André dos Anjos
A esperança de vida
em Angola subiu de 47 para 51 anos, nos últimos 12 anos, período durante o qual
as taxas de vacinação passaram de 48 para 91 por cento. O índice de mortalidade
de crianças menores de cinco anos baixou de 250 para 195 em cada mil crianças
nascidas e as infra-estruturas hospitalares duplicaram, revelou o secretário de
Estado da Saúde.
Em entrevista
exclusiva ao Jornal de Angola, Carlos Alberto Masseca disse que o Plano
Nacional de Desenvolvimento Sanitário, em execução há dois anos, visa
consolidar as conquistas alcançadas no sector, humanizar os serviços de saúde e
tornar o acesso dos doentes cada vez mais fácil.
Jornal de Angola (JA) - Como actualmente avalia o Serviço Nacional de Saúde?
Carlos Alberto Masseca (CM) - Durante muitos anos, a principal causa de
mortalidade no país foi a guerra, que só terminou há 12 anos. O fim da guerra
permitiu a livre circulação de pessoas e bens, o regresso de populações
deslocadas às suas zonas de origem e descongestionou os principais centros
urbanos. Por iniciativa do Executivo, parte significativa dos recursos que era
absorvida pela guerra passou a ser canalizada para os sectores sociais, que
incluem a saúde.
JA - Quais são os ganhos de maior destaque?
CM - As melhorias em matéria de saúde devem ser vistas de forma integrada.
Os esforços desenvolvidos para a melhoria do acesso à água potável, energia
eléctrica, alimentação e o aumento dos rendimentos familiares concorreram para
a redução da mortalidade materna de 1.400 para 450 em cada 1.000 mulheres. A
mortalidade de menores de um ano, que em 2001, era de 150 baixou para 116 em
cada 1.000 crianças. O índice de mortalidade de menores de cinco anos baixou de
250 para 195 casos em cada 1.000 crianças. A esperança de vida à nascença, que,
em 2001, era de 47 anos subiu para os 51 anos. A taxa de cobertura de vacinação
passou de 48 para 91 por cento. As unidades sanitárias passaram de 1.450
unidades para 2.328. A poliomielite está controlada.
JA - Como está o sector em recursos humanos?
CM - Os quadros do sector em todos os momentos estiveram sempre ao lado
das populações, mesmo quando as condições militares eram difíceis. Muitos deles
perderam a vida em socorro das populações. Foram os técnicos de saúde que no
fim do conflito armado, num momento extremamente difícil para os angolanos,
garantiram assistência a todos, sem qualquer distinção. O Serviço Nacional de
Saúde é o segundo maior empregador da Função Pública, depois do sector da
Educação. Integra 71.267 trabalhadores, dos quais 3.940 são médicos.
JA - O número de médicos responde às necessidades do país?
CM - Com o apoio do departamento de Educação Ministerial relançámos, em
todo o território nacional, os cursos de formação média com pacote de 12
especialidades nas áreas de enfermagem e tecnologia de Saúde. O Departamento
Ministerial de ensino superior criou cinco novas Universidades com Faculdades
de Medicina e nove institutos superiores politécnicos com cursos de Saúde e continua
a enviar bolseiros para o exterior. Neste momento, o país forma 300 médicos por
ano, número que deve aumentar para mais de 500 nos próximos dois anos.
JA - Que acções estão previstas no plano de desenvolvimento?
CM - No quadro do Plano Nacional de Desenvolvimento Sanitário, o
Ministério da Saúde estendeu os cursos de especialização médica, com a criação
de internatos de especialidades nas províncias de Cabinda, Malanje, Benguela,
Huambo e Huíla. E está a criar condições para pós-graduação em diversas especialidades.
Tem em curso o relançamento dos núcleos de formação permanente nas direcções
provinciais de Saúde e nos hospitais provinciais e municipais.
JA - Quais são as grandes metas do plano?
CM - O Plano Nacional de Desenvolvimento Sanitário é uma orientação
estratégica do Presidente da República, que visa consolidar os êxitos
alcançados no sector da Saúde. A política de saúde e o plano estão em revisão.
Está prevista a integração de profissionais não formados nas áreas de ciências
de saúde, como economistas, gestores, psicólogos, sociólogos, antropologistas e
engenheiros, tendo em conta a prestação de serviços integrados. Um papel
importante está reservado a agentes comunitários de saúde, que devem actuar
como elos de ligação entre as unidades sanitárias e as comunidades.
JA - Como estamos em termos de infra-estruturas?
CM - Os esforços feitos nos últimos 12 anos, em termos de reabilitação e
construção de infra-estruturas, são indiscutíveis. O Serviço Nacional de Saúde
conta, actualmente, com 2.328 unidades hospitalares, 15 hospitais nacionais, 42
provinciais e 168 municipais. Durante os últimos 12 anos foram criados serviços
de alta complexidade nos hospitais centrais. Neste momento, estamos a
incrementar o programa de melhoria dos hospitais. Todo este esforço reduz
substancialmente a transferência de doentes para o exterior do país.
JA - Como está a decorrer o processo de municipalização dos serviços de saúde?
CA - A municipalização está enquadrada no processo de desconcentração e
descentralização dos serviços de saúde. Visa garantir os cuidados primários de
saúde, em todos os pontos do país, da cidade à aldeia. Prevê acções de carácter
individual e colectivo, que englobam a promoção da saúde, a prevenção e
tratamento de doenças. No quadro da cooperação com o Governo cubano foram
colocadas em 70 municípios equipas constituídas por um médico de família, uma
enfermeira licenciada e um especialista em ginecologia e obstetrícia. Nestes
municípios reside 80 por cento da população angolana.
Jornal de Angola –
foto Eduardo Pedro
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