Hong
Kong, China, 27 set (Lusa) -- Os protestos contra a decisão de Pequim de
limitar o sufrágio universal em
Hong Kong resultaram esta noite em 13 detenções, incluindo do
líder estudantil, e em vários feridos, com a polícia a usar gás pimenta para
dispersar os manifestantes.
Os
distúrbios começaram por volta das 22:30 de sexta-feira (15:30 em Lisboa),
quando um grupo de manifestantes escalou as vedações de metal e entrou numa
antiga área pública denominada Praça Cívica, ao lado do complexo de Tamar --
que alberga o gabinete do chefe do Executivo, o Conselho Legislativo
(parlamento) e as principais secretarias do governo de Hong Kong --, segundo a Rádio
e Televisão Pública de Hong Kong (RTHK).
A
polícia usou gás pimenta pela polícia para tentar dispersar os manifestantes,
que se protegiam com guarda-chuvas, máscaras cirúrgicas e óculos de
motociclista, escreve a AFP, ao dar conta que mais de 100 manifestantes
forçaram os portões, e que 50 continuavam no local na manhã de hoje.
Pelo
menos 13 pessoas, com idades entre os 16 e 35 anos, foram detidas por entrada
forçada em instalações do governo, conduta desordeira em lugar público e
agressão de um polícia. Entre os detidos está o líder estudantil Joshua Wong.
"Não
nos importamos de ser feridos, não nos importamos de ser detidos, o que
queremos é obter uma verdadeira democracia", disse o manifestante Wong
Kai-keung citado pela AFP.
Segundo
a polícia e a federação de estudantes, citados pela agência Efe, entre 4.000 e
5.000 pessoas participaram na manifestação na noite de sexta-feira.
Aos
manifestantes que permaneceram no local juntou-se, já esta manhã, Benny Lai,
dirigente do movimento "Occupy Central", que rotulou o plano de
Pequim de "falsa democracia" e prometeu levar a cabo uma série de
ações incluindo um bloqueio ao distrito financeiro de Hong Kong.
Grupos
de estudantes lideram uma campanha de desobediência civil ao lado de ativistas
pró-democracia em protesto contra a decisão de Pequim, anunciada a 31 de
agosto, a qual prevê que o futuro chefe do Executivo seja eleito por sufrágio
universal em 2017, mas somente depois da seleção prévia por uma comité de
nomeação de dois ou três candidatos.
No
lançamento da ação de boicote, na segunda-feira, os organizadores dizem ter
atraído 13 mil estudantes ao 'campus' da Universidade Chinesa de Hong Kong,
numa ação que veio imprimir um novo fôlego à campanha pela democracia na antiga
colónia britânica.
O
início da agitação estudantil surgiu uma semana depois de mais de 1.500
ativistas terem marchado pelas ruas de Hong Kong vestidos de preto, com enormes
faixas e cartazes por um sufrágio universal genuíno.
Esse
figurou com o primeiro protesto considerável desde que a Assembleia Nacional
Popular decidiu, no final de agosto, que os aspirantes ao cargo vão precisar de
reunir o apoio de mais de 50% de um comité de nomeação para concorrer à eleição
e que apenas dois ou três serão então selecionados.
Ou
seja, a população de Hong Kong exercerá o seu direito de voto mas só depois
daquilo que os democratas designam de 'triagem'.
A
China tinha prometido à população de Hong Kong, cujo chefe do Governo é
escolhido por um colégio eleitoral composto atualmente por cerca de 1.200 pessoas,
que seria capaz de escolher o seu líder em 2017.
A
reforma proposta por Pequim carece de ser submetida ao Conselho Legislativo de
Hong Kong (LegCo, parlamento) e aprovada por dois terços dos 70 deputados,
sendo que 27, do campo pró-democrata, anunciaram ter-se unido num compromisso
pelo veto.
FV
(DM) // FV - Lusa
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