Tribunal
ordena prisão de 27 pessoas. Portugal investiga também movimentações
financeiras do BESA
Voz
da América
Os
escândalos não param. Depois da notícia de que personalidades angolanas poderão
estar envolvidas no desvio de dezenas de milhões de dólares num negócio com
companhias espanholas, surge agora o desvio de mais de 130 milhões de dólares
do Banco Nacional de Angola.
Isto
ao mesmo tempo que as autoridades porutuguesas iniciaram uma investigação a
movimentações de fundos do BESA, um banco que teve que receber milhares de
milhões de dólares do Governo angolano para evitar a falência.
No
caso do BNA um mandado de captura foi emitido contra 27 pessoas.
A
imprensa angolana disse que a ordem de prisão foi dada pelo Tribunal Supremo
que rejeitou a liberdade provisória dos acusados que anteriormente lhes tinha
sido concedida.
Os
27 indivíduos são acusados de constituírem uma organização criminosa cuja
actividade consistia em efectuar transferências ilícitas para o exterior do
país.
As
transferências, segundo as acusações, eram realizadas através da falsificação
de documentos introduzidos irregularmente no gabinete do governador do Banco
Nacional de Angola, num esquema que teria resultado no desvio de 136 milhões de
dólares dólares americanos dos cofres do Estado.
Ao
rejeitar a liberdade provisória dos acusados o Tribunal revelou que os alegados
crimes remontam ao ano de 2009 quando através de acções irregulares o
Departamento de Gestão de Reservas do banco central levou a cabo várias
operações de pagamentos para o exterior do país em transferências
irregularmente ordenadas ao Banco Espirito Santo de Londres.
O
grupo, diz a imprensa angolana, era liderado por funcionários de base do Banco
Nacional de Angola e do Ministério das Finanças, incluindo um arquivista, um
contínuo, um recepcionista e um motorista estafeta.
Desconhece-se
quem são os outros acusados, embora se saiba que envolvem também elementos da
polícia nacional.
As
transferências falsas teriam sido descobertas ainda em 2009 pelo então ministro
das Finanças em
exercício Manuel da Cruz Neto.
Portugal
investiga BESA
Em
Portugal, os dinheiros movimentados pelo Banco Espírito Santo Angola, o BESA,
estão sob investigação do Departamento Central de Investigação Penal e da
Divisão de Investigação de Fraude e Acções Especiais daquele país.
Segundo
uma notícia publicada hoje pela revista portuguesa Sábado, um determinado NIB,
número de identificação bancária, foi fundamental para localizar uma agência do
banco Santander Tota, situada no Laranjeiro, em Almada. Através
dessa conta foram movimentados milhões de dólares e um dos procuradores
autorizados a movimentar a referida conta é Álvaro Sobrinho, que dirigiu o BESA
até 2012.
Os
investigadores do Departamento Central de Investigação Penal e da Divisão de
Investigação de Fraude e Acções Especiais identificaram parcialmente 43 alvos
como sendo os principais destinatários de transferências financeiras ordenadas
pelo BESA em Portugal.
A
revista Sábado não revelou, no entanto, quem são os destinatários e os motivos
das transferências financeiras. Agora, as autoridades portuguesas vão pedir a
colaboração de Angola para identificar os destinatários e os motivos das
transferências.
O
BESA está em dificuldades graves económicas devido a créditos de largas
quantias que não foram pagos. O Governo angolano foi forçado a entrar com
vários milhares de milhões de dólares para impedir o colalpso do banco.
Recorde-se
que ontem, em conferência de imprensa em Luanda, o presidente da Unita Isaías
Samakuva referiu-se ao processo em torno do BESA para recordar que, enquanto
titular do poder Executivo, o Presidente da República está
"autorizado" a conceder "garantias do Estado a operadores
económicos nacionais" para desenvolvimento "de projectos de
significativa importância".
Esse
limite, segundo Samakuva, está fixado em 245 mil milhões de kwanzas, cerca de
2,4 milhões de dólares.
O
líder da Unita citou uma informação do Banco Espírito Santo segundo a qual
Angola já prestou uma garantia soberana muitíssimo superior, em cerca de 5 mil
milhões de dólares.
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