Díli,
11 mar (Lusa) - O procurador-geral timorense, José Ximenes, disse hoje à Lusa
que Tiago Guerra, um cidadão português detido preventivamente desde outubro em
Díli, é suspeito do crime de branqueamento de capitais.
"É
suspeito do crime de branqueamento de capitais. Estamos a investigar a origem
dos crimes", disse José Ximenes, à margem da cerimónia de tomada de posse
do diretor-geral e da diretora nacional de Finanças e Orçamento da
Procuradoria-Geral.
José
Ximenes explicou que, "no caso do arguido Guerra", estão em causa
"factos que aconteceram em vários países".
Por
isso, e escusando-se a revelar pormenores adicionais sobre o caso, explicou que
já foram enviadas cartas rogatórias com pedidos de informação para Portugal e
para Macau.
"Mandámos
as cartas rogatórias para saber algumas informações adicionais", afirmou,
sem precisar quando será formulada a acusação contra o cidadão português.
O
procurador-geral falava à Lusa depois de a família de Tiago Guerra ter iniciado
nas redes sociais uma campanha de sensibilização para o caso, na qual pede
também que sejam enviadas cartas às autoridades timorenses.
Tiago
Guerra foi detido em Díli, juntamente com a mulher, no passado dia 18 de
outubro. Está atualmente em prisão preventiva na cadeia de Becora, em Díli, e a
mulher, Fonf Fong Chan, está com Termo de Identidade e Residência (TIR),
impossibilitada de sair de Timor-Leste.
Inês
Lau, irmã de Tiago Guerra e atualmente a residir no Brasil, é um dos familiares
envolvidos na campanha, tendo já enviado uma carta ao primeiro-ministro
timorense, Rui Araújo, com conhecimento para o chefe de Estado timorense, Taur
Matan Ruak, o chefe do Governo português, Pedro Passos Coelho, e para o
secretário de Estado das Comunidades Portuguesas, José Cesário.
Na
carta, a que a Lusa teve acesso, Inês Lau manifesta preocupação pela detenção
do seu irmão sem que, até ao momento, tenha sido feita qualquer acusação.
"Até
à presente data, o Tiago continua detido em prisão preventiva em Bécora e a sua
mulher está com um Termo de Identidade e Residência, impossibilitada de se
ausentar do país", escreveu.
"Sabendo
que o Tiago, ao fim de cinco meses de detenção, ainda não foi formalmente
acusado, nem tão pouco diretamente responsabilizado por qualquer crime por ele
cometido, venho manifestar junto de Vossa Excelência a minha profunda
preocupação pela situação do Tiago, agravada pelas insuficiências do sistema
judicial de Timor-Leste", reforça.
A
irmã de Tiago Guerra apela à "intervenção pessoal" do chefe do
Governo timorense para "a breve resolução desta lamentável situação".
Inês
Lau denuncia as condições da prisão onde se encontra o irmão, referindo que
este está a partilhar uma cela com outros presos, "em débeis condições de
higiene (sem água canalizada, cama ou sequer um colchão)".
ASP
// ARA
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