Estremoz,
10 nov (Lusa) - O Presidente da República, Cavaco Silva, considerou hoje que a
expulsão de magistrados de Timor-Leste foi "uma reação desproporcionada"
das autoridades do país, lamentando "profundamente que se tenha posto em
causa a competência" dos juízes portugueses.
"Aquilo
que aconteceu foi uma reação desproporcionada da autoridade timorense e lamento
profundamente que se tenha posto em causa a competência dos magistrados
portugueses", afirmou aos jornalistas o chefe de Estado, no final de uma
visita aos concelhos de Borba e Estremoz, no Alentejo.
Cavaco
Silva realçou que este caso "pode dever-se a uma falta de experiência de
um Estado novo e na atuação do campo diplomático", indicando que o Governo
português tem "acompanhado o assunto" e informado "sempre o
Presidente da República".
O
chefe de Estado assinalou que Portugal tem "uma ligação afetiva muito
forte" a Timor-Leste e que lutou "muito pela independência" do
país, tendo lutado como "nenhum outro país no mundo inteiro" pela sua
independência.
Apesar
do sucedido, defendeu que Portugal deve "continuar a ajudar aquele jovem
Estado" e que "não pode suspender em todos os domínios a cooperação
com Timor-Leste", até porque o país "exerce a presidência da
Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP)".
"Compreende-se
que no caso da cooperação judiciária é necessário reexaminá-la",
ressalvou, acrescendo ter conhecimento de um pedido de reunião à ministra da
Justiça portuguesa pela sua congénere timorense.
O
Governo de Timor-Leste ordenou há uma semana a expulsão, no prazo de 48 horas,
de oito magistrados judiciais, sete portugueses e um cabo-verdiano.
No
dia 24 de outubro, o parlamento timorense tinha aprovado uma resolução para
suspender os contratos com funcionários judiciais internacionais
"invocando motivos de força maior e a necessidade de proteger de forma
intransigente o interesse nacional".
Em
entrevista à Lusa, o primeiro-ministro timorense, Xanana Gusmão, disse que a
decisão visou defender os interesses nacionais e garantiu que "não há
intenção nenhuma de esfriar as relações com Portugal".
"Só
peço para reduzirem um bocado a emoção com que se expressam", disse.
O
chefe do Governo português, Pedro Passos Coelho, lamentou na quarta-feira a
expulsão de magistrados portugueses pelas autoridades timorenses, afirmou ter
feito tudo para evitar esse desfecho e considerou que muita água terá de correr
para Portugal retomar a cooperação judiciária com Timor-Leste.
SYM
(IEL/RCP/MSE) // SMA
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