Pequim, 23 jan
(Lusa) - O Governo chinês rejeitou hoje as críticas internacionais à prisão e
julgamento de Xu Zhiyong, afirmando que o processo instaurado ao advogado e
ativista político "recai dentro da soberania judicial da China".
"Opomo-nos
firmemente às acusações feitas por outros países em nome dos direitos
humanos", disse o porta-voz do Ministério chinês dos Negócios
Estrangeiros, Qin Gang.
Xu Zhiyong,
animador de um "movimento de novos cidadãos" defensor de uma
"maior transparência do Governo", nomeadamente através da declaração
pública dos rendimentos dos seus funcionários, começou a ser julgado na
quarta-feira em Pequim por "perturbação da ordem pública", incorrendo
numa pena que pode ir até cinco anos de prisão.
O porta-voz do MNE
chinês disse que Xu Zhiyong "é suspeito do crime de reunir uma multidão
para perturbar a ordem em espaço pública".
"É um normal
caso criminoso, que os departamentos judiciais competentes decidirão de acordo
com a lei, de forma independente e justa. A China é um estado de direito. Todos
são iguais perante a lei e ninguém está acima da lei", acrescentou o
porta-voz.
Xu Zhiyong, 40
anos, doutorado em Direito pela Universidade de Pequim, foi preso em julho
passado, na sequência de pequenas concentrações de rua contra a corrupção e
para reclamar que os funcionários do Governo divulguem a sua riqueza.
A União Europeia e
os Estados Unidos da América manifestaram publicamente a sua
"preocupação" acerca deste processo.
Uma responsável da
Amnistia Internacional, Roseann Ride, pediu a "libertação imediata e
incondicional" de Xu Zhiyong, qualificando o ativista chinês como "um
preso de consciência".
Um dos raros
jornais oficiais chineses que mencionou hoje o julgamento de Xu Zhiyong
reconheceu que as ideias de Xu Zhiyong têm eco na sociedade chinesa, mas disse
que o tribunal deve ignorar as pressões do ocidente".
"Tentar
intervir ou ate ameaçar a China, "manchando a sua imagem
internacional", é uma história antiga", diz o Global Times, jornal do
grupo Diário do Povo, o órgão oficial do Partido Comunista Chinês.
"A China não
deve exagerar a sua reação à atenção dada pelo ocidente a este caso, nem deixar
o ocidente ter uma palavra dominante a dizer sobre os seus assuntos
internos", argumenta o jornal num editorial intitulado "a Lei não é
uma ameaça ao movimento de cidadãos".
Considerado próximo
da corrente neonacionalista do PCC, o jornal diz que Xu Zhiyong "não é
muito conhecido do público" e que a influência do seu Movimento dos Novos
Cidadãos está confinada "aos meios académicos e a alguns ativistas".
AC // HB - Lusa
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