Flávio
Mattel, Rio de Janeiro
Os
protestos contra os bilhões esbanjados
na operação do evento para a realização da Copa do Mundo têm razão de existir.
Jamais o Brasil verá o retorno do dinheiro gasto. E assim menos investimento
será disponibilizado para uma melhor justiça social (que era possível),
melhores equipamentos e infraestruturas de comodidade e benefícios da população.
Todos sabemos isso. Até Dilma sabe, apesar de surgir dizendo o contrário.
Para
agravar a contestação acresce o fato de sabermos que a FIFA não é mais que um
abrigo de jacarés e jararacas mafiosos com poderes para além dos governos legítimos
e eleitos democraticamente. A falta de credibilidade dos seus dirigentes e os
casos nebulosos que apontam corrupções contribuem imenso para que os povos
sobreponham seus protestos ao gosto pelo desporto que é rei: o futebol.
No
Brasil existem as maiores injustiças sociais do mundo. Neste imenso país
registam-se genocídios das tribos que compõem os verdadeiros, os originais
brasileiros: os índios. Somando a isso os maus tratos, assassinatos, exclusões
e comprovado racismo contra os que realmente construíram o Brasil vindo
escravos (os negros)… Tanto que há para referir. Eta, que um dia o Brasil pode virar barril de pólvora.
Tudo
isso dita que sejamos contra a Copa que está acontecendo neste país tropical
esquecido por Deus. Não contra a Copa do futebol que adoramos. Sim contra a Copa
que veio trazendo mais corruptores e corruptos, da FIFA e suas bandas largas. Olhem
gente o dinheiro que corre como rios e sai das privações e carências dos
brasileiros menos afortunados.
No
Brasil estamos quase todos contra a Copa aqui, neste país do futebol. Mas vamos
ver, vibrar e torcer pela nossa seleção e pelo bom futebol. Queremos encher a
barriga de gols e tratar mazelas e doenças tão rápido e eficientemente como os
jogadores. Mesmo o brasileiro sabendo que isso é um sonho impossível porque
tratos de saúde impecável é para ricos. Para o povo quase está escrito na ordem
do dia que se reservam os tratos de polé. E a educação? Dessa nem se fala
porque mesmo melhorando ficará sempre de rastos, comparada com a educação
comprada pelas elites. E o esclavagismo. E os assassinatos das chamadas forças
da ordem, os políciais?
Existe
razão para os protestos. Enfatizamos este aparente contrasenso: somos contra a
Copa mas vamos ver, vibrar e torcer pelo Brasil, como nos tempos dos coronéis,
da ditadura, em que tudo era muito pior. Brasil melhorou? Sim. Imenso. Mas podia ser muito melhor se não fossem as injustiças que pautam no quotidiano como peste ordenada por sicários do capeta protetor dos bandos de malfeitores de colarinho branco.
Não
esqueçam o muito sangue que vai correr por tudo isto, nem esqueçam as mortes ao
redor dos protestos contra a Copa. Mas isso é fruto deste país de polícia tão violenta que atua tantas vezes
fora da lei e disso faz sua cultura impunemente. Somos contra essa lamentável
realidade.
Contra a Copa… Mas a favor. Se não, não veríamos o futebol que nos vai mostrar.
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