sábado, 27 de setembro de 2014

Portugal: VÁ LÁ UM ESFORÇO, GABE-SE, PASSOS!



Ferreira Fernandes – Diário de Notícias, opinião

Desconfiamos dos políticos e das empresas e levamos com um fim de semana com stripteases de político (Passos Coelho) e de empresa (Tecnoforma), com discurso no Parlamento e conferência de imprensa de advogado, sabendo tudo sobre um e outra. Afinal, entre Passos e Tecnoforma não houve nada, até à data controversa de 1999. Nem uma nota, nem cheque, nem um cartão de crédito. E quando eu não tenho provas em contrário, acredito na palavra dos outros. É o caso. Eles, político e empresa, expuseram-se e fiquei a saber tudo. Mas estranho uma nebulosa. Onde menos esperava. Sobre o Centro Português para a Cooperação (CPPC), onde Passos trabalhou, de borla, naquele período para o qual os jornais trouxeram a controvérsia, 1996-99, é que fiquei sem saber nada. Estranho. Sim, porque o CPPC era uma ONG, uma organização que não vive para lucros. A esta altura, eu já devia saber tudo sobre o CPPC. O que fazia, que generosidade praticava? Como obrigava os seus a sacrifícios nas viagens e nas pensões? Seria educativo vermos as faturas modestas para tão grandes causas. Passos tem um livro, Mudar, lançado em 2010, em que se conta a si próprio. Fala da Tecnoforma e nunca fala dessa coisa bonita que foi trabalhar numa ONG. Aliás o termo "ONG", nas 277 páginas do livro, só é referido uma vez e de forma geral sem nada que ver com o CPPC. Estranho. Mais, irrita-me a modéstia das pessoas devotadas, como é certamente o caso.

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