Carlos
Diogo Santos - jornal i
A
eurodeputada Ana Gomes disse ontem que o BES recusou o financiamento da troika
para "não ter de abrir as contas do banco à supervisão do Estado". BE
defende que Salgado não tem idoneidade
A
eurodeputada socialista Ana Gomes comparou ontem o Banco Espírito Santo (BES)
ao BPN, afirmando que ambos são ou foram instrumentos de actividade criminosa.
Ana Gomes disse ainda, em declarações à Antena 1, que "ninguém, chame-se
Salgado ou Espírito Santo, pode ser demasiado Santo para ir preso".
A
reacção surge dias após ter sido tornado público que o antigo contabilista da
Espírito Santo International (ESI) Francisco Machado da Cruz acusou o
presidente executivo do BES, Ricardo Salgado, de ter autorizado a manipulação
das contas daquela holding. Na prática, foi ocultado um passivo de 1,3 mil
milhões de euros.
A
razão de ser do sistema A eurodeputada do PS fez um ataque violento a Ricardo
Salgado aos microfones da Antena 1. "Estas revelações recentes sobre o
Grupo Espírito Santo" (GES) "confirmam que a fraude e a criminalidade
financeira não são a excepção. Eram e são a razão de ser do sistema de economia
de casino em que continuamos a viver. Estas revelações confirmaram também o que
toda a gente sabia: que o banqueiro Salgado não queria o financiamento do
Estado para não ter de abrir as contas do banco e do grupo à supervisão do
Estado", afirmou a ex-diplomata.
Para
a Ana Gomes, o Estado está "na mão de governantes tão atreitos a recorrer
ao GES/BES para contratos ruinosos. Das PPP ao sobreiros, dos swaps aos
submarinos e outros contratos de defesa corruptos. À conta de tudo isso e de
mecenato suficiente para capturar políticos, Ricardo Salgado conseguiu o
cognome de DDT - o Dono de Tudo Isto. E conseguiu paralisar as tentativas de
investigação judicial sobre os casos submarinos, Furacão, Monte Branco e até
recorrer às amnistias fiscais oferecidas pelo governo", concluiu.
O
i noticiou ontem que o facto de a ESI estar a ser investigada no Luxemburgo não
impede o Ministério Público de abrir um inquérito em Portugal para investigar a
ocultação de parte do passivo desta holding de controlo do GES.
Tal
como o i noticiou em 2013, Ricardo Salgado foi obrigado a rectificar a sua
declaração de IRS em 8,5 milhões de euros - valor recebido em Angola -, 11 dias
antes de ir depor no inquérito do Monte Branco.
A
eurodeputada lembra que perante tudo isto os reguladores, o Banco de Portugal
(BdP) e a Comissão do Mercado de Valores Mobiliários, nem pestanejaram. Só
"a mudança das regras e dos rácios bancários que foram determinados por
pressão e co-decisão do Parlamento Europeu obrigaram o BdP a ter mesmo de ir
analisar as contas do GES. A contragosto, claro, e com muito jeitinho",
criticou a socialista.
BE
reafirma falta de idoneidade de Salgado Pedro Filipe Soares, líder parlamentar
do Bloco de Esquerda, reafirmou ao i o que já tinha reafirmado a Carlos Costa,
governador do Banco de Portugal, na última audição no parlamento ocorrida no
final de Maio: "Ricardo Salgado não tem idoneidade para continuar à frente
do BES." Uma crítica que ainda teve eco no regulador do sector bancário.
Contactados
igualmente pelo i, os restantes partidos parlamentares recusaram comentar o
caso BES e as declarações de Machado da Cruz.
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