quinta-feira, 23 de janeiro de 2014

China rejeita críticas internacionais à prisão e julgamento de ativista político

 


Pequim, 23 jan (Lusa) - O Governo chinês rejeitou hoje as críticas internacionais à prisão e julgamento de Xu Zhiyong, afirmando que o processo instaurado ao advogado e ativista político "recai dentro da soberania judicial da China".
 
"Opomo-nos firmemente às acusações feitas por outros países em nome dos direitos humanos", disse o porta-voz do Ministério chinês dos Negócios Estrangeiros, Qin Gang.
 
Xu Zhiyong, animador de um "movimento de novos cidadãos" defensor de uma "maior transparência do Governo", nomeadamente através da declaração pública dos rendimentos dos seus funcionários, começou a ser julgado na quarta-feira em Pequim por "perturbação da ordem pública", incorrendo numa pena que pode ir até cinco anos de prisão.
 
O porta-voz do MNE chinês disse que Xu Zhiyong "é suspeito do crime de reunir uma multidão para perturbar a ordem em espaço pública".
 
"É um normal caso criminoso, que os departamentos judiciais competentes decidirão de acordo com a lei, de forma independente e justa. A China é um estado de direito. Todos são iguais perante a lei e ninguém está acima da lei", acrescentou o porta-voz.
 
Xu Zhiyong, 40 anos, doutorado em Direito pela Universidade de Pequim, foi preso em julho passado, na sequência de pequenas concentrações de rua contra a corrupção e para reclamar que os funcionários do Governo divulguem a sua riqueza.
 
A União Europeia e os Estados Unidos da América manifestaram publicamente a sua "preocupação" acerca deste processo.
 
Uma responsável da Amnistia Internacional, Roseann Ride, pediu a "libertação imediata e incondicional" de Xu Zhiyong, qualificando o ativista chinês como "um preso de consciência".
 
Um dos raros jornais oficiais chineses que mencionou hoje o julgamento de Xu Zhiyong reconheceu que as ideias de Xu Zhiyong têm eco na sociedade chinesa, mas disse que o tribunal deve ignorar as pressões do ocidente".
 
"Tentar intervir ou ate ameaçar a China, "manchando a sua imagem internacional", é uma história antiga", diz o Global Times, jornal do grupo Diário do Povo, o órgão oficial do Partido Comunista Chinês.
 
"A China não deve exagerar a sua reação à atenção dada pelo ocidente a este caso, nem deixar o ocidente ter uma palavra dominante a dizer sobre os seus assuntos internos", argumenta o jornal num editorial intitulado "a Lei não é uma ameaça ao movimento de cidadãos".
 
Considerado próximo da corrente neonacionalista do PCC, o jornal diz que Xu Zhiyong "não é muito conhecido do público" e que a influência do seu Movimento dos Novos Cidadãos está confinada "aos meios académicos e a alguns ativistas".
 
AC // HB - Lusa
 

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