segunda-feira, 20 de outubro de 2014

Brasil: QUILOMBOLAS SÃO AMEAÇADOS NO OESTE DO PARÁ




No Oeste do Pará quilombolas sofrem ameaças de fazendeiros que são contrários ao processo de titulação de terra na região. A Comissão Pastoral da Terra (CPT) alerta que a morosidade para a legalização do território da população tradicional agrava ainda mais os conflitos agrários.

Os processos de titulação chegam a se arrastar na Justiça por mais de dez anos. João Lira é presidente da Associação Quilombola do Murumru, localizada no município de Santarém e sofre com a falta de segurança para lutar por seus direitos. Segundo ele, as ameaças são constantes e intimidadoras. O líder quilombola relata que recebeu três bilhetes dizendo que cada passo do processo de titulação que a sua comunidade realizasse, significaria mais um passo dele para o cemitério.

O caso é grave e para a Federação das Organizações Quilombolas de Santarém (FOQS) o entendimento é que a ameaça a uma liderança quilombola é uma ameaça a todo o movimento quilombola. A Federação também pede o apoio para que as denúncias sejam apuradas e o caso divulgado às autoridades. O presidente da instituição, Franciney de Oliveira, defende que os quilombolas estão em busca de um direito garantido na Constituição e não podem se tornar reféns da morosidade judicial.

A CPT afirma ainda que a demora no processo de titulação de territórios quilombolas na região resulta em um quadro preocupante, que deixa em risco mais de 2 mil e 800 famílias. De acordo com a entidade, das 65 comunidades da região do Baixo Amazonas, apenas sete foram tituladas, a última delas há 10 anos.

Ao todo, cerca de 400 pessoas vivem em Murumuru, sobrevivendo da venda de açaí, farinha, dos derivados da mandioca e da pesca. A cada ano a comunidade realiza o tradicional Festival do Açaí, que está em sua décima nona edição. (pulsar)

Foto Luiz Guilherme Fernandes

*Com informações da CPT


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