domingo, 22 de junho de 2014

Mais de meio milhão já votou em referendo à democracia em Hong Kong




Hong Kong, China, 21 jun (Lusa) - Mais de meio milhão de pessoas participaram no referendo sobre a reforma eleitoral em Hong Kong, uma votação não oficial lançada num clima de tensão, com a ala democrata a temer que Pequim recue na sua promessa de sufrágio universal.

Às 17:00 locais (10:00 em Lisboa) 514.996 pessoas tinham participado no "referendo civil" informal em que se pede aos residentes de Hong Kong para escolherem um de três métodos de votação para o próximo chefe do Executivo de Hong Kong, em 2017.

A adesão massiva superou já as expectativas dos organizadores do "referendo", no qual podem participar todos os residentes permanentes de Hong Kong com mais de 18 anos.

A votação 'online' arrancou na sexta-feira e prolonga-se até ao próximo dia 29.

A plataforma de votação eletrónica tem, contudo, sido alvo de ataques informáticos, os quais estão a ser investigados pela polícia de Hong Kong, segundo garantiu o Secretário para a Segurança, Lai Tung-kwok, em declarações citadas pela Rádio e Televisão Pública de Hong Kong (RTHK).

O arranque da votação 'online' foi ainda assim bem-sucedido, depois de o sistema ter sido bombardeado por milhões dos chamados ataques por negação do serviço durante um período anterior de pré-registo.

O "Occupy Central", um movimento local pró-democracia que organiza a votação, considera que uma elevada taxa de participação iria demonstrar a determinação de Hong Kong em conquistar o "verdadeiro" sufrágio universal para a Região Administrativa Especial chinesa.

A implementação do sufrágio universal para a eleição do chefe do executivo, em 2017, e para o Conselho Legislativo (parlamento), em 2020, figura como o grande "cavalo de batalha" da ala pró-democrata da antiga colónia britânica.

O chefe do executivo de Hong Kong é escolhido por um colégio eleitoral formado por 1.200 membros, representativos dos vários setores da sociedade, dominado por elites pró-Pequim.

A China prometeu sufrágio direto nas próximas eleições para o chefe do Executivo em 2017, mas condicionadas a uma triagem, ou seja, a população poderá escolher o seu representante máximo mas apenas entre o universo de candidatos escolhidos numa pré-seleção por um comité.

Muitos democratas em Hong Kong temem que Pequim escolha os candidatos a fim de assegurar a eleição de alguém que seja do seu agrado.

Os residentes têm exercido o seu voto 'online' e através de aplicações de 'smartphones', mas a organização planeia espalhar, este domingo, urnas em toda a cidade.

As autoridades chinesas advertiram que qualquer referendo em Hong Kong sobre o método de eleição do seu líder não terá qualquer base jurídica, pelo que será considerado ilegal e inválido.

Para 01 de julho, data da transferência de soberania de Hong Kong para a China, está prevista, como habitualmente, uma manifestação.

Os organizadores da marcha pró-democracia esperam a participação de pelo menos 100 mil pessoas.

A Frente Civil de Direitos Humanos considera 2014 um ano crucial para Hong Kong por causa da reforma política, pelo que apenas uma elevada adesão ao protesto pode garantir que o desejo do povo por verdadeira democracia é recebido em Pequim.

DM // VC - Lusa

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