terça-feira, 17 de dezembro de 2013

FÉRTEIS ACTIVISMOS

 

Martinho Júnior, Luanda
 
1 – Por todo o lado e para onde quer que nos viremos iremos encontrar activismos que estão na moda, se fazem constar, sentir e “promover”… em nome das ingerências das potências, sobetudo das ptências ocidentais!
 
“Promover” não é assim tão difícil, pois os “média de referência” estão também por todo o lado, invadindo-nos o quotidiano, “para o que der e vier”; se necessário vêm ter connosco à cama, ou acompanha-nos quando estamos em plena refeição, injectando a propaganda distorcida da realidade, a estrita propaganda doseada e profícua que é de sua conveniência e interesse… em nome da “democacia”…
 
Para alguns é nesse ambiente de activismos que seu ego é satisfeito e se buscam as compensações de toda a ordem: financeiras, “de prestígio”, “prémios”!... e se consegue fazer carreira!
 
Àcerca deles num passado ainda não muito longínquo, quando o “apartheid” se fazia sentir com armas, bagagens e os “freedom fighters” da ocasião, não haviam “activistas”, tinham outros nomes e entre eles, recordo, haviam uns ofensivos mas que, sem dúvida, os definiam bem: lacaios, fantoches!
 
Eles, os “activistas”, procuram agora assumir a todo o transe um espaço de vanguarda, de arrojo e por isso suas acções são levadas a efeito para, despertando emoções e comoções, darem oportunidade ao que se segue… em muitos casos, como nas revoluções coloridas, ou nas primaveras árabes, até à tomada do poder!... baralhar cartas, dar de novo dividindo o lote e partir para um “renovado jogo (africano)”!...
 
2 – Os activismos contemporâneos, quantas vezes são uma forma de, ao branquear processos elitistas e sob controlo de potências ditas “democráticas”, fazer esquecer o passado e manipular as formas possíveis de resgate que não passem pelos interesses e conveniências das potências?
 
Os activismos da moda são todos pelos rótulos atraentes dos direitos humanos, pela democracia, pelo conhecer a natureza, o ambiente, a geologia, a paleontologia, pela “green peace”, são todos humanitários… mas não escapam aos olhos críticos daqueles que vêem muito para além das aparentemente calmas águas da superfície e procuram as correntes que existem na profundidade, de onde fluem esse tipo de acrtivismos!
 
Os activismos como esses respondem a um fulcro, que cada vez está mais a descoberto, com ajuda do Wikileaks, ou dos sucessivos Edward Snowden, de todos aqueles que por vezes dentro das entranhas do monstro, se sentem ética e moralmente compelidos a rejeitar o monstro… deixou de haver teoria da conspirção e por isso fica a descoberto o activismo enquanto prática de conspiração!
 
3 – Os Estados Unidos, seus aliados e parceiros, assim como suas maiores corporações, sustentáculos do seu poder, levaram a cabo ou tutelaram várias tensões, conflitos e guerras sucessivas e em cadeia que abrangeram regiões imensas particularmente dos continentes asiático e africano!
 
Isso foi ocorrendo desde o fim do período que se designou chamar Guerra Fria e precisamente numa altura em que o derrube do muro de Berlim nos conduzia à ilusão efémera de que era a inauguração duma época em que todos os muros seriam derrubados!
 
Não só os muros não foram derrubados, como as tensões, conflitos e guerras que se sucederam multiplicaram os muros e estão a levar a humanidade e o planeta para um caminho que pode levar sem remissão, ao fim da “civilização” tal qual ela foi erigida a partir da revolução industrial!
 
A lista é grande do Congo, ao Paquistão, passando pelas “revoluções coloridas”, pelas “primaveras árabes”, pelo Afeganistão, pelo Iraque, pela Líbia, pela Somália, pelo Iémen, pelo Mali, pela República Centro Africana… pelos países atingidos por catástrofes climatéricas que resultam do aquecimento global provocado pelo homem imbuído de lógica capitalista sem limites nem barreiras!…
 
Pasme-se e atente-se contudo no seguinte: onde estão os activismos e os “activistas” que nos “media de referência” denunciam os milhões e milhões de mortos provocados directa e indirectamente por essas tensões, esses conflitos, essas guerras… onde estão os “activistas” que denunciam os novos muros construídos sobre tantos escombros… onde estão os activistas que acusam aqueles que são os principais responsáveis pelas alterações climatéricas que a todos, pouco a pouco e inexoravelmente nos vão atingindo?!
 
Se eles existem (felizmente existem), nunca são pagos pelo National Endowment for Democracy!
 
Eis a publicidade do pagamento do NED ao Maka Angola, em “nome da democracia”:
 
“Maka Angola
 
$66,000
 
To enhance communication, freedom of expression, access to information and informed discussion in Angola. Maka Angola will strengthen democratic values and social norms, promote freedom of information and responsible problem solving, and expose human right abuses and corruption through a bilingual, Portuguese-English website (makaangola.com). Maka Angola will provide reliable news and information and carry out investigative reporting on issues of corruption and human rights, among other critical issues currently facing the country. Maka Angola will help Angolans, including those in the diaspora, find common ground and develop a new social contract while promoting democratic participation.”
 
