segunda-feira, 9 de junho de 2014

Confronto extremo pode ser a solução para o fim das batalhas - RENAMO




Tal como aumentam os confrontos e as suas consequências, sobe o tom das ameaças da RENAMO. Enquanto isso, o Governo da FRELIMO pauta por um discurso de abertura ao diálogo, pelo menos publicamente.

O recrudescimento dos confrontos na região centro deMoçambique não passa da instrumentalização do caos para obter vantagens na mediação do caso, defendeu o analista Henriques Viola que falou a DW África, embora a RENAMO acredite que o Governo esteja a jogar de forma menos justa, como destacou Antonio Muchanga, porta-voz do partido da oposição em questão e do seu líder Afonso Dhlakama.

Em entrevista, ele falou dos acontecimentos do último domingo (8.06): “Voltaram a usar armas de destruição em massa, na mesma região onde o presidente recenseou-se. [A situação] pode criar problemas sérios porque os comandantes da RENAMO podem tomar a decisão de alastrar a guerra para outras regiões”, explicou Muchanga.

Troca de acusações

O porta-voz da RENAMO está certo de que o Governo (FRELIMO) pretende destruir o seu partido e matar Afonso Dhlakama. Mas Edson Macuácua, porta-voz do Presidente moçambicano Armando Guebuza, nega tudo.

A troca de acusações entre a RENAMO e o Governo da FRELIMO é constante. Entretanto, as atitudes não trazem nenhum avanço à mesa de negociações. A única coisa que se registra são guerras.

Para o analista do Centro de Estudos Moçambicanos e Internacionais, Henriques Viola, esta situação faz uso da confusão, da tensão e do medo das pessoas para se obter vantagens.

Enquanto as partes agravam as ações militares com vista a alcançar o que consideram serem as posições mais justas, mais pessoas estão a morrer.

“Só a FRELIMO pode acabar com os confrontos”

Também em termos económicos já se registram danos. As mercadorias não chegam como deveriam aos diversos pontos do país, encarecendo principalmente os bens de primeira necessidade. Nas áreas de confrontos, por exemplo, já faltam medicamentos.

O maior partido da oposição moçambicana, entretanto, deixa claro que o fim dos confrontos está nas mãos do Governo da FRELIMO. A este último cabe apenas aceitar uma exigência da RENAMO, de acordo com António Muchanga: "O Governo está a ser relutante. Está a negar coisas simples como convidar a Comunidade Internacional para vir a Moçambique para nos ajudar a resolver o problema”, esclarece Muchanga.

“Toda a gente vai chorar”

Desde o aumento da tensão entre as partes tem-se aventado a possibilidade de um diálogo entre o líder da RENAMO, Afonso Dhlakama, e o Presidente de Moçambique, Armando Guebuza, para que seja dado um maior impulso às negociações. E Macuácua deixou claro que o chefe de Estado moçambicano está pronto para tal: “Estamos à espera, a qualquer momento. Acreditamos que ainda possa prevalecer o bom senso. Estamos sempre disponíveis."

A RENAMO por seu lado, que se sente provocada também pelos ataques, aumenta as ameaças: “Quando a RENAMO começar a responder, com a proporção que eles estão a atacar, toda a gente vai chorar. É isso que estamos a lamentar apenas”, alerta Muchanga.

Para o maior partido da oposição (RENAMO), o diálogo começou a ser de “surdos e mudos”, mas Muchanga deixa nas entrelinhas que o bom caminho deve estar por perto ao estabelecer a seguinte analogia: “A partir da experiência da Segunda Guerra Mundial, acredito que quanto mais intensas as coisas forem, mais próximas do fim estão. As bombas de Hiroshima e Nagasaki foram atiradas no último mês”, compara.

Deutsche Welle – Autoria: Nádia Issufo – Edição: Bettina Riffel / António Rocha

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