Bom dia.
Quase sem
preâmbulos servimos o Expresso Curto preparado por Mafalda Anjos, da E, a
revista Expresso do tio Balsemão, um exemplo de longevidade. Assim como as
pilhas Duracel. Fique por cá mais e veja se ultrapassa o Manuel Oliveira. Não
seja é tão exigente como o Manel – é que ele conseguia (consegue?) causar
esgotamentos e úlceras aos elementos das equipas de produção e de filmagens que
era um fartote. Exigente mas também complicado. Mas ele dura, dura… Ainda bem. Vamos
ao Expresso Curto. A começar com a amargura de prisão de alguém no caso BES. Pois
é. Vê-se mesmo que a Mafalda anda a sonhar e não está em pleno a perceber a
realidade do país. Como pode alguém ir preso se há muitos mais enleados na
trama BES? Até o PR deu gás aos investidores dizendo que confiava… Mas o Cavaco
diz que não referiu o BES. Mentiu. Ora vê, Mafalda, o país em que estamos? Para
limpar o país muitos tinham de cumprir penas pesadas e isso não convém aos que
até ocuparam e ocupam lugares cimeiros na sociedade dos mafiosos da política, da banca e do
grande capital. Pergunte ao tio Balsemão se não é assim. Aquele jogo tem
regras. A principal é manter a impunidade. Nem dá sonhar com uma Justiça descomprometida. Isso não existe em Portugal. Se existisse, expressamente, seriam quase todos presos! (PG)
Bom
dia, este é o seu Expresso Curto
Mafalada
Anjos, editora da E
E
se, para variar, alguém fosse preso?
À
justiça o que é da justiça. Depois de digeridas as 45 assombrosas páginas da
auditoria forense do Banco de Portugal sobre o caso BES,carregadinhas de
ilícitos criminais, a dúvida que a todos assalta e que tem eco no Expresso Diário de ontem através de fonte da direcção
parlamentar do PSD, é apenas uma: como é que os administradores do BES com
responsabilidades no caso ainda estão em liberdade? A bola está agora do
lado do Ministério Público, que está a investigar, mas o que se espera é que o caso
acabe, para variar, com condenações exemplares e penas de prisão. A lista
de alegados crimes é longa: atos dolosos de gestão ruinosa, fraude, burla,
manipulação de contas, falsificação de documentos. Helena Garrido escreve no
editorial do Jornal de Negócios que “o BES era uma espécie de jogo de Ponzi,
de Dona Branca do século XXI, um castelo de cartas”. Como Henrique Raposo colocou, ou “Ricardo Salgado cometeu
crimes, ou coitadinho, não sabe contar pelos dedos da mão apesar de saber
termos como ring fencing ou escrow account”. Embora todos sejam inocentes até
prova e contrário, “é preciso cair no caldeirão da presunção de inocência em
criança para acreditar em tantos acasos”, escreveu Pedro Santos Guerreiro.
Salgado, que veio agora em comunicado pedir o contraditório, na verdade não colaborou quando teve oportunidade.
Resta ainda saber que tipo de responsabilidades virão ainda a ser assacadas à crédula entidade de supervisão bancária, driblada como um menino de fraldas neste jogo da alta finança.
OUTRAS
NOTÍCIAS
Quão
distraído pode ser um primeiro-ministro? Pelos visto, muito.“Atrasei-me por
distracção e por falta de dinheiro”, diz Pedro Passos Coelho em declarações ao
“Sol” de hoje. Nos últimos dias, o país ficou a saber que o chefe do governo é,
além de um “cidadão imperfeito”, também absorto e com falta de memória. “Não
guardo memória dos números de processo nem de valores, já que nunca vi
interesse em conservar papéis anos a fio, de situações que ficaram
regularizadas”, afirma. Numa democracia, merecemos os políticos que elegemos,
mesmo os que comem muito queijo.
Hoje
vai valer a pena acompanhar no Parlamento o debate sobre acriminalização do
enriquecimento ilícito, ou injustificado, como agora preferem chamar-lhe.
O assunto regressa à Assembleia, depois de vetado em 2012 pelo Tribunal
Constitucional. De um lado o combate à corrupção, de outro a presunção da
inocência. O tema desperta ódios e paixões: forma fácil de combater a
incompetência da nossa polícia de investigação atiram uns, única maneira de
conseguir apanhar certo tipo de fortunas conquistadas ilegalmente alegam
outros. Não há soluções perfeitas, apenas formas melhores ou piores de
conciliar valores em confronto.
Mudando
de tema, foram divulgados ontem dados sobre asmulheres no mercado de trabalho.
A situação continua longe de aceitável. Na União Europeia, as mulheres ganham
menos 16% do que os homens. Dois em cada três quadros são do sexo masculino, e
dois em cada três empregados de escritório são do sexo feminino. Um lapso que,
a manter-se este ritmo, só desaparecerá dentro de 70 anos. Em Portugal, a diferença
salarial está nos 13%, mas tem-se agravado nos últimos cinco anos (em 2008 era
de 9,3%). Se por cá são as mulheres que melhor resistem ao desemprego em tempos
de crise, elas estão dispostas a trabalhar mais por menos. O governo anunciou
ontem que quer 30% de mulheres na gestão das empresas cotadas até
2018. Coincidência, ou talvez não, é a primeira vez este Expresso Curto é
servido por mãos femininas.
