quinta-feira, 10 de julho de 2014

PRESIDENTE MOÇAMBICANO INICIA PRESIDÊNCIA ABERTA EM SOFALA




Armado Guebuza começou, esta quarta-feira (09.07), em Búzi, a visita de quatro dias à província central de Sofala, que tem sido o epicentro de confrontos entre o exército e os homens armados da RENAMO.

A DW África tem informação de que Armando Guebuza manteve encontro, esta tarde, com representantes do poder local e de organizações da sociedade civil no distrito de Búzi, em Sofala, mas até ao momento não foi possível apurar os resultados desta sessão.

De acordo com o Edson Macuácuá, porta-voz do chefe de Estado, Armando Guebuza pretende, com esta presiência aberta, despedir-se da população por ocasião do fim do seu último mandato.

A região centro de Sofala vive em clima de instabilidade por causa da tensão político-militar entre o Governo e a RENAMO (Resistência Nacional Moçambicana), o principal partido da oposição. Hélder Jafar, delgado da Liga dos Direitos Humanos na província de Sofala, teme que a visita agrave a situação.

A chegada "do chefe de Estado a Sofala, no momento em que praticamente acabaram de deter o porta-voz da RENAMO, não poderá de forma alguma melhorar a situação política em Sofala, só terá tendência para agravar", pois a "detenção de Muchanga criou uma grande revolta no seio dos guerrilheiros ou simpatizantes da RENAMO", justifica Hélder Jafar.

De lembrar que António Muchanga, porta-voz da RENAMO, foi detido na segunda-feira (07.07) depois de ter participado numa reunião do Conselho de Estado moçambicano, na qual lhe foi retirada a imunidade de que gozava enquanto membro do órgão de consulta do Presidente da República, Armando Guebuza.

Entretanto, Muchanga, detido por alegada acusação de incitação à violência, foi transferido para a Cadeia de Alta Segurança da Machava, segundo Angelina Enoque, líder parlamentar da principal força da oposição moçambicana.

Durante a última presidência aberta em Sofala, em outubro do ano passado, a base da RENAMO foi tomada pelas forças de defesa e segurança e, desde aí, o líder da oposição Afonso Dhlakama encontra-se em parte incerta.

Visita sem expectativas de melhoria dos direitos humanos

A representação em Sofala da Liga dos Direitos Humanos de Moçambique não recebeu qualquer informação oficial ou convite para estar presente no encontro do Presidente moçambicano com a sociedade civil.

Também por isso, Hélder Javar mostra-se céptico quanto a possíveis melhorias no atual panorama dos direitos humanos na região. "Parece-me que é mais uma das visitas que o chefe de Estado está a efetuar a todo o país onde vai ver a questão das estradas e daquilo que foi a sua governação durante este período. Daí que não esperamos muita coisa ou alguma mudança nesta área de atuação", afirma o representante da Liga.

A DW África sabe que, na sequência de um pedido da RENAMO, a Liga dos Direitos Humanos de Moçambique realizou uma investigação, durante 15 dias, na Gorongosa, Muxúnguè e Maringué em que confirmou casos de abusos dos direitos humanos.

Esse seria um dos temas que a delegação da Liga na província de Sofala levaria junto do Presidente da República caso tivesse a possibilidade de participar nas reuniões da presidência aberta que decorre até dia 12 de julho.

"Há várias questões que poderiam ser discutidas, desde a situação das condições de vida dos cidadãos, da saúde, educação, falta de emprego. Aliada à falta de emprego está a questão político-militar, porque a maior parte das pessoas que são camponesas e que faziam as suas machambas nos campos, neste momento, tiveram que se refugiar em zonas seguras e estão a ficar desprovidas de recursos, porque os recursos que tinham eram os que colhiam das machambas" que agora não cultivam devido à insegurança, alerta Hélder Jafar, representante da Liga moçambicana dos Direitos Humanos na província de Sofala.

Deutsche Welle – Autoria: Glória Sousa – Edição: António Rocha

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