Sequestradores
estabelecem novo perfil para vítimas, alarmando cidadãos estrangeiros no país.
Polícia ainda espera que TAP registe oficialmente o crime contra seus
funcionários.
A onda de
sequestros em Moçambique reafirma a ampliação do perfil dos alvos preferenciais
das quadrilhas. A exemplo de uma cidadã portuguesa raptada na cidade da Matola
no final do ano passado, mais uma vez, nesta Segunda-feira (20/01), as vítimas
são dois funcionários portugueses da TAP. É o quinto rapto registado no país
neste ano.
Dois funcionários
da companhia aérea estavam em um taxi, quando teriam sido abordados por homens
armados, com o uniforme da Polícia da República de Moçambique (PRM). A
informação foi divulgada pela imprensa portuguesa e sites de notícias
moçambicanos.
O chefe do
Departamento de Relações Públicas da Polícia na Província de Maputo, João
Machava, disse, em entrevista a DW-África, que a TAP não registou o crime.
"Soubemos deste episódio pela imprensa. Não temos nada oficial [da TAP]. Estamos a procura de nos informar junto a TAP para fazermos algo", afirmou o representante da Polícia.
Sequência de crimes
Na última Quinta-feira (16/01), uma criança de oito anos foi raptada por três homens armados na cidade da Beira, centro de Moçambique. Ela estava com a mãe em um veículo estacionado dentro da propriedade de familiares da vítima quando foi surpreendida pelos raptores.
"Soubemos deste episódio pela imprensa. Não temos nada oficial [da TAP]. Estamos a procura de nos informar junto a TAP para fazermos algo", afirmou o representante da Polícia.
Sequência de crimes
Na última Quinta-feira (16/01), uma criança de oito anos foi raptada por três homens armados na cidade da Beira, centro de Moçambique. Ela estava com a mãe em um veículo estacionado dentro da propriedade de familiares da vítima quando foi surpreendida pelos raptores.
A cidade da Beira
foi palco de um dos mais trágicos episódios da onda de sequestro que já chega
ao seu quarto ano. No final de Outubro passado, o adolescente Ahmad Abudul
Rachid, de 13 anos, foi executado após uma negociação de resgate confusa. Um
familiar tería informado à Polícia onde o dinheiro seria entregue.
No caso Rachid,
algumas informações desencontradas indicavam que um primeiro resgate foi pago
para as pessoas erradas, o que teria deixado a situação ainda mais tensa. Desde
o final de 2011, o número de sequestros no país supera 45. O caso Ahmad Rachid
foge do perfil dos sequestros em Moçambique pela morte do refém.
Crime organizado
Machava lembra que
outros casos foram esclarecidos, pessoas foram detidas e outras, inclusive,
condenadas. "Esta-se a decorrer a investigação destes dois últimos e
esperamos esclarecer e levar os autores ao tribunal."
Para ele, não
existe convicção de que homens armados teriam usado uniforme da polícia para
sequestrar os dois funcionários da TAP. "Não há nenhum envolvimento direto
comprovado, ou por via de uniforme ou pela investigação que estamos a fazer.
Sabemos que houve raptos, estamos a trabalhar na investigação, mas não há
nenhum indício de que há uniformes."
A vaga de raptos
começou em 2011, tendo como principais vítimas empresários de origem asiática.
Dois policiais foram condenados por dois sequestros na região de Maputo.
Machava diz que a corporação policial tem feito um trabalho de
"purificação".
"Esta
purificação é feita internamente quando se descobre que alguém, ou um agente da
autoridade da polícia, comporta-se com atitudes que têm ligações com o
criminoso. Há casos de expulsões no ano passado e ainda, neste ano, há processos
disciplinares e criminais contra alguns agentes que se envolveram em atos
criminais", explica.
No final de Outubro
passado, milhares de pessoas foram às ruas de Maputo e capitais de províncias
para reagir aos sequestros, em manifestaçoes pacíficas sem precedentes no país.
O protesto em Maputo foi liderado pela Liga Moçambicana dos Direitos Humanos,
associações religiosas, Fórum Mulher e entidades de classe.
Deutsche Welle - Autoria:
Nádia Issufo – Edição: Marcio Pessôa / António Rocha