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O
Iraque enfrenta sua crise mais séria dos últimos anos, com o país à beira de um
colapso em meio a ofensivas de militantes sunitas. Como isto pôde acontecer tão
rápido?
BBC
Brasil
Veja
abaixo algumas perguntas e respostas sobre a atual crise no Iraque.
O
Iraque é marcado pela violência, então o que há de novo?
A
invasão, liderada pelos EUA em 2003, deu início a uma insurgência sangrenta
liderada por iraquianos muçulmanos sunitas, que controlavam o país sob o
governo de Saddam Hussein. Ataques contra autoridades e civis desencadearam
represálias em grande escala por membros da maioria árabe xiita.
A
violência sectária atingiu seu pico em 2006 e, apesar de ainda estar abaixo dos
seus piores níveis, vem crescendo desde que tropas americanas deixaram o país,
no final de 2011.
A
onda atual teve início em dezembro, quando militantes sunitas que tentam criar
um Estado islâmico no Iraque e na Síria assumiram o controle da cidade central
de Falluja.
Apoiados
por tribos locais, militantes exploraram o descontentamento generalizado entre
árabes sunitas, que acusam o primeiro-ministro iraquiano, Nouri Maliki, um
muçulmano xiita, de discriminação e monopólio do poder.
Seis
meses depois, militantes lançaram uma ofensiva na segunda maior cidade
iraquiana, Mosul, no norte. Trinta mil soldados abandonaram suas armas e
deixaram a cidade quando foram confrontados por cerca de 800
homens armados. Fortalecidos, militantes avançaram ao sul, rumo à capital,
Bagdá.
Quem
está por trás da ofensiva?
Os
ataques nas cidades iraquianas têm sido liderados pelo grupo Estado Islâmico no
Iraque e no Levante (Isis, na sigla em inglês). Há cinco anos, os EUA disseram
que a dissidência da al-Qaeda estava "à beira de uma derrota estratégica".
Atualmente,
o grupo realiza ataques quase que diários em Bagdá e controla territórios de
centenas de quilômetros nas regiões oeste e norte do Iraque e pela Síria, onde
pretende formar um país.
É
tudo por religião?
Por
mais de mil anos, o Iraque tem sido o palco de muitas das batalhas que definem
a rivalidade entre muçulmanos sunitas e xiitas.
Nas
últimas décadas, o domínio da minoria sunita do Iraque e a perseguição à
maioria xiita só aumentou as tensões sectárias.
Apesar
das profundas divisões religiosas serem o principal foco da violência, muitos
dizem que a razão não é somente sectária.
O
conflito étnico contribuiu para a instabilidade e disputas políticas também têm
um importante papel na crise atual.
O
que acontece no Iraque está ligado aos eventos na Síria?
O
conflito na Síria, sem dúvida, desestabilizou o Iraque. Iraquianos, que no
início mantiveram-se distantes, estão agora lutando nos dois lados do confronto
sírio, que já dura três anos.
O
governo de Maliki, dominado por muçulmanos xiitas, nega estar apoiando o
presidente sírio, Bashar al-Assad, um xiita alauíta. Mas analistas dizem que
autoridades fecharam os olhos para o fluxo de armas e combatentes que saíram do
Irã, maior aliado de Assad, e atravessaram o Iraque, rumo à Síria.
Os
rebeldes sírios, de maioria sunita, têm recebido apoio dos árabes sunitas no
Iraque, que cederam armamento, munição, abrigo e homens. O Isis enviou dinheiro
e militantes experientes à Síria, antes de se juntar ao conflito, em 2013.
Desde
então, o grupo estabeleceu bastiões nos dois lados da frágil fronteira, onde
movimenta recrutas e material entre os países, o que aumenta a dimensão da
crise.
Outros
países se envolverão na crise?
Os
EUA disseram que o Isis é uma "ameaça a toda a região" e o presidente
americano, Barack Obama, está analisando todas as opções, inclusive as
militares, para ajudar o governo iraquiano. No entanto, autoridades insistem
que ele não considera enviar tropas de volta ao Iraque.
O
presidente iraniano, Hassan Rouhani, considerou o Isis como
"bárbaros" e alertou que o seu país não irá tolerar "esta
violência e terror".
A
Turquia disse que irá retaliar somente se seus 80 cidadãos recentemente
capturados pelo Isis no norte do Iraque sejam violentados.
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