Hong
Kong, China, 21 jun (Lusa) - Mais de meio milhão de pessoas participaram no
referendo sobre a reforma eleitoral em Hong Kong , uma votação não oficial lançada num
clima de tensão, com a ala democrata a temer que Pequim recue na sua promessa
de sufrágio universal.
Às
17:00 locais (10:00 em Lisboa) 514.996 pessoas tinham participado no
"referendo civil" informal em que se pede aos residentes de Hong Kong
para escolherem um de três métodos de votação para o próximo chefe do Executivo
de Hong Kong, em 2017.
A
adesão massiva superou já as expectativas dos organizadores do
"referendo", no qual podem participar todos os residentes permanentes
de Hong Kong com mais de 18 anos.
A
votação 'online' arrancou na sexta-feira e prolonga-se até ao próximo dia 29.
A
plataforma de votação eletrónica tem, contudo, sido alvo de ataques
informáticos, os quais estão a ser investigados pela polícia de Hong Kong,
segundo garantiu o Secretário para a Segurança, Lai Tung-kwok, em declarações
citadas pela Rádio e Televisão Pública de Hong Kong (RTHK).
O
arranque da votação 'online' foi ainda assim bem-sucedido, depois de o sistema
ter sido bombardeado por milhões dos chamados ataques por negação do serviço
durante um período anterior de pré-registo.
O
"Occupy Central", um movimento local pró-democracia que organiza a
votação, considera que uma elevada taxa de participação iria demonstrar a
determinação de Hong Kong em conquistar o "verdadeiro" sufrágio
universal para a Região Administrativa Especial chinesa.
A
implementação do sufrágio universal para a eleição do chefe do executivo, em
2017, e para o Conselho Legislativo (parlamento), em 2020, figura como o grande
"cavalo de batalha" da ala pró-democrata da antiga colónia britânica.
O
chefe do executivo de Hong Kong é escolhido por um colégio eleitoral formado
por 1.200 membros, representativos dos vários setores da sociedade, dominado
por elites pró-Pequim.
A
China prometeu sufrágio direto nas próximas eleições para o chefe do Executivo
em 2017, mas condicionadas a uma triagem, ou seja, a população poderá escolher
o seu representante máximo mas apenas entre o universo de candidatos escolhidos
numa pré-seleção por um comité.
Muitos
democratas em Hong Kong
temem que Pequim escolha os candidatos a fim de assegurar a eleição de alguém
que seja do seu agrado.
Os
residentes têm exercido o seu voto 'online' e através de aplicações de
'smartphones', mas a organização planeia espalhar, este domingo, urnas em toda
a cidade.
As
autoridades chinesas advertiram que qualquer referendo em Hong Kong sobre o método
de eleição do seu líder não terá qualquer base jurídica, pelo que será
considerado ilegal e inválido.
Para
01 de julho, data da transferência de soberania de Hong Kong para a China, está
prevista, como habitualmente, uma manifestação.
Os
organizadores da marcha pró-democracia esperam a participação de pelo menos 100
mil pessoas.
A
Frente Civil de Direitos Humanos considera 2014 um ano crucial para Hong Kong
por causa da reforma política, pelo que apenas uma elevada adesão ao protesto
pode garantir que o desejo do povo por verdadeira democracia é recebido em
Pequim.
DM
// VC - Lusa
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