segunda-feira, 7 de abril de 2014

Pacheco Pereira diz que Governo quebrou elevador social e tem política assistencialista




"A dívida é a nova forma de guerra, um instrumento de submissão dos povos", disse.

O comentador político Pacheco Pereira acusou hoje o Governo PSD/CDS-PP de ter uma política assistencialista para a pobreza e fazer um ataque à classe média que vai fazer o país regressar ao modelo de desenvolvimento assente nos baixos salários.

"O elevador social que garantia a classe média, retirando as pessoas da pobreza, está quebrado por uma visão assistencial da pobreza (…). A pobreza deixa de ter esperança de passar acima da pobreza", disse o antigo dirigente e deputado do PSD.

"O discurso, muitas vezes demagógico, do atual Governo, é ‘nós protegemos os mais pobres!’, o que num certo sentido é verdade, mas a verdade é que protegendo os mais pobres na sua pobreza impedem que haja qualquer diminuição da pobreza e, acima de tudo, a passagem da pobreza para a classe média", acrescentou.

Pacheco Pereira, que falava na conferência “25 de Abril: Liberdade e Cidadania”, que abriu a 2.ª Semana da Comunicação Social organizada pela Escola Superior de Educação do Instituto Politécnico de Setúbal, acusou também o Governo de estar a fazer um ataque à classe média, através de uma diminuição de rendimentos, que terá consequências graves no futuro.

Para o comentador, "este ataque à classe média é extremamente preocupante para o futuro do país, porque se traduz, entre outras coisas, numa quebra das qualificações da população portuguesa".

“Isso significa que os fatores estruturais do nosso atraso, mesmo no plano económico, ou até em primeiro lugar no plano económico, fazem com que a única vantagem competitiva para o futuro sejam os salários baixos. E com salários baixos nenhuma empresa inova", acrescentou.

Na conferência sobre “Liberdade e Cidadania”, Pacheco Pereira falou também sobre a importância da censura para a manutenção do regime ditatorial do Estado Novo durante 48 anos e considerou o dia 25 de Abril de 1974 como o mais importante da sua vida.

"Para quem viveu antes do 25 de Abril com alguma consciência da realidade, o dia 25 de Abril é o dia mais importante da sua vida. O 25 de Abril foi o dia mais importante da minha vida, porque eu sei muito bem como era antes e como foi depois", disse.

Pacheco Pereira referiu-se também à censura, lembrando que os censores não se limitavam às questões políticas, mas também aos costumes, não deixando passar qualquer texto ou referência que pudesse legitimar qualquer forma de contestação à hierarquia da sociedade e ao poder instituído.

O almirante Manuel Martins Guerreiro, da Associação 25 de Abril, também orador na conferência, manifestou preocupação com o aumento do fenómeno da emigração e afirmou-se convicto de que o problema fundamental está na elevada dívida soberana do país.

"A dívida é a nova forma de guerra, um instrumento de submissão dos povos", disse.

O almirante afirmou-se também convicto de que não será com as políticas atuais que os portugueses conseguirão resolver o problema da dívida, mas através de um exercício de cidadania que obrigue a uma responsabilização efetiva dos decisores políticos.

Lusa, em jornal i

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