quinta-feira, 10 de julho de 2014

PALOP - UM RESSURGIMENTO SOB FORTES APLAUSOS



Filomeno Manaças – Jornal de Angola, opinião

1. O ressurgimento da organização dos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa, agora no formato de um Fórum para discussão das questões que se colocam aos Estados membro e alinhamento de posições, é das notas de maior realce no que a acontecimentos políticos ocorridos no país diz respeito.


Cerca de vinte anos depois os Chefes de Estado e de Governo dos Países de Língua Oficial Portuguesa voltaram a reunir-se, produzindo assim um facto político que nos remete inevitavelmente para as circunstâncias que estiveram na origem da organização.

Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique e S. Tomé e Príncipe são países africanos que têm como traço comum o facto de terem sido colónias portuguesas, onde a luta pela independência foi levada a cabo com grande tenacidade e com o sacrifício de muitos dos seus melhores filhos.

A conquista das independências exigiu da parte dos principais movimentos de libertação dessas ex-colónias um elevado grau de cooperação e de solidariedade, quer no terreno da luta armada de libertação nacional, quer no que diz respeito à defesa dos ideais nos areópagos internacionais.

Como era óbvio, com o advento das independências, esses países reuniram-se e decidiram fundar uma organização para dar sequência aos laços históricos então forjados. Os Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa foi assim a entidade que passou a congregá-los e que serviu para muitas das concertações políticas aos mais diferentes níveis, as quais propiciaram tomadas de decisões que se traduziram em benefícios indiscutíveis na afirmação no contexto das nações desses Estados recém independentes.

Para países que vinham de uma luta sem tréguas contra o poder colonial e tendo em conta as vicissitudes engendradas para barrar o seu normal desenvolvimento, a instituição dos PALOP foi uma decisão inteligente. A organização desempenhou um papel sem igual na troca de experiências e de informação que permitiram consolidar as independências então conquistadas.

Alterações na geografia da política mundial, com inevitáveis consequências em cada um dos países, acabaram por remeter os PALOP a um período que a ministra dos Negócios Estrangeiros, Cooperação e Comunidades de São Tomé e Príncipe, Natália Umbelina, considerou como sendo de letargia, tendo-o deplorado, ao longo do qual parece ter havido uma reflexão profunda  que, impulsionada pelos diferentes acontecimentos que se produziram e estão a produzir aqui e ali, levaram os Chefes de Estado e de Governo a convergir na necessidade do seu relançamento.

O Fórum dos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa é, assim, a nova realidade que vai responder aos novos desafios que se colocam aos Estados membro. Embora o contexto hoje seja diferente, a verdade é que aos PALOP, pela sua condição de países africanos que procuram consolidar as suas instituições, quer públicas quer privadas, quer ainda políticas, económicas culturais e sociais, se colocam reptos específicos inerentes ao seu estatuto de Estados subdesenvolvidos. Para tal, e à semelhança do que aconteceu no passado e deu frutos inquestionáveis, é necessária, parafraseando o Presidente José Eduardo dos Santos, a “preservação da unidade de pensamento e de acção".

2. Em França o ex-presidente Nicolas Sarkozy caiu em maus lençóis. Constituído arguido por suspeitas de corrupção, tráfico de influências e violação do segredo de justiça, o ex-chefe de Estado francês acusa o poder político de estar a instrumentalizar o poder judicial. Um Nicolas Sarkozy profundamente desolado, que corre o risco de apanhar dez anos de prisão se forem provadas as acusações que sobre si recaem, foi o que apareceu diante das câmaras das televisões depois da detenção de que foi alvo para interrogatório. Numa altura em que muito se falava da forte possibilidade de regresso do ex-presidente à vida política activa, o que agora se comenta é que em França parece estar a rodar um filme que bem poderia ter por título “Cá se faz, cá se paga", pela semelhança entre o que está a acontecer e o escândalo que deitou por terra as pretensões do ex-director do Fundo Monetário Internacional, Dominique Strauss-Kahn, de se candidatar às eleições presidenciais de 2012, que deram a vitória a François Hollande.

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