David Nhassengo – Verdade (mz)
A cidade indiana de
Goa é palco, desde o passado dia 18 do mês em curso até à próxima quarta-feira
(29), da terceira edição dos Jogos da Lusofonia. Moçambique viajou àquele país
asiático com uma delegação composta por 102 pessoas, 80 das quais atletas e
treinadores, sendo que o número remanescente é constituído por dirigentes.
O @Verdade
dirigiu-se à sede do Comité Olímpico de Moçambique (COM) na esperança de
conhecer os nomes dos membros da delegação moçambicana que, através do tesouro
público, se deslocou a Goa para participar na terceira edição dos Jogos da
Lusofonia.
Para o nosso
espanto, a resposta dada pelo COM é incrível: “Não temos ordens para dar essa
informação sem o consentimento do presidente e do chefe da Missão Moçambique.
Se quiserem a relação nominal falem com eles. As ordens que deixaram são
claras: não podemos dar esta lista. Porém duvidamos que vos forneçam ou, até
mesmo, que vos respondam por se tratar de um assunto interno e que diz respeito
somente ao COM”, disseram dois funcionários daquele organismo com quem
conversámos.
Ainda assim, uma
das fontes, que solicitou o anonimato por temer represálias, revelou que a
delegação moçambicana é composta por um total de 102 elementos, dos quais 80
são atletas e treinadores, e os remanescentes dirigentes, entre eles o ministro
e quadros seniores do Ministério da Juventude e Desportos, membros da direcção
do COM, presidentes e secretários-gerais de várias federações desportivas
nacionais. “Há jornalistas que também foram na boleia do comité”, revelou.
Uma delegação
desnecessariamente volumosa
Num total de 739
atletas em representação de doze países lusófonos e convidados (uma média de 61
por cada país) que por sua vez vão disputar 693 medalhas, Moçambique detém a
delegação mais volumosa, depois de Macau, que conta com um total de 80. A mesma
está dividida pelas modalidades de atletismo, basquetebol, futebol, judo e
voleibol.
O Brasil, conhecido
como a maior potência desportiva da lusofonia, decidiu “ignorar” estes “Jogos”
levando para Goa uma delegação constituída apenas por sete atletas, o que torna
a prova menos competitiva e pouco interessante sob o ponto de vista de ganhos
desportivos. Portugal preferiu enviar atletas dos escalões de formação para a
Índia.
Curiosamente, há
provas colectivas em que competem apenas dois países, o que torna óbvia a
conquista de medalhas, factor que terá motivado o país a exagerar no número de
atletas com o simples propósito de “vender” uma falsa imagem de que em
Moçambique se pratica um desporto profissional e bastante competitivo.
No que diz respeito
a delegações, como se referiu anteriormente, Moçambique tem o segundo maior de
atletas com 80, atrás dos chineses de Macau com 112, mais cinco do que o número
de angolanos presentes nesta terceira edição dos Jogos da Lusofonia. O Sri
Lanka, na qualidade de convidado, conta com 62 participantes, seguido por
Portugal com 56, São Tomé e Príncipe e Cabo Verde com 35, Guiné-Bissau com 29,
Timor Leste com 26, Guiné Equatorial também convidada com 20 e Brasil com apenas
sete.
Moçambique ganha
duas medalhas óbvias!
As duas selecções
nacionais de voleibol conquistaram, na última terça-feira (21), medalhas de
prata e de bronze. Porém, como já foi mencionado, os torneios desta modalidade
não tinham mais do que três países a competir, o que tornava óbvio o triunfo de
qualquer equipa.
Em masculinos, a
equipa da Autoridade Tributária, que nestes Jogos da Lusofonia é apelidada de
selecção nacional, subiu ao pódio para receber a medalha de prata, fruto de uma
vitória diante do Macau e uma derrota frente aos anfitriões, a Índia. Sorte
diferente teve a selecção feminina que perdeu todos os confrontos diante dos
mesmos países, tendo conquistado a medalha de bronze.
Uma selecção
amadora derrotou os “Mambinhas” na estreia
Em partida de
estreia dos Jogos da Lusofonia, na modalidade de futebol, a selecção nacional
de futebol de sub-20, os “Mambinhas”, perdeu diante da Índia-Goa por 2 a 1. Os
adversários de Moçambique não jogavam há sensivelmente um ano. O seleccionador
nacional, cumulativamente director do Gabinete Técnico da Federação Moçambicana
de Futebol (FMF), Augusto Matine, teve vários motivos para ficar envergonhado
ao começar com uma derrota nos Jogos da Lusofonia.
É que os goeses,
que não jogavam uma partida de futebol desde os finais do ano 2012, juntaram-se
há sensivelmente três semanas do arranque destas competições e com o propósito
de fazerem o papel de anfitriões. Outro dado curioso deste conjunto da Índia é
que nenhum dos seus atletas é jogador profissional, ou seja, ninguém tem clube.
Todos são amadores, sendo que alguns desempenham funções de motoristas de táxi
e de funcionários públicos.
A vitória dos
goeses, por 2 a 1, deu-se na primeira jornada da fase de grupos. Na segunda, em
que os dois conjuntos voltaram a defrontar-se visto que o grupo B tinha apenas
duas selecções, Moçambique suou bastante para vencer por 1 a 0 e qualificar-se
para as meias-finais, na segunda posição. Neste sábado (25), os “Mambinhas” vão
medir forças diante do Sri Lanka, enquanto a selecção da Índia vai defrontar o
São Tomé e Príncipe em partidas que vão definir os finalistas do torneio de
futebol.
Os gastos são
excessivamente chorudos
Em termos de
gastos, de acordo com as contas feitas pelo @ Verdade, para custear duas
passagens aéreas para um membro da delegação se deslocar a Goa e regressar a
Maputo, o Comité Olímpico de Moçambique, um organismo que vive de fundos
públicos, gastou 35. 395 meticais. Em termos globais, toda a comitiva irá
consumir 3. 610. 290 meticais.
Só para garantir a
viagem dos 22 dirigentes, o tesouro do Estado desembolsou 778. 690 meticais, o
equivalente a 311 salários mínimos. Todos estes cálculos não englobam a
estadia, a alimentação e o per diem dos 102 moçambicanos.
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