quarta-feira, 22 de janeiro de 2014

20 DE JANEIRO, DIA DE AMILCAR CABRAL E DO PAICV

 


Mário Silva – Expresso das Ilhas, opinião
 
No dia 20 de Janeiro de 1973, Amílcar Cabral foi assassinado. Passou-se a comemorar esse dia. Em sua homenagem. O dia devia ser dele. E de mais ninguém. No entanto, no dia 20 de Janeiro de 1981, foi proclamado o PAICV como partido político. E a data passou a ser de Amílcar Cabral e do PAICV. Que pena!
 
Cabral foi o grande teorizador da unidade. Foi. Bateu-se por ela. E de que maneira! Era a unidade. Simbólica. Nasceu na Guiné. Filho de cabo-verdianos. O PAICV surgiu em ruptura com o PAIGC. Surgiu como a negação da unidade. Enterrada definitivamente no dia do aniversário da morte de Amílcar Cabral.
 
Como comemorar no mesmo dia, Cabral e o seu contrário? O PAICV aproveitou-se da data. Era importante em 1981, para se legitimar, política e socialmente.
 
A partir de 1991, com eleições concorrenciais, a legitimidade histórica deixou de ter importância, por um lado; por outro, o PAICV tomou consciência de que muita gente deixou de comemorar a data, por sua causa. Para não ser acusada de estar a comemorar o dia da fundação do PAICV. Por isso, afastou-se um pouco da data.
 
- E tu, Joa Quim, no dia 20 de Janeiro, comemoras o quê: mais um aniversário da morte de Amílcar Cabral? A proclamação do PAICV? Ou mais um feriado? Acreditas que o PAICV comemora a data da sua proclamação de forma quase clandestina? Para não ser acusado de estar a se aproveitar do 20 de Janeiro?
 
A gente vai aprender a não se colar às datas políticas históricas. Um dia. Até lá, vamos comemorando. Sem saber muito bem o que é que cada um realmente comemora. Se calhar, pouco importa. O que importa, para muitos, é comemorar mais um feriado. É muito pouco.
 
Se o PAICV não tivesse sido proclamado, no dia 20 de Janeiro de 1981, esta data teria outro brilho. Outro encanto. Seguramente! Seria de Amílcar Cabral. Só dele.
 

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