Natalia Kovalenko –
Voz da Rússia
A
Rússia apresentou ao Conselho de Segurança da ONU um novo projeto de resolução
para normalização na Ucrânia, com uma particular ênfase para a crise
humanitária no Sudeste do país.
Para
que o documento possa contar com um largo apoio internacional, a delegação
russa atualizou o projeto, tomando em conta as sugestões de outros membros do
Conselho de Segurança. No entanto, o Ocidente continua fazendo a vista grossa à
catástrofe humanitária que se verifica hoje na Ucrânia dilacerada pela guerra
civil.
O
projeto russo se tornou mais abrangente e rico em conteúdo. Inicialmente ,
tinha destacado os aspectos puramente humanitários da crise no Sudeste – a
morte de habitantes locais durante os ataques de lança-granadas e mísseis, a
falta acentuada de água potável, alimentos, medicamentos e a necessidade
premente de abrir corredores humanitários para os refugiados.
O
novo projeto já não tem uma componente política, visto que tal teria engendrado
polêmicas prolongadas diante de um progressivo e perigoso agravamento da
situação humanitária.
Os
parceiros ocidentais têm uma visão diferente. Ao declarar que sem os alegados
aspectos políticos o documento não poderia ser adotado, acabaram por declinar o
projeto russo. O preço disso foi elevado: pela ideológica delonga, provocada
pelos membros ocidentais do CS da ONU, os habitantes da região de Donetsk
pagaram dezenas de vidas das pessoas inocentes, incluindo crianças.
Deste
modo, o segundo projeto proposto pela Rússia não agradou aos seus parceiros do
CS. Mas quando, dias antes, estes últimos se tinham recusado a condenar um
ataque à embaixada da Rússia em Kiev, se tornou claro que o Ocidente estaria
favorecendo as autoridades ucranianas não obstante uma grosseira violação das
normas fundamentais do direito internacional.
Na
ONU, deixou de existir não apenas a solidariedade corporativa, mas também o
senso comum, sustenta o senador, chefe da comissão de assuntos internacionais,
Mikhail Marguelov:
“Apesar
de eventuais discórdias diplomáticas, a solidariedade corporativa consiste em
que, nas relações internacionais, há de se respeitar, de forma sacramental, a
Convenção de Viena. O fato de os EUA e outros membros permanentes do CS,
excepto a China, não terem apoiado o documento que condena o assalto à
embaixada russa em Kiev, comprova a política ocidental de dois pesos e duas
medidas”.
Importa
ressalvar que, em contatos privados, muitos políticos do Ocidente condenam a
política de Kiev. Mas não se atrevem a declarar a sua opinião na tribuna da
ONU. Até o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, não se pronunciou em defesa de
diplomatas russos.
Ora,
para todos os que acompanham de perto o evoluir da situação na Ucrânia se torna
evidente que as infrações se vão aumentando pela ascendente. O presidente
ucraniano legítimo tinha sido afastado do poder com o emprego da força. Depois,
Kiev terá lançado o exército para reprimir os habitantes do Sudeste
descontentes com tal situação alarmante, efetuando ataques contra as vilas
pacíficas e praticando a captura de jornalistas estrangeiros. Passado mais
algum tempo, foi assaltada a missão diplomática da Rússia na capital ucraniana.
Os autores dessas arbitrariedades têm saído impunes.
Apesar
disso, Moscou não deixa de bater na porta da comunidade mundial. O novo projeto
contem muitas referências à legislação internacional e a tais normas
inalienáveis como a soberania e a independência.
Uma
atenção especial é dedicada à atividade desenvolvida pela OSCE. Dai a esperança
de que a maioria dos membros do CS se mostre favorável ao novo projeto russo. O
documento se centra num imperativo de cessar o fogo, liquidar as consequências
da catástrofe humanitária e criar condições propícias para regularização da
crise política.
Foto: RIA/Novosti
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