Continuará
Armando Guebuza a ter influência no Governo quando terminar o seu segundo
mandato? “Todos os quadros têm influência sobre o partido”, admitiu esta
quinta-feira o Presidente moçambicano, em visita à Itália.
Armando
Guebuza prepara-se para deixar a cadeira da presidência depois de dez anos à
frente do país. A data da passagem do comando ao Presidente eleito, Filipe
Nyusi, não foi ainda definida. “É preciso respeitar os prazos”, disse Armando
Guebuza.
Filipe
Nyusi, o candidato à presidência da FRELIMO, foi eleito à primeira volta nas
eleições de 15 de outubro, com 57,03% dos votos, para a sucessão de Guebuza.
Contudo,
a saída de cena do Presidente cessante não será completa. “Eu sou um quadro da
Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO). Todos os quadros têm influência
sobre o partido”, respondeu Armando Guebuza quando questionado sobre o que irá
fazer na presidência da FRELIMO no fim do seu segundo e último mandato como
Presidente da República e se continuará a ter influência no Governo.
“E
por que é que eu vou resistir? Por que é que todos os outros podem ter menos
eu?”, questionou ainda o chefe de Estado cessante numa breve entrevista ao
correspondente da DW África em Roma.
Investimentos
polémicos
Armando
Guebuza comentou ainda a contestação em Moçambique em torno dos investimentos
internacionais na área dos recursos naturais. “Diz-se que há muita
controvérsia. Obviamente, é uma coisa nova. Em Moçambique nós não tínhamos
visto ainda uma mina a céu aberto.”
Recentemente,
o braço moçambicano da brasileira Vale, que explora as minas de carvão em
Moatize, divulgou um balanço negativo de 44 milhões de dólares. O chefe de
Estado moçambicano, no entanto, destacou a presença da Vale, muito criticada
pela falta de políticas para a exploração sustentável do carvão.
“No
princípio, a Vale, que é a que produz mais carvão, transportava o carvão que
poderia transportar apenas para a Beira. Saímos de dois milhões de toneladas no
início para seis milhões de toneladas, mas isso é muito pouco comparado com
aquilo que a Vale pode produzir”, afirmou Guebuza, lembrando que “a área do
carvão tem limitações”, como a exploração, o transporte e o manuseamento
portuário.
Entretanto,
sublinha, abriu-se um outro caminho que vai até Nacala. “Este mês, vamos ter o
porto de Nacala que vai receber o carvão que vem de Moatize. E Nacala pode
manusear mais do que 30 milhões de toneladas. Mas, mesmo assim, continuaremos
com o problema do transporte do carvão em Moçambique”, reconheceu.
Guebuza
em Itália
Esta
quinta-feira (04.12), Armando Guebuza esteve reunido com o primeiro-ministro
italiano, Matteo Renzi, e com o Presidente da Itália, Georgio Napolitano, e no
final da manhã foi recebido pelo papa Francisco no Vaticano.
O
Presidente da República de Moçambique esteve também reunido com o diretor-geral
da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), José
Graziano.
Durante
a visita, iniciada na terça-feira (02.12), o chefe de Estado também se reuniu
com o diretor da petrolífera italiana ENI, que lidera um dos dois blocos de
exploração de gás natural na bacia de Rovuma, no norte de Moçambique.
Esta
é a segunda visita a Itália de Armando Guebuza. A Itália, que coopera com
Moçambique em várias áreas, é um dos maiores investidores estrangeiros neste
país africano.
Rafael
Belincanta (Roma) – Deutsche Welle
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