terça-feira, 17 de junho de 2014

CRISE PODERÁ LEVAR À FRAGMENTAÇÃO DO IRAQUE?


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O Iraque enfrenta sua crise mais séria dos últimos anos, com o país à beira de um colapso em meio a ofensivas de militantes sunitas. Como isto pôde acontecer tão rápido?

BBC Brasil

Veja abaixo algumas perguntas e respostas sobre a atual crise no Iraque.

O Iraque é marcado pela violência, então o que há de novo?

A invasão, liderada pelos EUA em 2003, deu início a uma insurgência sangrenta liderada por iraquianos muçulmanos sunitas, que controlavam o país sob o governo de Saddam Hussein. Ataques contra autoridades e civis desencadearam represálias em grande escala por membros da maioria árabe xiita.

A violência sectária atingiu seu pico em 2006 e, apesar de ainda estar abaixo dos seus piores níveis, vem crescendo desde que tropas americanas deixaram o país, no final de 2011.

A onda atual teve início em dezembro, quando militantes sunitas que tentam criar um Estado islâmico no Iraque e na Síria assumiram o controle da cidade central de Falluja.

Apoiados por tribos locais, militantes exploraram o descontentamento generalizado entre árabes sunitas, que acusam o primeiro-ministro iraquiano, Nouri Maliki, um muçulmano xiita, de discriminação e monopólio do poder.

Seis meses depois, militantes lançaram uma ofensiva na segunda maior cidade iraquiana, Mosul, no norte. Trinta mil soldados abandonaram suas armas e deixaram a cidade quando foram confrontados por cerca de 800 homens armados. Fortalecidos, militantes avançaram ao sul, rumo à capital, Bagdá.

Quem está por trás da ofensiva?

Os ataques nas cidades iraquianas têm sido liderados pelo grupo Estado Islâmico no Iraque e no Levante (Isis, na sigla em inglês). Há cinco anos, os EUA disseram que a dissidência da al-Qaeda estava "à beira de uma derrota estratégica".

Atualmente, o grupo realiza ataques quase que diários em Bagdá e controla territórios de centenas de quilômetros nas regiões oeste e norte do Iraque e pela Síria, onde pretende formar um país.

É tudo por religião?

Por mais de mil anos, o Iraque tem sido o palco de muitas das batalhas que definem a rivalidade entre muçulmanos sunitas e xiitas.

Nas últimas décadas, o domínio da minoria sunita do Iraque e a perseguição à maioria xiita só aumentou as tensões sectárias.

Apesar das profundas divisões religiosas serem o principal foco da violência, muitos dizem que a razão não é somente sectária.

O conflito étnico contribuiu para a instabilidade e disputas políticas também têm um importante papel na crise atual.

O que acontece no Iraque está ligado aos eventos na Síria?

O conflito na Síria, sem dúvida, desestabilizou o Iraque. Iraquianos, que no início mantiveram-se distantes, estão agora lutando nos dois lados do confronto sírio, que já dura três anos.

O governo de Maliki, dominado por muçulmanos xiitas, nega estar apoiando o presidente sírio, Bashar al-Assad, um xiita alauíta. Mas analistas dizem que autoridades fecharam os olhos para o fluxo de armas e combatentes que saíram do Irã, maior aliado de Assad, e atravessaram o Iraque, rumo à Síria.

Os rebeldes sírios, de maioria sunita, têm recebido apoio dos árabes sunitas no Iraque, que cederam armamento, munição, abrigo e homens. O Isis enviou dinheiro e militantes experientes à Síria, antes de se juntar ao conflito, em 2013.

Desde então, o grupo estabeleceu bastiões nos dois lados da frágil fronteira, onde movimenta recrutas e material entre os países, o que aumenta a dimensão da crise.

Outros países se envolverão na crise?

Os EUA disseram que o Isis é uma "ameaça a toda a região" e o presidente americano, Barack Obama, está analisando todas as opções, inclusive as militares, para ajudar o governo iraquiano. No entanto, autoridades insistem que ele não considera enviar tropas de volta ao Iraque.

O presidente iraniano, Hassan Rouhani, considerou o Isis como "bárbaros" e alertou que o seu país não irá tolerar "esta violência e terror".

A Turquia disse que irá retaliar somente se seus 80 cidadãos recentemente capturados pelo Isis no norte do Iraque sejam violentados.

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