sábado, 12 de abril de 2014

Portugal: MILITARES VÃO MESMO DISCURSAR NO 25 DE ABRIL, MAS FORA DO PARLAMENTO




Depois da troca de palavras com a presidente da Assembleia da República - e do polémico "o problema é deles", de Assunção Esteves -, os capitães de Abril já decidiram o que vão fazer.

Carlos Abreu e Manuela Goucha Soares

Os militares que fizeram o 25 de Abril vão intervir publicamente no dia em que se celebram os 40 anos da Revolução dos Cravos. "Iremos preparar uma intervenção e vamos torná-la pública no dia 25 de Abril. Ainda não decidimos qual vai ser o local", diz ao Expresso Vasco Lourenço, presidente da Associação 25 de Abril.

O conteúdo da intervenção vai ser debatido pelo militares "no âmbito da Associação". "Não tenho por hábito preparar as intervenções de forma isolada, mesmo que no final seja eu a redigi-la", refere Vasco Lourenço.

Por sua vez, o presidente da Associação dos Oficiais das Forças Armadas (AOFA), Pereira Cracel, considera que "presidente da Assembleia da República tem sido infeliz na forma como fala e nas posições assumidas".

"Compreendemos a posição [de Assunção Esteves]. Os governantes não gostam de ouvir as associações de militares, na medida em que não glorificam a sua atuação. É expectável que os capitães de Abril fossem colocar em causa o que está a acontecer", considera Pereira Cracel.

A reação do ministro da Defesa, que saiu em defesa de Assunção Esteves, não surpreendeu os militares da AOFA. "Aguiar-Branco já nos habituou a repetir refrões. Foram os militares que deram ao ministro da Defesa a oportunidade de dizer as asneiras que vai dizendo", afirma Pereira Cracel ao Expresso.

No ano em que se comemoram os "40 anos do 25 de Abril, acontecimento promovido pelos militares, era compreensível que os protagonistas dessa gloriosa data pudessem usar da palavra", acrescenta o presidente da AOFA.

Entretanto, o grupo parlamentar do partido socialista pediu a Assunção Esteves a convocação de uma conferência de líderes por causa da ausência dos capitães de Abril na cerimónia oficial no Parlamento.

Em carta dirigida a Assunção Esteves e assinada por Alberto Martins, líder da bancada, os socialistas escrevem que "a pretensão dos capitães de Abril de falar na sessão solene do 25 de Abril tornou-se um facto público que a Assembleia da República deve apreciar em tempo útil."

Assunção Esteves afirmou, esta quinta-feira, que convidou a Associação 25 de Abril para estar presente - e "só" isso - na sessão solene comemorativa da revolução e que se os militares impõem a condição de falar "o problema é deles".

Fonte socialista aponta ao Expresso que "assunto nunca foi discutido em conferência de líderes, o único local onde tem de ser discutido". A próxima reunião está agenda para 23 de abril, data que "pode ser tardia". 

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