Governo, verificou-se um breve desentendimento entre alguns manifestantes e a PSP, quando o percurso foi subitamente alterado pelo movimento.

Desentendimento com a PSP: “A rua é nossa”

Na descida da Rua 31 de Janeiro, junto à Estação de São Bento, os manifestantes decidiram virar para a Rua de Sá da Bandeira e um chefe da PSP tentou barrar o caminho informando que aquele não era o percurso comunicado. “A rua é nossa” exortou um manifestante irrompendo caminho e tendo a marcha continuado sem que a PSP conseguisse evitar a alteração de rumo.
 
“FMI fora d'Aqui” e “O povo unido jamais será vencido” foram outras palavras de ordem que se ouviram dos manifestantes empunhando cartazes em que se exigia a “demissão” do Governo. No protesto, estiveram ainda elementos dos Precários Inflexíveis e do Sindicato Nacional do Ensino Superior.
 
“Acredito que quanto mais manifestações se fizerem, mais perto estaremos de este Governo se ir embora. Estes cortes e estas medidas são inadmissíveis. Têm de ir embora”, disse ao PÚBLICO, Carlos Bezelga, reformado de Santo Tirso. Mais á frente, Ana Nóvoa, técnica de investigação, admitia, face à tímida moldura humana, “que o povo português é preguiçoso”, mas que “é necessário fazer algo”.
 
Os manifestantes estiveram reunidos em frente à câmara do Porto até às 17h00. Vários discursaram contra a Troika e contra o Governo e Helena Sarmento, da Associação José Afonso, cantou “Vampiros” e “Grândola, Vila Morena”, de Zeca Afonso, momento em que centenas entoaram as músicas do conhecido cantor de Abril.
 
O coordenador do BE, João Semedo, também esteve presente. “Acho que não há alternativa à luta para demitir este Governo que tem o apoio da banca, da União Europeia e do Presidente da República. Chegará o dia em que nem o Presidente da República conseguirá manter este seu Governo”, disse Semedo.
 
Meia centena em Viseu

Em Viseu, meia centena de pessoas concentrou-se na Rua da Paz em manifestação contra as políticas de austeridade. Aos cartazes de protesto juntou-se a voz dos cidadãos a quem foi dado um microfone para expressarem o descontentamento.
 
"Contra as políticas de saúde e de educação" e "contra os cortes nas reformas" , o apelo feito foi o de "unidade" para boicotar o Governo.
 
Lisboa, Aveiro, Beja, Braga, Coimbra, Faro, Funchal, Horta, Portimão, Porto, Setúbal, Viana do Castelo, Vila Real e Viseu são o palco de manifestações contra as políticas de austeridade impostas pelo "Governo mandatado pela troika", nas palavras do movimento.
 
Foto Enric Vives-Rubio
 

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