O
projecto SOS Famílias Endividadas recebeu menos pedidos de apoio do que se
esperava. Os responsáveis deste programa dizem que famílias ficam «à espera de
um milagre».
A
rede da Confederação Nacional das Associações de Família para apoiar quem está
endividado recebeu, nos primeiros seis meses de actividade, 761 pedidos de
informação ou de ajuda e apenas 80 avançaram para uma solução efectiva do
problema.
Os
responsáveis deste projecto, sem fins lucrativos, admitem que é pouco e falam
num misto de vergonha e medo: muitas famílias ficam à espera, até à última, por
um milagre.
O
Banco de Portugal revelou esta semana que o incumprimento das famílias atingiu
em maio o valor mais elevado desde que existem registos.
Contudo,
o director-executivo do SOS Famílias Endividadas admite que receberam menos
pedidos de ajuda do que estavam à espera.
Hélder
Mendes diz que sentimos que o endividamento «é um tema tabu, tão ou mais tabu
do que o sexo, pelo que as pessoas não gostam de transmitir a ideia de que
falharam ou cometeram erros, preferindo ignorar o que se passa e não assumindo
as responsabilidades».
A
maioria dos que procuram o SOS Famílias Endividadas deixaram a situação
arrastar-se até uma fase em que pode ser tarde de mais, ficando à espera de uma
espécie de «milagre». Hélder Mendes diz que notam um misto de vergonha ou medo
de acabar em tribunal e ver a situação da família exposta perante a sociedade.
Os
números de pedidos de ajuda são ainda mais baixos se tivermos em conta que, dos
761 pedidos de ajuda, apenas 80 avançaram para a reestruturação dos créditos ou
o pedido de insolvência. O responsável do projecto sublinha que estas são
soluções que podem fazer muito sentido até porque não basta falar com os
bancos.
Hélder
Mendes diz que o desconhecimento leva muitas famílias a pensar que as
negociações só podem ser «feitas com os credores nos bancos, mas isso é uma
utopia pois é mais provável ter êxito em tribunal onde as famílias têm uma
maior capacidade de defesa».
Os
responsáveis do SOS Famílias Endividadas acreditam que a informação pode ser a
maior arma de uma família quando não consegue pagar os empréstimos.
Sem comentários:
Enviar um comentário