O deputado integra
uma delegação do Parlamento Europeu que chegou hoje a Atenas para continuar o
inquérito sobre o papel da “troika” nos países colocados sob a sua tutela
O eurodeputado
francês Liem Hoang-Ngoc considerou hoje que a 'troika' apontou “uma pistola à
cabeça” dos países em crise para impor políticas de austeridade, o que impediu
o debate democrático na Europa.
Numa entrevista à
agência France Presse, o eurodeputado socialista criticou o défice democrático
na Europa, assim como o que disse ser a falta de legitimidade da “troika”,
criada devido ao aparecimento da crise da dívida.
A “troika” é
formada por representantes da Comissão Europeia, do Banco Central Europeu e do
Fundo Monetário Internacional.
“Ela (a “troika”)
foi criada sem base legal, sem regras transparentes para definir como as
decisões são propostas e avaliadas. Ainda que a Comissão explique que os
Estados aceitam livremente as condições impostas, sob controlo dos Parlamentos
nacionais. Pode questionar-se a liberdade de quem tem uma pistola apontada à
cabeça”, explicou Liem Hoang-Ngoc.
O deputado integra
uma delegação do Parlamento Europeu (PE) que chegou hoje a Atenas para
continuar o inquérito sobre o papel da “troika” nos países colocados sob a sua
tutela: Chipre, Grécia, Irlanda e Portugal.
O inquérito ocorre
após quatro anos de políticas de austeridade, um prazo “muito revelador do
caminho que ainda é preciso percorrer para concluir a construção de uma Europa
verdadeiramente democrática”, adiantou.
“Se este inquérito
contribuir para aumentar a participação nas próximas eleições europeias, um
pré-requisito para qualquer mudança na Europa, considerarei a nossa missão
cumprida em grande parte”, disse Hoang-Ngoc, coautor do relatório sobre o papel
da “troika”.
“Quem é que hoje,
ao nível europeu, assume responsabilidade pelas consequências económicas e
sociais das políticas da ‘troika’?”, questionou-se o eurodeputado, lembrando a
recessão profunda, a grande expansão do desemprego e a significativa taxa da
dívida.
Liem Hoang-Ngoc
considerou que “responder aquelas questões legítimas deve conduzir a uma
profunda reforma da Europa, em direção a uma verdadeira democracia parlamentar
que é a condição prévia a qualquer debate profundo sobre as políticas”.
Primeira vítima da
crise da dívida em 2010, a Grécia já obteve dois empréstimos da zona euro e do
FMI num total de 240 mil milhões de euros, em troca de uma redução drástica da
despesa pública e de cortes nos salários e nas reformas.
Hoang-Ngoc e os
restantes seis membros da delegação parlamentar, dirigida pelo austríaco do
Partido Popular Europeu Othmar Karas, tem previstos encontros com o
primeiro-ministro grego, Antonis Samaras, com o ministro das Finanças, Iannis
Stournaras, e com responsáveis dos sindicatos.
Desde o início do
inquérito sobre a "troika", em novembro, a delegação do PE já visitou
o Chipre, a Irlanda e Portugal.
Lusa, jornal i
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