quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015

Governo de Hong Kong justifica baixo crescimento económico com protestos pró-democracia




Hong Kong, China, 25 fev (Lusa) -- O Governo de Hong Kong justificou hoje o crescimento económico aquém do esperado com os protestos pró-democracia no final do ano passado e disse que a "contestação política prolongada" poderá prejudicar a confiança dos investidores.

A taxa de crescimento foi em 2014 de 2,3%, contra os 2,9% registados em 2013, e abaixo da meta de 3% a 4% estimada pelo Governo.

Ao anunciar o orçamento da Região Administrativa Especial chinesa para o exercício fiscal a iniciar em abril, o secretário para as Finanças, John Tsang, disse que as empresas de Hong Kong sofreram com as manifestações que paralisaram várias zonas da cidade no último trimestre do ano passado.

John Tsang disse que a contestação política "é prejudicial à administração pública e à imagem internacional de Hong Kong como cidade estável, eficiente e cumpridora da lei".
"Pode até diminuir a confiança dos investidores em Hong Kong. Este prejuízo autoinfligido não serve os interesses da cidade", continuou.

Segundo Tsang, "o movimento Occupy afetou o turismo, a hotelaria, restauração, o retalho e os transportes".

Nesse sentido, anunciou medidas extraordinárias de apoio a esses setores como a isenção do pagamento de licenças para os restaurantes, hotéis e agências de viagens, e a dispensa de taxas administrativas para os táxis e autocarros.

A China aceitou o princípio do sufrágio universal para a eleição em 2017 do próximo chefe do executivo de Hong Kong pela primeira vez na história. Mas os dois ou três candidatos só poderão apresentar-se a votos depois de receberem o aval de um comité eleitoral, o que para os pró-democratas significa a eleição de um candidato leal a Pequim.

A decisão de Pequim provocou 79 dias de bloqueio de ruas em algumas áreas de Hong Kong por manifestantes pró-democracia. A ocupação das ruas acabou em meados de dezembro com a remoção das barricadas pela polícia.

O menor crescimento económico de Hong Kong foi ainda explicado em parte pela recessão japonesa e morosidade da zona euro, acrescentou Tsang.

Este é o terceiro ano consecutivo que o crescimento económico é inferior à média anual de 3,9% registados em Hong Kong nos dez anos anteriores.

O mesmo responsável estimou que os próximos meses serão difíceis, com um crescimento anual previsto entre 1% e 3%, em particular devido ao aumento esperado das taxas de juros nos Estados Unidos, à volatilidade do preço do petróleo e ao clima de incerteza na União Europeia.

Para estimular a economia e fazer face às desigualdades sociais, o governo anunciou medidas como a redução dos impostos sobre os salários, apoios para famílias com menores rendimentos pagarem as rendas na habitação pública, o aumento do abono de família, e mais dinheiro para os idosos.

FV // JPS

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