quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

Troika apontou "uma pistola à cabeça" dos países em crise, diz eurodeputado

 


O deputado integra uma delegação do Parlamento Europeu que chegou hoje a Atenas para continuar o inquérito sobre o papel da “troika” nos países colocados sob a sua tutela
 
O eurodeputado francês Liem Hoang-Ngoc considerou hoje que a 'troika' apontou “uma pistola à cabeça” dos países em crise para impor políticas de austeridade, o que impediu o debate democrático na Europa.
 
Numa entrevista à agência France Presse, o eurodeputado socialista criticou o défice democrático na Europa, assim como o que disse ser a falta de legitimidade da “troika”, criada devido ao aparecimento da crise da dívida.
 
A “troika” é formada por representantes da Comissão Europeia, do Banco Central Europeu e do Fundo Monetário Internacional.
 
“Ela (a “troika”) foi criada sem base legal, sem regras transparentes para definir como as decisões são propostas e avaliadas. Ainda que a Comissão explique que os Estados aceitam livremente as condições impostas, sob controlo dos Parlamentos nacionais. Pode questionar-se a liberdade de quem tem uma pistola apontada à cabeça”, explicou Liem Hoang-Ngoc.
 
O deputado integra uma delegação do Parlamento Europeu (PE) que chegou hoje a Atenas para continuar o inquérito sobre o papel da “troika” nos países colocados sob a sua tutela: Chipre, Grécia, Irlanda e Portugal.
 
O inquérito ocorre após quatro anos de políticas de austeridade, um prazo “muito revelador do caminho que ainda é preciso percorrer para concluir a construção de uma Europa verdadeiramente democrática”, adiantou.
 
“Se este inquérito contribuir para aumentar a participação nas próximas eleições europeias, um pré-requisito para qualquer mudança na Europa, considerarei a nossa missão cumprida em grande parte”, disse Hoang-Ngoc, coautor do relatório sobre o papel da “troika”.
 
“Quem é que hoje, ao nível europeu, assume responsabilidade pelas consequências económicas e sociais das políticas da ‘troika’?”, questionou-se o eurodeputado, lembrando a recessão profunda, a grande expansão do desemprego e a significativa taxa da dívida.
 
Liem Hoang-Ngoc considerou que “responder aquelas questões legítimas deve conduzir a uma profunda reforma da Europa, em direção a uma verdadeira democracia parlamentar que é a condição prévia a qualquer debate profundo sobre as políticas”.
 
Primeira vítima da crise da dívida em 2010, a Grécia já obteve dois empréstimos da zona euro e do FMI num total de 240 mil milhões de euros, em troca de uma redução drástica da despesa pública e de cortes nos salários e nas reformas.
 
Hoang-Ngoc e os restantes seis membros da delegação parlamentar, dirigida pelo austríaco do Partido Popular Europeu Othmar Karas, tem previstos encontros com o primeiro-ministro grego, Antonis Samaras, com o ministro das Finanças, Iannis Stournaras, e com responsáveis dos sindicatos.
 
Desde o início do inquérito sobre a "troika", em novembro, a delegação do PE já visitou o Chipre, a Irlanda e Portugal.
 
Lusa, jornal i
 

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