domingo, 22 de fevereiro de 2015

Moçambique. SITUAÇÃO TENDE A NORMALIZAR APESAR DA FASE CRÍTICA PREVALECER



Notícias (mz), editorial

A população da zona norte e do país inteiro já pode respirar de alívio, volvido cerca de um mês e meio após as cheias diluvianas que num mesmo dia, 12 de Fevereiro, destruíram um pouco de tudo, incluindo duas importantes e vitais infra-estruturas de desenvolvimento. Estamos a falar das torres de transporte de energia eléctrica da linha centro-norte e também da interrupção da Estrada Nacional Número Um, que registou vários cortes no distrito de Mocuba, província da Zambézia.

Pelas contas da Electricidade de Moçambique, 350 mil consumidores ficaram de imediato privados de energia eléctrica e há também incontáveis prejuízos decorrentes do corte da estrada, o principal elo do fluxo de pessoas e bens e do escoamento da produção para as áreas de maior consumo situadas no sul.

Esta terça-feira foi finalmente reaberto o tráfego rodoviário na zona de Mocuba, poucos dias depois de ter sido concluída a linha alternativa de transporte de energia, o que veio pôr fim a um sofrimento que durava há já longos 35 dias.

Não fosse o empenho, dedicação e sentido de dever de gente anónima e a direcção incansável dos quadros da EDM e da ANE o sofrimento das centenas de milhares de pessoas podia ser prolongado e multiplicar-se-iam os prejuízos para a economia do país.

Vale, por isso, o reconhecimento ao esforço, empenho e dedicação empreendido quer pela Electricidade de Moçambique assim como pela Administração Nacional de Estradas, que desde a primeira hora, sem olhar a horários e mesmo debaixo da chuva permaneceram no terreno a trabalhar para que a energia e a N1 voltassem rapidamente ao serviço do desenvolvimento do país.

Para trás ficam na memória batalhas travadas dia e noite para a reposição destas duas infra-estruturas, que são uma lição que vale a pena congratular e enaltecer e que chama à atenção para a necessidade de novas abordagens na forma de lidar e conviver com eventos extremos.

Estes gestos deixam a esperança de que a circulação de pessoas e bens e a economia, dum modo geral, voltam a ganhar dinâmica.

Porque ainda se está perante a fase crítica da época chuvosa, fica visto que ainda não é tempo para relaxar, exigindo-se, por isso, o redobrar de esforços para que não surjam novos focos de preocupação.

Ademais, o país está perante uma situação difícil de administrar, porque derivada das mudanças climáticas e o exemplo da situação vivida em Mocuba chama à atenção para a urgência de medidas estruturais à altura dos novos cenários climáticos.

Estas medidas devem ser pensadas com a urgência necessária e serem postas em prática com a brevidade requerida para que o país não viva ciclicamente sobre a ameaça de novas interrupções de infra-estruturas vitais que marcam o dia-a-dia dos moçambicanos.

Estamos a falar da tomada de medidas enérgicas suficientes para encarar os problemas e de soluções duradouras para mitigar o contínuo risco de perda de vidas humanas e dos elevados prejuízos para a economia.

Com isso reforça-se ainda mais a importância de se promover, o quanto antes e segundo níveis distintos de prioridade, estudos para a concepção das necessárias medidas visando reduzir a vulnerabilidade das infra-estruturas aos eventos extremos.

É de congratular o facto de estarem em curso no terreno iniciativas que visam capacitar o país para lidar melhor com esta realidade, ao se equacionar, a título de exemplo, uma segunda linha, de redundância, para o abastecimento de energia eléctrica ou mesmo a reconstrução, com maior qualidade, das infra-estruturas de estrada destruídas, de maneira a dar uma resposta duradoura à crise e a evitar danos futuros.

A ocorrência cada vez mais frequente de eventos extremos e de seus potenciais efeitos negativos à sociedade e ao meio ambiente sugerem também a importância da preparação das comunidades para enfrentar as consequências agora já consideradas inevitáveis e uma série de medidas públicas e privadas de modo a mitigar o seu impacto.

Por tudo isto, seria estimulante e gratificante se no futuro e mesmo perante as mudanças climáticas pudéssemos caminhar para um país com equipamentos e infra-estruturas robustas e de melhor protecção.

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