Melissa Lopes - Público
Cimeira da
comunidade, que se realiza em Julho em Timor-Leste, é vista como o ponto de
partida para esse desenvolvimento. Melhoria da mobilidade de pessoas e bens dentro
da CPLP deverá ser alvo de propostas
O ministro dos
Negócios Estrangeiros, Rui Machete, considerou esta terça-feira que a cimeira
da CPLP que se realiza este Verão em Díli, Timor-Leste, será um momento crucial
para a expansão da língua portuguesa na Ásia e também para o “alargamento dos
horizontes económicos” e “gerar riqueza” para os membros da comissão.
Durante uma visita
protocolar à sede da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa, em Lisboa, o
secretário-executivo daquela instituição, Murade Murargy, classificou a cimeira
como o “meio caminho para a nova visão, para o futuro da CPLP”. “A Cimeira de
Díli vai ser a reafirmação do nosso compromisso político, para transformar a
organização numa organização internacional”, acrescentou o moçambicano.
Retrato que o
ministro secundou, destacando o facto de a reunião magna se realizar em
Timor-Leste e enaltecendo a importância da língua portuguesa como um vínculo
cultural e económico. “A língua portuguesa já não é só a língua dos
portugueses”, disse o ministro, lembrando que o português é o terceiro idioma
mais falado no Ocidente e o oitavo no mundo.
O secretário
Executivo da CPLP, Murade Murargy, referiu que “apesar dos constrangimentos”
pelos quais a comissão passa, a posição da organização vai-se afirmando tanto a
nível interno dos países como também a nível internacional. “A língua está
consolidada”, disse, acrescentando que “hoje mais do que nunca somos
respeitados em todo o mundo”.
Murade Murargy
apontou falhas no que toca ao desenvolvimento económico e empresarial, uma área
que “também tem que ser consolidada”, defendeu, revelando que “sente uma
crítica construtiva” relativamente ao distanciamento dos cidadãos membros da
organização. “A CPLP tem, de criar um espaço para que a sociedade civil possa participar.
Os cidadãos e a sociedade civil em geral esperam mais do que isto: os cidadãos
têm que sentir que fazem parte da comunidade.” Se assim não for, a missão da
CPLP corre o risco de “desvanecer-se se não chegar aos cidadãos”, disse.
Rui Machete reafirmou
o interesse de Portugal na organização e concordou que existe uma necessidade
de expansão e desenvolvimento da organização em matéria de economia, para que
“todas as potencialidades se concretizem“, acrescentou.
A mobilidade de
bens, pessoas e serviços foi um outro assunto destacado. Trata-se de, nas
palavras do secretário executivo da CPLP, de “um desafio enorme”. A intenção é
“construir uma sociedade de portas abertas”, na qual os cidadãos, assim como
bens e serviços, possam circular “sem problemas burocráticos”.
Assunto
Guiné-Bissau “ocupa lugar cimeiro”
Relativamente à
Guiné-Bissau, o secretário-executivo pediu ao ministro para que, no próximo
Conselho de Ministros, o assunto mereça uma atenção especial. “Temos de apoiar
a Guiné-Bissau a reconquistar a sua normalidade”, referiu Murade Murargy,
relembrando também a pretensão da Guiné-Equatorial entrar na CPLP, mas que tem
sido adiada. “Se conseguirmos respeitar os princípios que nos orientam, se
criarmos espaço para que outros se possam associar a nós (…) podemos ser uma
grande organização internacional”, defendeu.
Rui Machete
reconheceu que a Guiné "ocupa um lugar cimeiro nas preocupações” de
Portugal e que é muito importante que se realizem eleições no país, para que se
concretize a plenitude das funções democráticas”, reforçando a ideia da
necessidade de superar os incidentes e encontrar o caminho da normalidade. “Os
recentes incidentes em Bissau [com o voo da TAP] têm que ser ultrapassados em
prol dos interesses das duas populações”, afirmou o ministro.
Rui Machete
destacou ainda os sinais de “esperança” que vêm dos países que tiveram
dificuldades económicas, ou que enfrentaram situações de guerras (Guiné, Angola
e Moçambique), relativamente à superação dos seus problemas, e terminou
“renovando a promessa de que o Governo tudo fará para garantir o sucesso da
organização e dos seus membros”.
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