quinta-feira, 23 de janeiro de 2014

Tribunal Internacional decide processo de Timor-Leste contra a Austrália em fevereiro

 


Díli, 22 jan (Lusa) - O chefe da diplomacia timorense, José Luís Guterres, disse hoje à agência Lusa que o Tribunal Internacional de Justiça deve decidir em fevereiro sobre a entrega de documentos confidenciais apreendidos pela Austrália a Timor-Leste.
 
"Esperamos uma decisão dentro de quatro a cinco semanas", afirmou José Luís Guterres, que se encontra em Haia a acompanhar o processo, quando contactado por telefone pela Lusa.
 
Hoje, segundo o ministro dos Negócios Estrangeiros timorense, Timor-Leste apresentou no Tribunal Internacional de Justiça a sua argumentação final sobre o caso.
 
"Reiterámos a nossa posição. À tarde, às 17:00 (16:00 em Lisboa), vamos ouvir a argumentação final da Austrália", disse o ministro.
 
Timor-Leste pediu no passado dia 18 de dezembro ao Tribunal Internacional de Justiça (TIJ) que ordene à Austrália a restituição dos documentos confidenciais apreendidos durante buscas ao escritório e residência do advogado australiano que representa o país no caso das acusações de espionagem durante as negociações de um tratado sobre o petróleo e gás no mar de Timor.
 
O processo começou na segunda-feira em Haia, com Timor-Leste a pedir respeito pela soberania do país e a restituição dos documentos confidenciais.
 
Na terça-feira, os advogados da Austrália afirmaram que as rusgas ao escritório do advogado, realizadas em dezembro, foram "justificadas e legais", porque se tratou de uma questão de "segurança nacional".
 
Segundo o chefe da diplomacia timorense, o "argumento da Austrália foi contestado. Em termos de direito internacional não tem fundamento e sustentabilidade".
 
Timor-Leste quer que o TIJ ordene à Austrália a restituição dos documentos apreendidos, apresentação de desculpas oficiais e garantias do pagamento das custas judiciais.
 
"Os documentos que a Austrália tem na mão criam uma grande desvantagem para Timor-Leste e estamos preocupados com isso", disse recentemente o ministro do Petróleo de Timor-Leste, Alfredo Pires.
 
Timor-Leste acusou formalmente, junto do tribunal arbitral de Haia, a Austrália de espionagem quando estava a ser negociado o Tratado sobre Certos Ajustes Marítimos no Mar de Timor (CMATS), em 2004.
 
O processo de espionagem também está a ser tratado em Haia, mas pelo tribunal arbitral, devendo a primeira audiência ser realizada em fevereiro.
 
Com a arbitragem internacional, Timor-Leste pretende ver o tratado anulado, podendo assim negociar a limitação das fronteiras marítimas e, assim, tirar todos os proveitos da exploração do campo de gás de Greater Sunrise, que vale biliões de dólares.
 
MSE (FPA) // VM - Lusa
 

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