quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015

Angola. O DESAFIO DA QUALIDADE



Jornal de Angola, editorial

Foi aberto segunda-feira o ano académico com uma intervenção do Vice-Presidente da República, Manuel Vicente,que defendeu a necessidade do Ensino Superior se constituir em factor de desenvolvimento político, económico, social e cultural de Angola.

A presença do Vice-Presidente da República no acto de abertura do ano académico atesta a importância que o Executivo atribui a este subsistema, no qual é preciso ainda realizar reformas significativas para estar alinhado com as grandes tarefas de construção de um país com quadros dotados de elevados níveis de conhecimento.

A qualidade do Ensino Superior é assunto muito debatido no nosso país e voltou a ser abordado pelo Vice-Presidente da República, para quem a reforma em curso deve ganhar novo ímpeto, na perspectiva de uma melhor formação, gestão e organização.

A questão da qualidade do ensino já tinha merecido a atenção do Presidente da República, José Eduardo dos Santos, na Mensagem sobre o Estado da Nação, proferida em Outubro de 2014, quando apelou para uma “revolução qualitativa” no sector da Educação, depois da “revolução quantitativa” que se traduziu no aumento considerável do número de estudantes no Ensino Médio e Superior de Angola.

Importa recordar as simples mas pertinentes palavras proferidas então pelo Presidente da República: “Precisamos  de mais e melhores professores, de melhorar os métodos de ensino e de avaliação nos cursos de Ensino Médio e Profissional, em particular, e no Ensino Superior, de modo a não formarmos jovens que não consigam emprego por falta de competências ou que acabem por aceitar o sub-emprego”.

A revolução qualitativa exige da parte dos que têm de executar as grandes reformas no Ensino Superior muito rigor, firmeza e persistência, na medida em que se trata de tarefas que levam muitos anos, dada a sua complexidade e extensão.

Mas o que é importante é trabalhar para que as coisas mudem para melhor. Não devemos perder de vista que a Educação é a chave das transformações económicas e sociais. Como afirmou  em Agosto do ano passado um prestigiado economista angolano, “no mundo modernoo factor produtivo mais importante já não é nem a terra nem os equipamentos nem mesmo o capital financeiro. O factor produtivo mais importante são as ideias e o conhecimento”.

Já se sabe que para podermos ter quadros competentes é necessário que os órgãos reitores e as instituições de Ensino Superior, públicas e privadas, estejam abertas àtransformação e que sejam elas próprias a realizá-la no sentido de se prestar um bom serviço a todos os que procuram o conhecimento.

As instituições de Ensino Superior devem estar disponíveis para reformas profundas, a fim de serem superadas as insuficiências que se repercutem negativamente no desempenho dos quadros formados. Uma das preocupações das instituições de Ensino Superior deve ser a preparação cuidada e rigorosa dos estudantes, já que as universidades e escolas superiores são instituições que têm de a obrigação de formar pessoas para resolverem os problemas da sociedade.

As direcções das instituições de Ensino Superior têm de passar a olhar mais para a qualidade dos quadros que formam.Se o mercado de trabalho se torna mais exigente, é indispensável que as universidades e escolas superiores tenham programas curriculares ajustados a essa realidade. Os quadros que delas saem não podem sentir-se impotentes perante os múltiplos e complexos problemas que têm de resolver.

Vale a pena registar o conselho dado pelo Vice-Presidente da República na abertura do ano académico:  “é tempo de olhar para além do número de finalistas diplomados como único resultado das nossas instituições de Ensino Superior. É inadiável que nos planos de cada instituição esteja inscrita a produção de resultados relevantes nos domínios da organização e gestão, da formação, da investigação científica e da extensão universitária”.

A qualidade das instituições de Ensino Superior passa pela promoção do sucesso e do mérito. Deve haver o interesse em valorizar os estudantes e professores talentosos que se esforçam por atingira excelência. Valorizar o conhecimento e as competências das pessoas é uma forma de os incentivar a trabalhar cada vez mais em prol do desenvolvimento da nossa sociedade e da Humanidade.

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