quarta-feira, 14 de janeiro de 2015

Angola: DE PROLETÁRIOS A PROPRIETÁRIOS VORAZES




REMEMBER 2014, A NOSSA POBREZA E A CORRUPÇÃO DELES (II)

Folha 8 Digital (ao), 10 janeiro 2015

No dia 11 de Novem­bro de 1975, data proposta por Álva­ro Hol­den Roberto, então presi­dente da FNLA, durante os Acordos do Alvor, como data para a proclamação da Independência, o MPLA que tudo fez para evitar a realização das eleições ge­rais, naquela altura, procla­mou o novo ente jurídico internacional, como Repú­blica Popular de Angola, de orientação socialista.

Quem reivindicasse a ideologia seguida, mesmo intramuros, tinha uma sé­ria resposta de Agostinho Neto: fuzilamento, sem jul­gamento, como aconteceu com um dos heróis do 4 de Fevereiro de 1961, Virgílio Sotto Mayor, fuzilado na companhia de outros, no dia 22 de Agosto de 1975, no campo da Revolução, com direito a transmissão “ma­soquista” da Rádio Nacio­nal de Angola, ao serviço exclusivo do MPLA.

Em 1977 houve a maior chacina selectiva depois da segunda guerra mundial; cerca de 80 mil intelec­tuais bárbara e selvatica­mente assassinados, sem julgamento, conotados ao comandante Nito Alves. Agostinho Neto, ao de­clarar “não vamos perder tempo com julgamentos”, converteu-se num médico profundamente assassino, só comparado a Adolph Hitler, arrastando o MPLA neste mar de sangue de inocentes, até 1979.

Eduardo dos Santos jurou dar continuidade a sua política. Fê-lo. Reduziu as mortes colectivas, mas no individual e no capítulo de ausência de direitos indi­viduais, manteve tudo na mesma.

Economia centralizada e sociedade sem classes eco­nómicas. Tudo era, aparen­temente, repartido equita­tivamente por todos...

Ao ponto de quem fosse apanhado com uma nota de 1,00 USD era preso, torturado e definhava nas masmorras do regime. Exaltava-se a pureza de um hipotético homem novo...

Era proibida a ostentação de riqueza, próprias de sociedades de consumo e consideradas capitalistas e as bichas para aquisição de bens básicos eram sinóni­mo de cultura e justiça so­cialista, para a maioria do povo... Um ilusório arco­-íris até 1989...

Os anos 90 foram cruciais para a virada político-ideo­lógica, fruto da luta armada empreendida pela UNITA, que obrigaram o regime do MPLA, a abandonar, no seu III congresso de Dezembro de 1990, o marxismo-le­ninismo. Em Maio de 1991 com o advento dos Acor­dos de Bicesse a ex-Assem­bleia do Povo é “forçada” a elaborar a primeira revisão constitucional, aprovando as Leis n.º 12/91, pondo fim ao mo­nopartidarismo, a de Asso­ciação, n.º 14/91, a de Partidos Po­líticos n.º 15/91, a de Direito de Associação n.º 16/91, a de Imprensa nº 25/91 e a de Greve nº 23/91.

Em 1992 surge a segun­da revisão constitucional, através da lei 23/92 de 16 de Setembro, alterando a denominação do país, para República de Angola, a descentralização do poder, às eleições autárquicas, a economia de mercado e o multipartidarismo, permi­tindo a todos partidos par­ticipação nas eleições.

A partir daquela data, dava­-se início a privatização to­tal do Estado, por parte dos proletários, que passaram a gostar mais dos dólares e de património público e de populares, espoliando­-os, que os próprios capi­talistas.

Para consumar essa vora­cidade, sob proposta de Se­bastião Lavrador, então go­vernador do BNA e amigo de Eduardo dos Santos, foi criado um banco, onde pu­dessem ir buscar dinheiro, sem consequências; o Ban­co CAP (Caixa Agro Pe­cuária e Pescas). A maioria dos membros do bureau político e do comité central pediam empréstimos que não devolviam e quando atingiu mais de 10 mil mi­lhões de dólares, de crédito mal parado, foi a falência assumida, pelo Presidente da República de um ban­co, sem que ninguém fosse responsabilizado...

Num país decente, este se­ria o primeiro grande caso de polícia, mas um réu do MPLA, cometendo um ilícito financeiro é sempre inocentado ou indultado...

Esta foi a cobaia e o ponta­pé de saída do proletariado do socialismo, para se con­verter em proprietários es­pecializados no saque dos cofres públicos, maternida­de onde nasceram todos os filhos da actual corrupção do Estado.

*Pode o leitor enviar por­menores sobre os dados acima referenciados, para que a culpa de todos estes males, não morra solteira... Faça a sua parte. Contribua para a verdade da história e higienização da política e democracia angolana.


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