4 – As entidades “transversais” são o veículo ideal para a proliferação de tal tipo de comportamentos, atitudes e linhas de pressão de que fazem uso pleno os serviços de inteligência!
 
Os “activistas-fantoches” foram feitos para deliberadmente confundir a árvore tomando-a como se fosse a floresta e fazer da árvore a amarra de seu argumento e de suas emoções!
 
Sabem atiçar outros e, quando as provocações resultam em sangue, estão prontos a apontar sempre o dedo ao alvo que interessa, o alvo da conveniência, escondendo-se por detrás da sua própria obra ao serviço daqueles 1% que nos azotam de mil formas e maneiras, entre elas a sua própria!
 
Em Angola temos um que marca a cadência: Rafael Marques de Morais.
 
Pago anualmente pelo National Endowment for Democracy através da cobertura Maka Angola (66.000 USD publicados, fora o que recebe pelos “bons trabalhos”), motivado por prémios sucessivos de controladas “entidades de referência”, Rafael esforça-se por ser um mestre em confundir: com ele a árvore passa sempre como sendo a floresta… surrealista!
 
Ainda agora foi possível verificá-lo em “Soweto, Mandela e uma lição para Angola”: lembrou-se de Soweto do tempo do “apartheid”, dos alinhamentos do tempo da chamada Guerra Fria, para se centrar no caso desafortunado de Manuel Hilberto Ganga, esquecendo-se deliberadamente que em Marikana foi como em Sharpeville e por isso a África do Sul, mesmo a do “arco-íris”, não pode ser exemplo para ninguém, muito pelo contrário!...
 
Como ele faz parte daqueles que integram o pelotão dos que promovem elitismo da maneira mais disfarçada possível, só tinha que se esquecer de Marikana!
 
Rafael desconhece os mineiros sul africanos, desconhece os sindicatos sul africanos e desconhece o COSATU, deliberadamnte!
 
… E vai daí argumenta “emocionado”, “crítico” e “motivador”: … “O funeral de Manuel Ganga passou a ser a expressão máxima da segregação política, económica e social que cada vez mais divide os angolanos. Nesse contexto, a oposição política serve apenas para legitimar o certificado de democracia, que o regime adquiriu na escola das democracias de fachada. A oposição serve apenas para enfeitar o parlamento. Nesse contexto, o povo angolano é apenas aquele que, mesmo esfomeado e espoliado, vai aos comícios do MPLA, onde desfilam orgulhosos alguns dos maiores ladrões em África e, actualmente, dos mais sofisticados opressores no continente. O povo angolano são apenas aqueles grupos que apoiam e votam no MPLA. Os outros são estranhos, excluídos, quando não são perigosos e alvos a abater, como Manuel Ganga, pela ousadia de colar uns cartazes a exigir justiça!”…
 
Reduz o MPLA às conveniências do império e esquece-se deliberadamente que são do MPLA milhares e milhares de combatentes contra o colonialismo, o “apartrheid” e suas sequelas, que são exemplares filhos de Angola, íntegros, incorruptíveis e que nunca aceitariam fazer como ele, pago pelo NED e recebedor de prémios pelo “activismo-fantoche” que anda a fazer!
 
Esqueceu-se que há milhares e milhares de patriotas angolanos que se revêem em Paulo Jorge, como na Martia Mambo Café e cultivam seu comportamento, atitude e patriotismo!
 
Esqueceu-se dos exemplos insignes de Paulo Jorge, de Maria Mambo Café, de Lúcio Lara e de tantos, tantos milhares e milhares de ignotos, que para ele são “letra morta”, por que por obrigação a quem lhe paga, “letra morta” é o MPLA e isso está-lhe já inoculado no seu próprio sangue, sem remissão!
 
Foto: Em Berlim, Rafael Marques de Morais recebendo mais um “prémio”! – http://www.dw.de/em-berlim-rafael-marques-recebe-prémio-integridade-e-dedica-o-a-nito-alves/a-17215161
 
A consultar:
- Soweto, Mandela e uma lição para Angola – http://makaangola.org/2013/12/10/soweto-mandela-e-uma-licao-para-angola/
- Em Berlim Rafael Marques recebe Prémio Integridade e dedica-o a Nito Alves – http://www.dw.de/em-berlim-rafael-marques-recebe-prémio-integridade-e-dedica-o-a-nito-alves/a-17215161
- Jornalista e activista cívico angolano em Washington para fazer ponto de situação – http://paginaglobal.blogspot.com/2013/07/jornalista-e-activista-civico-angolano.html
- NED Angola – Maka Angola –
- O adeus ao nacionalista Paulo Jorge – http://www.opais.net/pt/opais/?det=13952&id=1929&mid=
- Zip Zip 51 - … Dos heróis anónimos – Publicado no Página Um e retirado da circulação.
- Zip Zip – 52 - … A Paulo Teixeira Jorge – Publicado no Página Um e retirado da circulação.
- Chefe de estado rende homenagem à nacionalista Maria Mambo Café – http://novojornal.co.ao/Artigo/Default/24840
 

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