segunda-feira, 27 de abril de 2015

Angola. Mãos Livres ameaça com investigação internacional aos confrontos no Huambo




ONG dá ultimato ao governo para permitir acesso ao local e a testemunhas ou pedirá intervenção da ONU e da União Africana

Voz da América

A Associação Mãos Livres  disse hoje que caso as autoridades angolanas não garantam o seu acesso ao local e a testemunhas dos confrontos de 16 de Abril no Huambo irá pedir uma investigação internacional.

A associação dirigiu uma carta ao Procurador-Geral da República(PGR) a  protestar contra o facto de a polícia  continuar a não permitir que “se tenha acesso ao local dos factos, nem que se faça o levantamento de forma independente, ao número de mortos civis e a sua identidade”.

“Os órgãos de Investigação Criminal não permitem qualquer contacto com os presos e se recusam a dizer onde se encontra Kalupeteca e as condições de detenção em que se encontra”, denunicou a organização, acrescentando que a procuradoria no Huambo “não se predispõe a receber os membros da Associação Mãos Livres, nem os advogados que se pretendem garantir a defesa dos presos”.

“Por tudo quanto ficou exposto, é de se protestar o comportamento das autoridades locais, incluindo da PGR, ao impedir o livre acesso aos locais em que ocorreram os factos e de limitação aos arguidos ao acesso a um defensor, que não seja um funcionário público”, escreve a organização que solicita ao procurador “medidas urgentes com vista a garantir que a associação Mãos Livres possa, sem qualquer limitação ou coacção, exercer a sua actividade de investigação e defesa no caso”.

Numa nota enviada à VOA, a associação diz que se não receber resposta até á próxima sexta-feira,1 de Maio, “fará a recolha de subscrição de assinaturas em todo o país para exigir de quem de direito, as Nações Unidas e a Comissão Africana dos Direitos do Homem e dos Povos, se faça presente com uma comissão internacional de peritos para uma investigação independente e imparcial do ocorrido no Huambo”.

Tensão e medo no Huambo

Governo mantém o número de 13 civis mortos e Unita diz que o total é superior a mil.

Manuel José

Onze dias depois dos confrontos entre as autoridades e fiéis da seita A Luz do Mundo as autoridades angolanas continuam a vedar o local onde ocorreu o incidente.

Há um clima de medo entre as pessoas que receiam ser acusadas de pertencer à seita e a recusa das autoridades em permitir o acesso ao local dos confrontos contribui para que haja versóes díspares sobre o número de vítimas.

Uma delegação parlamentar da Unita foi impedida de ir ao local e jornalistas, incluindo um correspondente da VOA,  foram também proibidos de ali entrarem.

O líder da Casa-CE Abel Chivukuvuku diz que vai tentar ir ao local amanhã e à prisão onde alegadamente está detido o líder da seita José Julino Kalupeteka.

Por sua vez, a organização Mãos livres disse que os seus investigadores estão agora a ser impedidos de manter contactos com testemunhas oculares. As autoridades recusam-se também a receber representantes da organização que já pediu uma investigação independente.

A Unita garante que o número de mortos é superior a mil , o que é desmentido pelo Governo.

"Os testemunhos apontam para mais de mil civis mortos,” disse o líder da bancada parlamentar da Unita Raúl Danda que disse ser obviamente falso o número de 13 mortos entre os civis referido pelo Governo.

Mas o governador do Huambo, Kundy  Pahiyama  é peremptório em afirmar que esse é o número correcto.

"A informação que tenho e foi o que se comprovou no terreno é que foram encontrados 13 mortos, o numero é 13 é o que se sabe é o que se viu, é o que existe", garantiu.

Danda disse que fica claro que o Governo está a mentir por não permitir acesso ao local e ao líder da seita.

"Nós não sabemos se Kalupeteka está vivo ou morto, se está bem de saúde ou não, o procurador provincial garantiu que está vivo e detido aqui no Huambo, mas não nos deixou ver,  por quê? Entao é porque alguma coisa existe", concluiu.

No Huambo há ainda um clima de tensão e as pessoas têm medo de serem relacionadas com a seita de Kalupeteka porque, segundo as nossas fontes, tem havido perseguição da polícia e das Forcas Armadas aos fiéis de A Luz do Mundo.

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