sábado, 5 de julho de 2014

Partido Livre pede que países lusófonos rejeitem entrada da Guiné Equatorial




Lisboa, 04 jul (Lusa) -- O partido Livre exigiu hoje que seja recusada a adesão da Guiné Equatorial à Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), considerando que a organização lusófona não pode deixar-se "instrumentalizar para legitimação de um ditador a prazo".

"As mudanças na Guiné Equatorial, sejam a nível linguístico ou de direitos humanos, são meramente cosméticas. Teodoro Obiang precisa da CPLP como disfarce em relação ao seu crescente isolamento. Cabe aos países membros da CPLP não deixarem instrumentalizar a sua organização para a legitimação de um ditador a prazo", considera o partido Livre, num comunicado hoje divulgado.

A adesão da Guiné Equatorial, país liderado por Teodoro Obiang desde 1979, à CPLP deverá ser aprovada na cimeira de chefes de Estado e de Governo do bloco lusófono, no próximo dia 23, em Díli, depois de ter sido recomendada pelos ministros dos Negócios Estrangeiros dos oito países que integram a comunidade.

A CPLP exigiu a Malabo, que é observador associado da organização desde 2006, a adoção do português (a língua mais falada na Guiné Equatorial é o castelhano) e uma moratória sobre a pena de morte, condições que os países lusófonos consideram estarem a ser respeitadas.

A Guiné Equatorial definiu o português como terceira língua oficial do país, "pese embora a língua não ter uma presença relevante" no país, considera o Livre, que adverte ainda que, apesar da decisão presidencial de suspensão da pena de morte, "diversas organizações internacionais, nomeadamente a Amnistia Internacional, alertam para o facto de que pelo menos quatro pessoas foram executadas no ano de 2014".

Para o partido recém-criado por Rui Tavares, que em 2009 foi eleito eurodeputado pelo Bloco de Esquerda, "é inaceitável que, em troca de eventuais benefícios económicos se fechem os olhos a atropelos aos direitos dos cidadãos".

O Livre "exige que a adesão da Guiné Equatorial não seja autorizada até que se verifiquem as práticas democráticas e de respeito pelos direitos humanos que devem pautar a ação da CPLP", associando-se a uma carta aberta, publicada na semana passada, assinada por mais de 50 personalidades da política e da cultura dos países de língua oficial portuguesa.

"A afirmação da CPLP e, consequentemente, da língua portuguesa, não deve ser feita à custa do sofrimento de cidadãos, independentemente do país onde vivam. A CPLP deve, pelo contrário, funcionar como prova do cumprimento de princípios democráticos e de respeito pelos Direitos Humanos, pelo que a recusa, neste momento, da adesão da Guiné Equatorial mostrará que os países da lusofonia estão empenhados em defender esses princípios", sublinha ainda o partido no comunicado.

JH // JMR – Lusa

1 comentário:

Unknown disse...

Verdadeiro oportunismo político ou a total desonestidade intelectual.

Os europeístas convictos geralmente são também odiosos da lusofonia, dá-lhe um medo visceral imaginar que a CPLP possa um dia ser a alternativa à UE tão estúpida é a provocação que nem resposta merece.

Então e a Ucrânia entrar para a CPLP seria bom? E porque não na UE, ai sim essa terra maravilhosa é obviamente muito melhor que os tópicos.

Obviamente que a GE merece estar na CPLP e não é de hoje a sua candidatura.

Rui Tavares anda à procura de visibilidade. Ganhou mas perdeu nas eleições europeias, uma farsa de democracia tão similar à democracia equador-guiniense.

Mais lidas da semana