"A dívida é a
nova forma de guerra, um instrumento de submissão dos povos", disse.
O comentador
político Pacheco Pereira acusou hoje o Governo PSD/CDS-PP de ter uma política
assistencialista para a pobreza e fazer um ataque à classe média que vai fazer
o país regressar ao modelo de desenvolvimento assente nos baixos salários.
"O elevador
social que garantia a classe média, retirando as pessoas da pobreza, está
quebrado por uma visão assistencial da pobreza (…). A pobreza deixa de ter
esperança de passar acima da pobreza", disse o antigo dirigente e deputado
do PSD.
"O discurso,
muitas vezes demagógico, do atual Governo, é ‘nós protegemos os mais pobres!’,
o que num certo sentido é verdade, mas a verdade é que protegendo os mais
pobres na sua pobreza impedem que haja qualquer diminuição da pobreza e, acima
de tudo, a passagem da pobreza para a classe média", acrescentou.
Pacheco Pereira,
que falava na conferência “25 de Abril: Liberdade e Cidadania”, que abriu a 2.ª
Semana da Comunicação Social organizada pela Escola Superior de Educação do
Instituto Politécnico de Setúbal, acusou também o Governo de estar a fazer um
ataque à classe média, através de uma diminuição de rendimentos, que terá
consequências graves no futuro.
Para o comentador,
"este ataque à classe média é extremamente preocupante para o futuro do
país, porque se traduz, entre outras coisas, numa quebra das qualificações da
população portuguesa".
“Isso significa que
os fatores estruturais do nosso atraso, mesmo no plano económico, ou até em
primeiro lugar no plano económico, fazem com que a única vantagem competitiva
para o futuro sejam os salários baixos. E com salários baixos nenhuma empresa
inova", acrescentou.
Na conferência
sobre “Liberdade e Cidadania”, Pacheco Pereira falou também sobre a importância
da censura para a manutenção do regime ditatorial do Estado Novo durante 48
anos e considerou o dia 25 de Abril de 1974 como o mais importante da sua vida.
"Para quem
viveu antes do 25 de Abril com alguma consciência da realidade, o dia 25 de Abril
é o dia mais importante da sua vida. O 25 de Abril foi o dia mais importante da
minha vida, porque eu sei muito bem como era antes e como foi depois",
disse.
Pacheco Pereira
referiu-se também à censura, lembrando que os censores não se limitavam às questões
políticas, mas também aos costumes, não deixando passar qualquer texto ou
referência que pudesse legitimar qualquer forma de contestação à hierarquia da
sociedade e ao poder instituído.
O almirante Manuel
Martins Guerreiro, da Associação 25 de Abril, também orador na conferência,
manifestou preocupação com o aumento do fenómeno da emigração e afirmou-se
convicto de que o problema fundamental está na elevada dívida soberana do país.
"A dívida é a
nova forma de guerra, um instrumento de submissão dos povos", disse.
O almirante
afirmou-se também convicto de que não será com as políticas atuais que os
portugueses conseguirão resolver o problema da dívida, mas através de um
exercício de cidadania que obrigue a uma responsabilização efetiva dos
decisores políticos.
Lusa, em jornal i
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