sexta-feira, 10 de outubro de 2014

PROTESTOS EM HONG KONG PROMETEM REGRESSAR EM FORÇA. A REPRESSÃO TAMBÉM




Manifestantes preparam hoje protesto reforçado

10 de Outubro de 2014, 13:26

Hong Kong, China, 10 out (Lusa) - Os grupos pró-democracia em Hong Kong planeiam para esta noite uma manifestação de força depois das negociações com o Governo terem sido canceladas e parlamentares norte-americanos terem apelado a Barack Obama para pressionar Pequim.

Ao final da tarde de quinta-feira, o Governo de Hong Kong, através da secretária chefe Carrie Lam, rompeu o encontro previsto para a tarde de hoje com os grupos pró-democráticos, culpando os estudantes da decisão por incitarem ao reforço dos protestos se as suas exigências não fossem aceites.

A decisão aprofundou a crise política na antiga colónia britânica com os protestos a não terem, agora, um fim à vista.

Na base do protesto está a vontade popular em eleger, de forma direta e universal sem qualquer pré-seleção, o líder do Governo, um desejo que Pequim concede parcialmente no ponto da população escolher o seu líder, mas sem abdicar de efetuar uma pré-seleção dos possíveis candidatos através de uma comissão eleitoral que consegue controlar.

Embora o número de manifestantes tenha diminuído nos últimos dias, é esperado que ao final da tarde muitos jovens e apoiantes do movimento se concentrem nos vários locais de protesto.

O desafio de aumentar o número de manifestantes surge também numa altura em que legisladores norte-americanos condenaram, no seu relatório anual, os Diretos Humanos na China e fazem uma pouco usual crítica a Hong Kong.

"Hong Kong sofreu um grande retrocesso no seu desenvolvimento democrático depois de a China ter descartado uma eleição justa para o chefe do Executivo em 2017", disse o senador Sherrod Brown, presidente da Comissão Executiva do Congresso.

O mesmo responsável defendeu que Barack Obama deve pressionar o seu homólogo chinês Xi Jinping diretamente sobre as questões de Hong Kong quando os dois líderes se reunirem em Pequim em novembro.

A posição norte-americana vai, contudo, contra um alerta feito pelas autoridades chinesas a todas as missões diplomático/consulares acreditadas em Hong Kong onde salientava a necessidades dos seus funcionários se manterem afastados de qualquer forma de protesto.

JCS // DM - Lusa

Académico propõe voto eletrónico para tomar decisões coletivas nos protestos

10 de Outubro de 2014, 18:42

Hong Kong, China, 10 out (Lusa) -- Um académico da Universidade de Hong Kong está a apelar aos manifestantes, que ocupam as ruas da antiga colónia britânica, a usarem um sistema de votação eletrónica que os ajude a tomar decisões coletivas.

Robert Chung Ting-yiu, diretor do Programa de Opinião Pública da Universidade de Hong Kong, disse que este sistema iria contribuir para criar unidade, para resolver os diferendos e tomar decisões sobre a continuidade da ocupação de algumas zonas da cidade.

"Parece não haver líderes óbvios do movimento. Eles devem falar entre si e estabelecer uma cúpula de liderança e decidir a direção futura usando esta tecnologia", defendeu Robert Chung, citado pela Rádio e Televisão Pública de Hong Kong (RTHK).

Depois de, na quinta-feira, o governo ter cancelado a reunião prevista para a tarde de hoje com representantes dos manifestantes, a Federação de Estudantes apelou hoje à população a dirigir-se em massa a Admiralty, junto à sede do governo, esta noite, convocando uma manifestação para as 19:30 em Hong Kong (12:30 em Lisboa).

Os estudantes esperam com a convocatória aumentar a pressão sobre o governo para atender às suas reivindicações no âmbito do processo da reforma política na Região Administrativa Especial chinesa.

Hong Kong atravessa a maior crise política desde a transferência de soberania do Reino Unido para a China, em 1997.

Centenas de manifestantes, segundo a RTHK, estavam esta manhã acampados no coração do centro financeiro de Hong Kong, numa altura em que é estimada uma resposta massiva do movimento ao governo durante o fim de semana.

"Isto é algo que tempos de fazer quando somos novos. É um processo de dor a curto prazo para obtermos ganhos a longo prazo", disse à RTHK John Wong, estudante universitário de 18 anos, no distrito de Admiralty.

Milhares de pessoas saíram à rua na antiga colónia britânica, depois de a 28 de setembro a polícia antimotim ter lançado gás lacrimogéneo e gás pimenta sobre os manifestantes numa tentativa de dispersar os protestos junto à sede do governo, em Admiralty.

Uma semana mais tarde, a cidade retomou parte da atividade normal, com os cerca de 3.000 funcionários públicos a poderem voltar ao trabalho no complexo de Tamar na segunda-feira, após terem sido desbloqueadas pontes pedonais que dão acesso à sede do governo.

As escolas e jardins-de-infância dos distritos de Central, Wan Chai e Western foram reabrindo gradualmente durante a semana, estando a funcionar em pleno desde quinta-feira.

Durante a semana, um número mais bastante mais reduzido de manifestantes continuou a ocupar três locais de protesto, com as ruas a continuarem bloqueadas por barricadas.

Analistas estimam que a ocupação das ruas possa manter-se durante várias semanas, atendendo a que nenhuma das partes parece disposta a fazer qualquer concessão.

Na quinta-feira, o deputado Alan Leong indicou que 23 dos 70 membros do Conselho Legislativo aceitaram participar numa campanha de obstrução parlamentar. "Hong Kong entra num período de desobediência e de não- cooperação", disse à imprensa.

Para Sonny Lo, analista do Instituto de Educação de Hong Kong, o governo está apreensivo quanto à decisão dos deputados pró-democratas. "Isso não é bom sinal, os ânimos sobem dentro e fora do Conselho Legislativo", disse.

"Se o movimento continuar durante várias semanas, penso que a intervenção da polícia será inevitável", acrescentou.

Já Edward Chin, gestor de fundos e membro do movimento 'Occupy Central', estimou que os protestos poderão estender-se "durante várias semanas, a menos que a polícia use da força para dispersar" os protestos.


FV /DM (PAL) // PJA - Lusa

*Título PG

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