Na
novela da OPA ao BPI, a administração chumba a oferta do Caixabank e diz que o preço da
oferta devia ser 70% superior. Fica assim mais próxima uma solução de fusão da
instituição liderada por Ulrich e o BCP.
Para
terminar, outro tipo de noticiário: Harrison Ford sofreu umacidente de avião e ficou ferido com gravidade, mas
está fora de perigo. Esperam-se hordas de fãs desoladas em frente ao hospital.
Desoladas
vão ficar também as fãs de Cristiano Ronaldo com o "pé de chumbo" que ostenta num anúncio em
que aparece a dançar... muito mal. Pode ser uma estrela, mas certamente
não da pista de dança.
FRASES
“Não
é pelo facto de existir uma parceria estratégica que eu tenho, desculpem-me a
expressão, de engolir o que me oferecem.” Luís Pacheco de Melo,
ex-administrador financeiro da PT, ouvido ontem na comissão de inquérito, não
poupou ninguém. Disse que que muitas vezes discordou do que lhe era pedido, e
garantiu que a decisão de investir na Rio Forte foi de Henrique Granadeiro.
“Deus
o ajude. Deus ajude Portugal", disse Stuart Holland, que assinou
com Varoufakis a modesta proposta para Resolver a Crise do Euro,
criticando a postura de Passos Coelho e do governo português no debate das
medidas de apoio à Grécia.
“Somos
todos digitais, somos todos vulneráveis e tudo é um instante – tão instantâneo.
Sucesso instantâneo e falhanço instantâneo. Descoberta instantânea, destruição
instantânea e construção instantânea. É tão esplêndido e maravilhoso como
é devastador.” Madonna, falando a propósito do lançamento do seu novo
álbum, “Rebel Heart”.
O
QUE DIZEM OS NÚMEROS
1000.000.000
dólares
A
avaliação de mercado astronómica da Farfetch está a deixar alguns analistas de cabelos em
pé, que alegam que é mais um exemplo de que a bolha nas empresas
tecnológicas é uma realidade. O site de moda especializado em luxo, número
dois do mundo, foi fundado pelo português José Neves e tem sede em
Matosinhos e Guimarães. A empresa facturou quase 300 milhões de euros e foi
agora avaliada em mil milhões de dólares na última ronda de financiamento. O déjà
vu de uma irracionalidade em torno das dotcoms, que fez manchete no Financial
Times de ontem, é também assunto em destaque na Quartz, que alega que esta bolha é ainda maior do que a
anterior. Assustador…
O
QUE EU ANDO A LER
Uma
gigante armadilha. É assim que a Time coloca esta semana na sua capa a
questão da entrada dos Estados Unidos na luta contra o Estado Islâmico ou
Daesh, na nomenclatura que preferimos no Expresso. Vale a pena ler o
trabalho da revista, que sublinha que enquanto o grupo radical estagnou no
campo de batalha, tem vindo a ganhar uma inquietante influência no terreno
fértil da internet e redes sociais. Os números divulgados são impressionantes:
-
200.000 tweets diários de apoiantes e membros do Daesh
-
45.000 contas de Twitter associadas a apoiantes no outono de 2014
-
100 contas de Twitter que apenas um apoiante viu suspensas
A
este propósito, não deixe ainda de ler o texto de análise da Atlantic que
explica porque é tão difícil de parar a propaganda do Daesh, verdadeiramente
eficiente. Recorda a publicação que já em 2005 o número dois da al Qaeda Ayman
al-Zawahiri tinha dito que “metade da guerra tem lugar no campo de
batalha dos media”.
E
para algo completamente diferente – há que distrair a cabeça da desolação do
noticiário político e económico –, sugiro a leitura do tema de capa da
Wired de Março. A revista que tão bem apanha as tendências das novas
tecnologias (mas com um nome ironicamente tão “old school” num mundo em que
tudo é wireless) debruça-se sobre o tema quente do sexo na era digital.
Por mais visceral ou fugaz que seja, no seu âmago o sexo é conexão. E hoje
vivemos na era mais conectada da história. Fazê-lo é diferente hoje, e a
tecnologia faz uma enorme parte da equação em várias etapas do processo. A revista
explica tudo aqui, mas eu não dispenso o toque: não há como as 40
páginas que o tema merece na versão em papel.
A
propósito de relações, já viu o vídeo que se tornou viral nas redes
sociais? Espreite, o amor é lindo e diversificado.
Por
fim, uma sugestão que ainda não li, mas que quero muito ver: está nas bancas a
primeira capa de revista em HD. É o print a tornar-se digital. Esta edição
limitada da AnOther, que traz a Rihanna na capa, custa 125 euros mas já
está esgotada.
Amanhã,
como sempre, há Expresso semanal numa banca perto de si. Numa altura em que
tanto se fala por cá de “cidadania imperfeita” e “miséria moral”, recomendo o
tema de capa da revista E, com umabelíssima entrevista a José Mujica, o
presidente do Uruguai que deixou o cargo na semana passada e que ganhou o
epíteto do político mais honesto do mundo. Continuou a viver numa casa de 45
metros quadrados com teto de zinco e dispensou seguranças e os luxos do poder.
É pôr os olhos neste senhor.
Desejo-lhe
um bom dia e um bom fim de semana, cá o esperamos novamente na segunda-feira
com a actualidade que interessa servida pela fresca por Pedro Candeias num mail
com cheirinho a café.
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