Ferreira
Fernandes – Diário de Notícias, opinião
Desconfiamos
dos políticos e das empresas e levamos com um fim de semana com stripteases de
político (Passos Coelho) e de empresa (Tecnoforma), com discurso no Parlamento
e conferência de imprensa de advogado, sabendo tudo sobre um e outra. Afinal,
entre Passos e Tecnoforma não houve nada, até à data controversa de 1999. Nem
uma nota, nem cheque, nem um cartão de crédito. E quando eu não tenho provas em
contrário, acredito na palavra dos outros. É o caso. Eles, político e empresa,
expuseram-se e fiquei a saber tudo. Mas estranho uma nebulosa. Onde menos
esperava. Sobre o Centro Português para a Cooperação (CPPC), onde Passos
trabalhou, de borla, naquele período para o qual os jornais trouxeram a
controvérsia, 1996-99, é que fiquei sem saber nada. Estranho. Sim, porque o
CPPC era uma ONG, uma organização que não vive para lucros. A esta altura, eu
já devia saber tudo sobre o CPPC. O que fazia, que generosidade praticava? Como
obrigava os seus a sacrifícios nas viagens e nas pensões? Seria educativo
vermos as faturas modestas para tão grandes causas. Passos tem um livro, Mudar,
lançado em 2010, em que se conta a si próprio. Fala da Tecnoforma e nunca fala
dessa coisa bonita que foi trabalhar numa ONG. Aliás o termo "ONG",
nas 277 páginas do livro, só é referido uma vez e de forma geral sem nada que
ver com o CPPC. Estranho. Mais, irrita-me a modéstia das pessoas devotadas,
como é certamente o caso.
Sem comentários:
Enviar um comentário