quarta-feira, 22 de janeiro de 2014

AUSTRÁLIA JUSTIFICA RUSGAS A ADVOGADO DE TIMOR-LESTE

 


A Austrália justificou com uma questão de "segurança nacional" as rusgas que realizou ao escritório do advogado que defende Timor-Leste nas acusações de espionagem que opõem os dois países no mais superior tribunal das Nações Unidas.
 
Timor-Leste pediu no passado 18 de dezembro ao Tribunal Internacional de Justiça (TIJ) que ordene à Austrália a restituição dos documentos confidenciais apreendidos durante buscas ao escritório e residência do advogado australiano que representa o país no caso das acusações de espionagem durante as negociações de um tratado sobre o petróleo e gás no mar de Timor.
 
O processo começou na segunda-feira em Haia, com Timor-Leste a pedir respeito pela soberania do país e a restituição dos documentos confidenciais.
 
Hoje, os advogados da Austrália responderam que as rusgas ao escritório de Bernard Collaery no início de dezembro foram "justificadas e legais" porque um ex-espião lhe teria passado informações sensíveis.
 
"A Austrália tem direito a ter uma preocupação legítima por um ex-funcionário das secretas ter revelado e ameaçar revelar mais informação de segurança nacional, o que seria um crime sério", disse o procurador australiano, Justin Gleeson, ao tribunal de Haia.
 
"Estas revelações ameaçam os nossos interesses de segurança", reiterou, revelando que o procurador-geral da Austrália, George Brandis, aprovou pessoalmente o mandado de busca para as rusgas de 03 de dezembro após "rigorosa consideração interna".
 
O mandado estava conforme com a lei australiana, sublinhou Gleeson, acrescentando: "Não cabe à Austrália revelar, mais do que o que eu já fiz, o preciso interesse de segurança que levou ao mandado".
 
Argumentou também que Timor-Leste não pode alegar privilégio advogado-cliente porque o conceito não existe "quando as comunicações são produzidas como resultado de um crime".
 
A Austrália coprometeu-se no entanto a não ler ou estudar os materiais apreendidos até que o TIJ decida sobre a queixa de Timor-Leste.
 
Timor-Leste quer que o TIJ ordene à Austrália a restituição dos documentos apreendidos, apresentação de desculpas oficiais e garantias do pagamento das custas judiciais.
 
"Os documentos que a Austrália tem na mão criam uma grande desvantagem para Timor-Leste e estamos preocupados com isso", disse recentemente o ministro do Petróleo de Timor-Leste, Alfredo Pires.
 
Timor-Leste acusou formalmente, junto do tribunal arbitral de Haia, a Austrália de espionagem quando estava a ser negociado o Tratado sobre Certos Ajustes Marítimos no Mar de Timor (CMATS), em 2004.
 
O processo de espionagem também está a ser tratado em Haia, mas pelo tribunal arbitral, devendo a primeira audiência ser realizada em fevereiro.
 
Com a arbitragem internacional, Timor-Leste pretende ver o tratado anulado, podendo assim negociar a limitação das fronteiras marítimas e, assim, tirar todos os proveitos da exploração do campo de gás de Greater Sunrise, que vale biliões de dólares.
 
Jornal de Notícias
 

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