O
investigador Armindo do Espírito Santo defendeu hoje que as eleições
legislativas em São Tomé
e Príncipe, no próximo dia 12, devem permitir "retomar um caminho de
normalidade" depois de ter sido "interrompido um processo em
curso".
"Havia
um processo em curso que foi interrompido, não me interessa de quem é a culpa,
se houve culpados ou não, isso para mim é irrelevante. Havia um processo que
estava em curso e que foi interrompido por uma razão", disse à Lusa o
historiador e economista, ligado ao Instituto Superior de Ciências do Trabalho
e da Empresa (ISCTE), numa alusão à queda do governo de Patrice Trovoada,
eleito em 2010, devido a uma moção de censura aprovada por todos os partidos da
oposição, em 2012.
Para
o especialista, "impõe-se que se retome um processo de normalidade".
"O
país tem de estar numa situação de normalidade e não de ruturas constantes, em
termos políticos. Isto não ajuda o país a avançar num caminho que se pretende
que seja um caminho de desenvolvimento", considerou.
Após
a demissão do governo de Patrice Trovoada (Ação Democrática Independente),
decidida pelo Presidente da República, Manuel Pinto da Costa, foi indicado pelo
Movimento de Libertação de São Tomé e Príncipe-Partido Social Democrata,
segundo partido mais votado, Gabriel Costa para liderar um novo executivo, que
se mantém em funções.
Em
declarações à Lusa, Armindo do Espírito Santo disse esperar que a campanha
eleitoral "decorra com total normalidade e que os partidos busquem aquilo
que é necessário para o país: a estabilidade política, essencial para a
promoção do desenvolvimento sustentável que se pretende para criar bens e
serviços que possam levar os são-tomenses a um nível de desenvolvimento humano
um pouco melhor do que aquele que se verifica".
Desde
a introdução do multipartidarismo, em 1990, São Tomé e Príncipe conheceu 18
primeiros-ministros, na sequência de demissões de executivos, pedidas pelos
próprios, ordenadas por Presidentes ou devido a moções de censura.
No
entanto, o especialista considera que o processo democrático "ainda é
muito incipiente" no país, com os principais atores políticos a
privilegiarem o ataque pessoal em detrimento do debate de ideias.
"Falta
as partes participantes do processo aceitarem a diferença e terem a capacidade
para entender a opinião dos outros e terem a perceção de que o debate é
essencial e é necessário, e que não devem furtar-se a ele com agressões
personalizadas, ao invés de discutir-se ideias. O que é importante é o debate de
ideias, é isso que faz crescer um país", sustentou.
Armindo
do Espírito Santo salientou que, "geralmente, os são-tomenses têm sabido
respeitar os resultados das eleições".
Questionado
sobre o facto de os emigrantes são-tomenses estarem impedidos de participar
nestas eleições, o especialista considerou existir "falta de sensibilidade
de alguns atores políticos e falta de um olhar para o exterior, de maneira a
atrair a diáspora para o processo democrático em São Tomé e
Príncipe".
No
entanto, o investigador acredita que é apenas uma questão de tempo até que o
voto da diáspora seja uma realidade.
"As
pessoas terão de enquadrar-se com a dinâmica do sistema global em que nós nos
inserimos e terão de agir em
conformidade. O caminho é este, não pode ser outro, é a
democracia", defendeu.
Lusa,
em Notícias ao Minuto
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