A Renamo boicotou
hoje as conversações com o Governo moçambicano, mas garantiu que "continua
aberta ao diálogo" mediante a presença de observadores, considerando que o
executivo usa "estratégia dupla: diálogo na mesa e o plano militar ativado
no terreno".
Há uma semana, as
Forças de Defesa e Segurança de Moçambique (FADM) anunciaram um ataque e
ocupação do local onde Afonso Dhlakama viveu durante um ano, e, segundo a
imprensa moçambicana, houve pilhagens de bens do líder da oposição.
Desde que foi
desalojado do acampamento em que vivia em Sandjudjira, na província de Sofala,
centro de Moçambique, pela ofensiva do exército moçambicano, Afonso Dhlakama é
dado pela imprensa local como "fugitivo", mas desconhece-se se pesa
sobre ele um mandado judicial.
O chefe da
delegação da Resistência Nacional Moçambicana (Renamo) nas conversações com o
executivo moçambicano, Saimone Macuiane, disse hoje aos jornalistas que o
principal partido da oposição moçambicana e o seu líder "continuam a
defender a negociação ou diálogo como solução única para ultrapassar a crise
política que se vive no país".
Contudo, Saimone
Macuiane acusou o Governo de recusar a presença de personalidades, Lourenço do
Rosário, reitor da Universidade A Politécnica, Dinis Sengulane, bispo da Igreja
Anglicana em Moçambique, escolhidas pela Renamo para mediarem o conflito.
Desde início do
ano, as autoridades governamentais e a Renamo discutem a paridade nos órgãos
eleitorais, mas, por falta de entendimento, o maior partido da oposição do país
ameaça não participar e impedir a realização das eleições municipais de 20 de
novembro em 53 autarquias, para as quais não se inscreveu.
Hoje, as duas
delegações não realizaram o habitual encontro das segundas-feiras porque a
Renamo enviou um ofício ao executivo moçambicano, condicionando a presença de
facilitadores, mas até à hora para o início da discussão não obteve resposta da
delegação governamental.
"Para a
Renamo, a presença de facilitadores e observadores são indispensáveis para o
processo negocial", disse Saimone Macuiane.
Moçambique
atravessa a sua pior tensão política e militar desde a assinatura do Acordo Geral
de Paz em 1992.
MMT // VM – Lusa –
foto André Catueira
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