Mário Silva –
Expresso das Ilhas, opinião
No dia 20 de
Janeiro de 1973, Amílcar Cabral foi assassinado. Passou-se a comemorar esse
dia. Em sua homenagem. O dia devia ser dele. E de mais ninguém. No entanto, no
dia 20 de Janeiro de 1981, foi proclamado o PAICV como partido político. E a
data passou a ser de Amílcar Cabral e do PAICV. Que pena!
Cabral foi o grande
teorizador da unidade. Foi. Bateu-se por ela. E de que maneira! Era a unidade.
Simbólica. Nasceu na Guiné. Filho de cabo-verdianos. O PAICV surgiu em ruptura
com o PAIGC. Surgiu como a negação da unidade. Enterrada definitivamente no dia
do aniversário da morte de Amílcar Cabral.
Como comemorar no
mesmo dia, Cabral e o seu contrário? O PAICV aproveitou-se da data. Era
importante em 1981, para se legitimar, política e socialmente.
A partir de 1991,
com eleições concorrenciais, a legitimidade histórica deixou de ter
importância, por um lado; por outro, o PAICV tomou consciência de que muita
gente deixou de comemorar a data, por sua causa. Para não ser acusada de estar
a comemorar o dia da fundação do PAICV. Por isso, afastou-se um pouco da data.
- E tu, Joa Quim,
no dia 20 de Janeiro, comemoras o quê: mais um aniversário da morte de Amílcar
Cabral? A proclamação do PAICV? Ou mais um feriado? Acreditas que o PAICV
comemora a data da sua proclamação de forma quase clandestina? Para não ser
acusado de estar a se aproveitar do 20 de Janeiro?
A gente vai
aprender a não se colar às datas políticas históricas. Um dia. Até lá, vamos
comemorando. Sem saber muito bem o que é que cada um realmente comemora. Se
calhar, pouco importa. O que importa, para muitos, é comemorar mais um feriado.
É muito pouco.
Se o PAICV não
tivesse sido proclamado, no dia 20 de Janeiro de 1981, esta data teria outro
brilho. Outro encanto. Seguramente! Seria de Amílcar Cabral. Só dele.
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